Domingo da 32ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Início da Homilia de um Autor do século segundo
(Cap. 1,1-2,7: Funk 1,145-149)
Cristo quis salvar o que estava perdido
Irmãos,
temos de pensar que Jesus Cristo é Deus, juiz dos vivos e dos mortos; e
não nos convém ter em pouca monta nossa salvação. Se não lhe dermos
importância, também julgaremos ser pouca coisa o que esperamos receber.
Aqueles que escutam isto como ninharias, pecam, e nós pecamos, ignorando
por que e por quem fomos chamados e para que lugar; e o quanto Jesus
Cristo quis padecer por nós.
Que lhe
daremos então por paga ou que fruto digno daquele que a si mesmo se deu a
nós? Quantos benefícios lhe devemos? Concedeu-nos a luz, qual Pai, nos
chamou seus filhos; mortos, salvou-nos. Portanto, que louvor lhe daremos
ou remuneração em troca do que recebemos? Nós, fracos de espírito,
adoradores de pedras e de madeiras, de ouro, prata e bronze, obras de
homens; e nossa vida toda não passava de morte. Envoltos em trevas, com
os olhos cheios deste negrume, recuperamos a visão, desfazendo por sua
vontade a névoa que nos cobria.
Compadecido
e comovido até as entranhas, salvou-nos por ver em nós tanto erro e
morte, sem termos nenhuma esperança de salvação, exceto aquela que ele
nos traz. Chamou-nos, a nós que não existíamos, e quis criar-nos do
nada.
Alegra-te,
estéril, que não és mãe; salta e clama, tu que não dás à luz; porque
são mais numerosos os filhos da abandonada que daquela que tem marido (cf. Is 54,1). Ao dizer: Alegra-te, estéril, que não és mãe, é a nós que indica: pois estéril era nossa Igreja, antes que filhos lhe fossem dados. E dizendo: Clama, tu que não dás à luz, entende-se: Clamemos sempre a Deus, sem nos cansar, à semelhança das que dão à luz. E com as palavras: Porque são mais numerosos os filhos da abandonada que daquela que tem marido,
diz que nosso povo parecia abandonado e privado de Deus. Agora, porém,
desde que temos a fé, somos muito mais numerosos do que aqueles que se
julgavam possuir a Deus.
Em outro lugar diz a Escritura: Não vim chamar os justos, mas os pecadores
(Mt 9,13). Diz que lhe era preciso salvar os que pereciam. Grande e
admirável coisa é firmar não aquilo que está de pé, mas o que cai. Assim
Cristo quis salvar o que perecia e a muitos salvou com sua vinda,
chamando-nos a nós que já perecíamos.
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