sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

SÃO PAULO MIKI E SEUS COMPANHEIROS, MÁRTIRES

 

São Paulo Miki e seus companheiros, mártires

 

Memória Obrigatória

Paulo nasceu no Japão, entre os anos de 1564 e 1566. Ingressou na Companhia de Jesus e pregou, com muito fruto, o Evangelho entre os seus compatriotas. Tendo se tornado mais violenta a perseguição contra os católicos, foi preso com vinte e cinco companheiros. Depois de muito maltratados, foram levados a Nagasáki, onde os crucificaram a 5 de fevereiro de 1597.


Segunda leitura

 Da História do martírio dos santos Paulo Miki e seus companheiros, escrita por um autor do tempo

 (Cap.14,109-110:Acta Sanctorum Febr. 1, 769)

 (Séc. XVI)

Sereis minhas testemunhas

Quando as cruzes foram levantadas, foi coisa admirável ver a constância de todos, à qual eram exortados pelo Padre Passos e pelo Padre Rodrigues. O Padre Comissário permaneceu sempre de pé, sem se mexer e com os olhos fixos no céu. O Irmão Martinho cantava salmos de ação de graças à bondade divina, aos quais acrescentava o versículo: Em vossas mãos, Senhor (Sl 30,6). Também o Irmão Francisco Blanco dava graças a Deus com voz clara. O Irmão Gonçalo recitava em voz alta o Pai-nosso e a Ave-Maria.

 O nosso Irmão Paulo Miki, vendo-se colocado diante de todos no mais honroso púlpito que nunca tivera, começou por declarar aos presentes que era japonês e pertencia à Companhia de Jesus, que ia morrer por haver anunciado o Evangelho e que dava graças a Deus por lhe conceder tão imenso benefício. E por fim disse estas palavras: “Agora que cheguei a este momento de minha vida, nenhum de vós duvidará que eu queira esconder a verdade. Declaro-vos, portanto, que não há outro caminho para a salvação fora daquele seguido pelos cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar os inimigos e os que me ofenderam, de todo o coração perdôo o Imperador e os responsáveis pela minha morte, e lhes peço que recebam o batismo cristão.

 Em seguida, voltando os olhos para os companheiros, começou a encorajá-los neste momento extremo. No rosto de todos transparecia uma grande alegria, mas era no de Luís que isto se percebia de modo mais nítido. Quando um cristão gritou que em breve estaria no paraíso, ele fez com as mãos e o corpo um gesto tão cheio de contentamento que os olhares dos presentes se fixaram nele.

Antônio estava ao lado de Luís, com os olhos voltados para o céu. Depois de invocar os santíssimos nomes de Jesus e de Maria, entoou o salmo Louvai, louvai, ó servos do Senhor (Sl 112,1), que tinha aprendido na escola de catequese em Nagasáki; de fato, durante o catecismo, costumavam ensinar alguns salmos às crianças.

 Alguns repetiam com o rosto sereno: “Jesus, Maria”; outros exortavam os presentes a levarem uma vida digna de cristãos; e por estas e outras ações semelhantes demonstravam estar prontos para a morte.

 Finalmente os quatro carrascos começaram a tirar as espadas daquelas bainhas que os japoneses costumam usar. Vendo cena tão horrível, os fiéis gritavam: “Jesus! Maria!” Seguiram-se lamentos tão sentidos de tocar os próprios céus. Ferindo-os com um primeiro e um segundo golpe, em pouco tempo os carrascos mataram a todos.




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

SANTA ÁGUEDA, VIRGEM E MÁRTIR

 

Santa Águeda, virgem e mártir.

 

Memória Obrigatória


Foi martirizada em Catânia, na Sicília, provavelmente na perseguição de Décio. O seu culto propagou-sedesde a Antigüidade por toda a Igreja e seu nome foi incluído no Cânon romano.


Segunda leitura

Do Sermão na festa de Santa Águeda, de São Metódio da Sicília, bispo

 (Analecta Bollandiana,68,76-78)
 (Séc. IX)

 Dom que nos foi concedido por Deus,
verdadeira fonte da bondade

A comemoração do aniversário de Santa Águeda nos reúne a todos neste lugar, como se fôssemos um só. Bem conheceis, meus ouvintes, o combate glorioso desta mártir, uma das mais antigas e ao mesmo tempo tão recente que parece estar agora mesmo lutando e vencendo, através dos divinos milagres com os quais diariamente é coroada e ornada.

 A virgem Águeda nasceu do Verbo de Deus imortal e seu único Filho, que também padeceu a morte por nós. Com efeito, João, o teólogo, assim se exprime: A todos aqueles que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).  É uma virgem esta mulher que nos convidou para o sagrado banquete; é a mulher desposada com um único esposo, Cristo, para usar as mesmas expressões do apóstolo Paulo, ao falar da união conjugal. É uma virgem que pintava e enfeitava os olhos e os lábios com a luz da consciência e a cor do sangue do verdadeiro e divino Cordeiro; e que, pela meditação contínua, trazia sempre em seu íntimo a morte daquele que tanto amava. Deste modo, a mística veste de seu testemunho fala por si mesma a todas as gerações futuras, porque traz em si a marca indelével do sangue de Cristo e o tesouro inesgotável da sua eloquência virginal.

 Ela é uma imagem autêntica da bondade, porque, sendo de Deus, vem da parte de seu Esposo nos tornar participantes daqueles bens, dos quais seu nome traz o valor e o significado: Águeda (que quer dizer “boa”) é um dom que nos foi concedido por Deus, verdadeira fonte de bondade.

 Qual a causa suprema de toda a bondade, senão aquela que é o Sumo Bem? Por isso, quem encontrará algo mais que mereça, como Águeda, os nossos elogios e louvores?  Águeda, cuja bondade corresponde tão bem ao nome e à realidade! Águeda, que pelos feitos notáveis traz consigo um nome glorioso, e no próprio nome demonstra as ilustres ações que realizou! Águeda, que nos atrai com o nome, para que todos venham ao seu encontro, e com o exemplo nos ensina a corrermos sem demora para o verdadeiro bem, que é Deus somente!


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Santo Oscar, bispo

 

Santo Oscar, bispo

 

Memória Facultativa

 

Nasceu na França no princípio do século IX e foi educado no mosteiro de Córbia (Alemanha). Em 826 partiu para a Dinamarca a fim de pregar a fé cristã, não obtendo porém muito resultado; no entanto teve melhor êxito na Suécia. Foi eleito bispo de Hamburgo. O papa Gregório IV, depois de confirmar sua eleição, nomeou-o legado pontifício para a Dinamarca e a Suécia. Encontrou muitas dificuldades no seu ministério de evangelização, mas superou-as com grande fortaleza de ânimo. Morreu em 865.


Segunda leitura

Do Decreto Ad gentes sobre a ação missionária da Igreja, do Concílio Vaticano II

(N. 23-24)
(Séc. XX)

AÉ preciso proclamar com firmeza
o mistério de Cristo
Cada discípulo de Cristo tem a sua parte na tarefa de propagar a fé. Apesar disso, Cristo Senhor sempre chama dentre os discípulos aqueles que quer, para que estejam com ele, e os envia a evangelizar os povos.
Por isso, através do Espírito Santo, que distribui os carismas como quer para a utilidade comum, inspira a vocação missionária no coração de cada um e ao mesmo tempo suscita Institutos na Igreja, que assumam como missão própria a tarefa de evangelização, que pertence a toda a Igreja.
De fato, são marcados com especial vocação os sacerdotes, os religiosos e os leigos, autóctones ou estrangeiros, possuidores de boa índole e dotados de capacidade e inteligência, que se acham preparados para empreender o trabalho missionário. Enviados pela legítima autoridade, partem movidos pela fé e obediência, para junto daqueles que estão longe de Cristo, destinados para o trabalho a que foram escolhidos, como ministros do Evangelho, para que os pagãos se tornem uma oferenda bem aceita, santificada no Espírito Santo (Rm 15,16).
Quando Deus chama, o homem deve responder de tal modo que, sem transigir com a carne e o sangue, se entregue de corpo e alma à obra do Evangelho. Esta resposta, porém, não pode ser dada senão por impulso e virtude do Espírito Santo.
O enviado entra, portanto, na vida e na missão daquele que esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo (Fl 2,7). Por isso deve estar disposto a perseverar toda a vida na sua vocação, a renunciar a si próprio e a tudo o que até então considerara como seu, e a fazer-se tudo para todos.
Anunciando o Evangelho aos povos, torne conhecido, com toda firmeza, o mistério de Cristo, em cujo nome exerce sua delegação. Nele, ousará falar como convém e não se envergonhará do escândalo da cruz.
Seguindo as pegadas de seu Mestre, manso e humilde de coração, mostre que seu jugo é suave e o seu fardo é leve.
Mediante uma vida verdadeiramente evangélica, com muita paciência, longanimidade, suavidade, caridade sincera, dê testemunho de seu Senhor até à efusão do sangue, se for necessário.
Deus lhe dará a virtude e a fortaleza para conhecer a plenitude de felicidade que está contida na grande prova da tribulação e da mais completa pobreza.




SÃO BRÁS, BISPO E MÁRTIR

 São Brás, bispo e mártir

 

 Memória Facultativa



[Brás nasceu na Armênia, era médico, sacerdote e muito benevolente com os pobres e cristãos perseguidos. Foi nomeado bispo de Sebaste (Armênia) no século III. Perseguido pelos romanos, Brás abandonou o bispado e se protegeu na caverna de uma montanha isolada e mesmo assim, depois de descoberto e capturado, morreu em testemunho de sua fé sob as ordens do imperador Licínio, em 316.


São Brás foi um Pastor muito querido pelos fiéis de sua grei. Durante o seu cativeiro, na escuridão do calabouço, obteve de presente de algum de seus amigos um par de velas, com as quais recebia luz e calor. Por isso, aparece na sua representação iconográfica portando duas candelas.]


Segunda leitura

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo 

(Sermo Guelferbytanus 32, De ordinatione episcopi:
PLS, 2,639-640)
(Séc. V)

Sacrifica-te por minhas ovelhas
O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos (Mt 20,28). Eis como o Senhor se fez servo, eis como nos ensinou a servir. Deu a sua vida como resgate em favor de muitos: ele nos remiu.

Quem dentre nós tem condições para redimir alguém? Foi pelo sangue de Cristo que fomos redimidos, foi pela sua morte que fomos resgatados da morte; estávamos caídos, e, pela sua humildade, fomos reerguidos da nossa prostração. Mas devemos também contribuir com nossa pequena parte para ajudar os seus membros, pois nos tornamos membros dele: ele é a cabeça e nós somos o corpo.

Aliás, o apóstolo João nos exorta, em sua carta, a seguirmos o exemplo do Senhor que disse: Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor, pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos (Mt 20,27.28). O mencionado apóstolo nos exorta, por isso, a imitar o exemplo do Salvador com estas palavras: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16).

O próprio Senhor, falando depois da ressurreição, perguntou: Pedro, tu me amas? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Por três vezes o Senhor fez a mesma pergunta e por três vezes Pedro deu idêntica resposta. Em todas as três vezes, o Senhor acrescentou: Apascenta as minhas ovelhas (Jo 21,15s).

Como podes mostrar que me amas, a não ser apascentando as minhas ovelhas? O que podes me dar com teu amor, se recebes tudo de mim? Portanto, se tu me amas, eis o que tens de fazer: Apascenta as minhas ovelhas.

Uma vez, duas, três vezes: Tu me amas. Amo. Apascenta as minhas ovelhas. Três vezes o negara por medo. Então o Senhor logo lhe disse: Quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus (Jo 21,18-19). Anunciou-lhe sua cruz, predisse-lhe sua paixão. Prosseguindo, o Senhor lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Sacrifica-te por minhas ovelhas.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Festa da Apresentação do Senhor

 

Segunda leitura

Dos Sermões de São Sofrônio, bispo

(Orat. 3, de Hypapante,6.7: PG87,3,3291-3293)
(Séc.VII)

Recebamos a luz clara e eterna
Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do encontro do Senhor, corramos para ele cheios de entusiasmo. Ninguém deixe de participar deste encontro, ninguém recuse levar sua luz.

Acrescentamos também algo ao brilho das velas, para significar o esplendor divino daquele que se aproxima e ilumina todas as coisas; ele dissipa as trevas do mal com a sua luz eterna, e também manifesta o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro com Cristo.

Do mesmo modo que a Mãe de Deus e Virgem imaculada trouxe nos braços a verdadeira luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós: iluminados pelo seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, corramos pressurosos ao encontro daquele que é a verdadeira luz.

Realmente, a luz veio ao mundo (cf. Jo 1,9) e dispersou as sombras que o cobriam; o sol que nasce do alto nos visitou (cf. Lc 1,78) e iluminou os que jaziam nas trevas. É este o significado do mistério que hoje celebramos. Por isso caminhamos com lâmpadas nas mãos, por isso acorremos trazendo as luzes, não apenas simbolizando que a luz já brilhou para nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos virá no futuro. Por este motivo, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus. Chegou a verdadeira luz, que vindo ao mundo ilumina todo ser humano (Jo 1,9). Portanto, irmãos, deixemos que ela nos ilumine, que ela brilhe sobre todos nós.

Que ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar mergulhado na noite. Mas avancemos todos resplandecentes; iluminados por este fulgor, vamos todos ao seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara e eterna. Associemo-nos à sua alegria e cantemos com ele um hino de ação de graças ao Criador e Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do seu esplendor.

 A salvação de Deus, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos pertence, a nós que somos o novo Israel. Também fez com que víssemos, graças a ele, essa salvação e fôssemos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa. Assim aconteceu com Simeão que, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.

Também nós, abraçando pela fé a Cristo Jesus que nasceu em Belém, de pagãos que éramos, nos tornamos povo de Deus – Jesus é, com efeito, a salvação de Deus Pai – e vemos com nossos próprios olhos o Deus feito homem. E porque vimos a presença de Deus e a recebemos, por assim dizer, nos braços do nosso espírito, somos chamados de novo Israel. Todos os anos celebramos novamente esta festa, para nunca nos esquecermos daquele que um dia há de voltar.