sábado, 11 de julho de 2020

Sábado da 14ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

(Ps. 126, 2: CCL 40,1857-1858)
(Séc. V)

O Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro Salomão

Salomão edificou um templo ao Senhor, como tipo e figura da futura Igreja e do Corpo do Senhor. Assim é dito no evangelho: Destruí este templo e em três dias o reedificarei. Pois como Salomão tinha edificado o famoso templo, edificou para si um templo aquele que é o verdadeiro Salomão, nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro pacífico. Com efeito, o nome de Salomão significa "Pacífico". Ora, é o verdadeiro pacífico aquele de quem fala o Apóstolo: Ele é a nossa paz, aquele que fez dos dois um só povo. Este é o verdadeiro pacífico, que uniu em si as duas paredes, vindas de pontos diferentes. Fez-se pedra angular para o povo dos fiéis vindo dos judeus e do povo também de fiéis dos pagãos. Fez uma só Igreja dos dois povos, que o tinham por pedra angular e por isso é verdadeiramente pacífico.
Salomão, o filho de Davi e de Betsabéia, o rei de Israel, edificando o templo, era figura deste pacífico. Para que não julgues ser ele o Salomão que edificou uma casa para Deus, a Escritura, mostrando-te um outro Salomão, assim começa um salmo: Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam. Portanto o Senhor edifica a casa, o Senhor Jesus Cristo edifica sua casa. Trabalham muitos nesta construção; mas se não é ele quem edifica, em vão trabalham os que a constroem.
Quais são esses que trabalham na construção? Todos aqueles que na Igreja pregam a palavra de Deus, os ministros dos mistérios de Deus. Todos corremos, todos trabalhamos, todos construímos agora. Antes de nós, todos os outros correram, trabalharam, construíram. No entanto, se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a constroem. Por isso, vendo alguns destruí-la, os apóstolos, e Paulo em particular, dizem: Guardais os dias, anos e meses e os tempos; receio ter trabalhado em vão entre vós. Por saber que ele mesmo era edificado interiormente pelo Senhor, o Apóstolo Paulo lamentava estes porque trabalhara em vão entre eles. Com efeito, nós falamos de fora, mas ele edifica por dentro. Prestamos atenção ao modo como ouvis. Porém, o que pensais, só ele sabe, ele que vê os vossos pensamentos. Ele edifica, ele exorta, ele amedronta, ele abre a inteligência, ele une vosso espírito à fé. No entanto, nós trabalhamos, mas como operários.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Sexta-feira da 14ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa

(Nn. 50,1-51,3; 55,1-4: Funk 1,125-127.129)
(Séc. I)

Felizes de nós se cumprirmos
os preceitos do Senhor, na concórdia da caridade

Vede, diletos, quão grande e admirável é a caridade. A sua perfeição ultrapassa as palavras. Quem é capaz de possuí-la a não ser aquele que Deus quiser tornar digno? Oremos, portanto, e peçamos-lhe misericórdia para sermos encontrados na caridade, sem culpa nem qualquer inclinação meramente humana. Todas as gerações, desde Adão até hoje, já passaram. Aqueles, porém, que pela graça de Deus foram consumados na caridade, alcançam o lugar dos santos e serão manifestados na parusia do reino de Cristo. Está escrito: Entrai nos quartos por um momento até que passe minha cólera acesa; e lembrar-me-ei dos dias bons e vos erguerei de vossos sepulcros.
Felizes de nós, diletos, se cumprirmos os preceitos do Senhor na concórdia da caridade, para que pela caridade sejam perdoados nossos pecados. Pois está escrito: Felizes aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cobertos os pecados. Homem feliz, a quem o Senhor não acusa de pecado nem há engano em sua boca. Esta felicidade pertence aos eleitos de Deus, mediante Jesus Cristo, Nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
De tudo quanto faltamos e fizemos, seduzidos por alguns servos do adversário, peçamos-lhe perdão. Aqueles, porém, que se tornaram cabeças de sedição e discórdia, devem meditar sobre a comum esperança. Quem vive no temor de Deus e na caridade, prefere o próprio sofrimento ao do próximo, prefere suportar injúrias a desacreditar a harmonia, que bela e justamente nos vem da tradição. É de fato melhor confessar o seu pecado do que endurecer o coração.
Quem entre vós é o generoso, quem o misericordioso, quem o cheio de caridade? Que esse diga: "Se por minha causa surgiu esta sedição, esta discórdia e divisão, então eu me retiro, vou para onde quiserdes e farei o que o povo decidir; contanto que o rebanho de Cristo tenha a paz com os presbíteros estabelecidos". Quem assim agir, alcançará grande glória em Cristo e será recebido em todo lugar. Do Senhor é a terra, e tudo o que contém. Assim fazem e farão aqueles que vivem a vida divina, da qual nunca se têm de arrepender.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Quinta-feira da 14ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Do Comentário sobre o 
Salmo 118, de Santo Ambrósio, bispo

(Nn. 12, 13-14: CSEL 62,258-259)
(Séc. IV)

Santo é o templo de Deus, que sois vós

Eu e o Pai viremos e faremos nele nossa morada. Franqueia, então, a tua porta ao que vem, abre tua alma, alarga o íntimo de tua mente para veres as riquezas da simplicidade, os tesouros da paz, a doçura da graça. Dilata o coração e corre ao encontro do sol, da eterna luz, a que ilumina a todo homem. Esta luz verdadeira brilha para todos. Mas, se alguém fecha as janelas, priva-se da eterna luz. Assim também Cristo é repelido se fechas a porta de teu espírito. Embora possa entrar, não quer ser importuno, não quer entrar à força. Recusa-se a usar de coação!
Nascido da Virgem, ele saiu do seio, irradiando luz sobre o mundo inteiro, refulgindo para todos. Os que desejam, acolhem a claridade inextinguível que noite alguma interrompe. Pois à do sol que vemos diariamente, sucede a noite escura; mas o sol da justiça jamais se põe, porque à sabedoria não sucede a maldade.
Feliz aquele a cuja porta Cristo bate. Nossa porta é a fé, que, quando sólida, defende a casa toda. Por esta porta Cristo entra. Daí dizer a Igreja no Cântico: A voz de meu irmão bate à porta. Escuta o que bate, escuta o que deseja entrar: Abre para mim, minha irmã esposa, minha pomba, minha perfeita, porque tenho a cabeça coberta de orvalho e meus cabelos, das gotas da noite.
Observa que o Deus Verbo bate à porta principalmente quando sua cabeça está coberta de orvalho noturno. Digna-se visitar os atribulados e tentados, para que não sucumbam às amarguras. A cabeça cobre-se de orvalho e de gotas quando o corpo sofre. Importa, portanto, vigiar para não ficar excluído à chegada do Esposo. Se dormes e o teu coração não vigia, afasta-se antes de bater. Se o teu coração está vigilante, bate e pede ser-lhe aberta a porta.
Possuímos a porta de nossa alma, possuímos também portais sobre os quais se diz: Levantai, príncipes, vossos portais, erguei-vos, portas eternas, e entrará o Rei da glória. Se quiseres levantar os portais de tua fé, entrará em ti o Rei da glória, trazendo a vitória de sua paixão. Tem também portas a justiça. Delas lemos o que disse o Senhor Jesus por meio de seu profeta: Abri-me as portas da justiça.
Há quem tenha portas, há quem tenha portais. A essas portas Cristo bate, bate aos portais. Abre, então, para ele; quer entrar, quer encontrar vigilante a Esposa.