sábado, 23 de outubro de 2021

SÃO JOÃO DE CAPISTRANO, PRESBÍTERO

 Nasceu em Capistrano, nos Abruzos (Itália), no ano 1386. Estudou Direito em Perúgia e exerceu durante algum tempo a profissão de juiz. Entrou na Ordem dos Frades Menores e foi ordenado sacerdote. Desenvolveu uma incansável atividade apostólica em toda a Europa, trabalhando na reforma dos costumes entre os cristãos e na luta contra as heresias. Morreu em Vilach (Áustria) no ano 1456.

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Segunda leitura

Do Tratado do Espelho dos Clérigos, de São João de Capistrano, presbítero

(Pars I, Venetiae 1580,2)
(Séc. XV)

A vida do clero bom ilumina e serena 


Quem foi chamado à mesa do Senhor deve brilhar pelo exemplo de uma vida louvável e correta, longe de toda imundície dos vícios. Vivendo dignamente como sal da terra para si mesmos e para os outros; e como luz do mundo, brilhante de discernimento, iluminando a todos. Aprendam da excelsa doutrina de Cristo Jesus, que diz, não só aos apóstolos e discípulos, mas também a todos os seus sucessores, presbíteros e clérigos: Vós sois o sal da terra; se o sal perder o sabor, com que se salgará? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens (Mt 5,13).
É verdadeiramente pisado pelos homens, qual lodo vil, o clero imundo e sórdido, atolado na sujeira dos vícios e preso nas cadeias das ações criminosas, tido como imprestável tanto para si quanto para os outros. Gregório diz: “Sua vida é desprezível, resta ser rejeitada sua pregação”.
Os presbíteros que presidem bem serão considerados dignos de dupla honra, sobretudo os que trabalham pela palavra e pela doutrina (1Tm 5,17). De fato, os bons presbíteros exercem dupla dignidade, quer dizer, material e pessoal, ou temporal e espiritual, ou transitória junto com a eterna. Porque, embora por natureza habitem na terra sob o mesmo jugo das criaturas mortais, desejam ansiosamente conviver com os anjos nos céus, como aceitos pelo rei, servos inteligentes. Por esta razão, como o sol, que surge para o mundo nas alturas de Deus, assim brilhe a luz do clero diante dos homens para que, vendo suas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus (cf. Mt 5,16).
Vós sois a luz do mundo (Mt 5,14). A luz não se ilumina a si mesma, mas lança seus raios a tudo que a rodeia. Semelhante a ela, a vida luminosa dos bons e justos clérigos, com o fulgor da santidade, ilumina e serena os que a vêem. Por conseguinte, quem foi reservado para o cuidado dos outros, deve mostrar em si próprio de que modo devem eles viver na casa do Senhor.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

SÃO JOÃO PAULO II, PAPA

 Carlos José Wojtyła nasceu em 1920 em Wadowice, na Polônia. Ordenado sacerdote, continuou os seus estudos teológicos em Roma, depois dos quais regressou ao seu país onde exerceu diversos cargos pastorais e universitários. Foi nomeado bispo auxiliar de Cracóvia, e em 1964 Arcebispo do mesmo lugar. Tomou parte no Concílio Ecumênico Vaticano II. Eleito Papa a 16 de Outubro de 1978, com o nome de João Paulo II, distinguiu-se pela extraordinária solicitude apostólica, em particular para com as famílias, os jovens e os doentes, o que o levou a realizar numerosas visitas pastorais a todo o mundo. Entre os muitos frutos mais significativos deixados em herança à Igreja, destaca-se o seu riquíssimo Magistério e a promulgação do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canônico para a Igreja latina e oriental. Morreu piedosamente, em Roma, a 2 de Abril de 2005, na Vigilia do II Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia.

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Segunda leitura

Da homilia do santo João Paulo II, papa, no início do seu pontificado

(22 de Outubro de 1978: A.A.S. 70 [1978], pp. 945-947)
(Séc. XX)

Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo! 

Pedro veio para Roma! E o que foi que o guiou e o conduziu para esta Urbe, o coração do Império Romano, senão a obediência à inspiração recebida do Senhor? Talvez aquele pescador da Galileia nunca tivesse tido vontade de vir até aqui. Talvez tivesse preferido permanecer, lá onde estava, nas margens do lago da Galileia, com a sua barca e com as suas redes. Mas, guiado pelo Senhor e obediente à sua inspiração, chegou até aqui!
Segundo uma antiga tradição, durante a perseguição de Nero, Pedro teria tido vontade de deixar Roma. Mas o Senhor interveio: veio ao seu encontro. Pedro, dirigindo-se ao Senhor perguntou: "Quo vadis, Domine?” (Aonde vais, Senhor?). E o Senhor imediatamente lhe respondeu: "Vou para Roma, para ser crucificado pela segunda vez". Pedro voltou então para Roma e aí permaneceu até à sua crucifixão.
O nosso tempo convida-nos, impele-nos e obriga-nos a olhar para o Senhor e a imergir-nos numa humilde e devota meditação do mistério do supremo poder do mesmo Cristo.
Aquele que nasceu da Virgem Maria, o filho do carpinteiro – como se considerava –, o Filho de Deus vivo, como confessou Pedro, veio para fazer de todos nós “um reino de sacerdotes” .
O Concílio do Vaticano II recordou-nos o mistério deste poder e o fato de que a missão de Cristo – Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei – continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus participa desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo,  que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu "sagrado poder" que nela é exercido não é mais do que serviço; serviço que tem uma única finalidade: que todo o Povo de Deus participe desta tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nos poderes deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição.
O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade.
O novo Sucessor de Pedro na Sé de Roma eleva, neste dia, uma prece ardente, humilde e confiante: “Ó Cristo! Fazei com que eu possa tornar-me e ser sempre servidor do teu único poder! Servidor do teu suave poder! Servidor do teu poder que não conhece ocaso! Fazei com que eu possa ser um servo! Mais ainda: servo de todos os teus servos.”
Irmãos e Irmãs! Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder!
Ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira!
Não tenhais medo! Abri antes, ou melhor, escancarai as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem "o que está dentro do homem". Somente Ele o sabe!
Hoje em dia é frequente o homem não saber o que traz no interior de si mesmo, no mais íntimo da sua alma e do seu coração, Frequentemente não encontra o sentido da sua vida sobre a terra. Deixa-se invadir pela dúvida que se transforma em desespero. Permiti, pois – peço-vos e vo-lo imploro com humildade e com confiança – permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

SÃO PAULO DA CRUZ, PRESBÍTERO

 Nasceu em Ovada, na Ligúria (Itália), no ano 1694; durante a juventude ajudou a seu pai no comércio. Aspirando à vida de perfeição, renunciou a tudo e dedicou-se ao serviço dos pobres e dos enfermos e associou a si para o mesmo fim vários colaboradores. Ordenado sacerdote, trabalhou cada vez mais intensamente pela salvação das almas, estabelecendo casas da Congregação que tinha fundado (Passionistas), exercendo a atividade apostólica e mortificando-se com duras penitências. Morreu em Roma no dia 18 de outubro de 1775.

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Segunda leitura

Das Cartas de São Paulo da Cruz, presbítero

(Epist. 1,43; 2,440.825)
(Séc. XVIII)

Anunciamos Cristo crucificado 


Coisa excelente e muito santa é pensar e meditar sobre a Paixão do Senhor, pois por este caminho chegamos à união com Deus. Nesta escola tão santa aprende-se a verdadeira sabedoria. Foi aí que todos os santos a estudaram. Quando, pois, a cruz de nosso bom Jesus lançar raízes mais profundas em vosso coração, então cantareis: seja “Sofrer e não morrer”; seja “Ou sofrer ou morrer”, seja, ainda melhor, “Nem sofrer nem morrer, apenas a perfeita conversão à vontade de Deus”.
O amor é força de união e faz seus os tormentos do Bem muito amado. Este fogo vai até à medula, converte o que ama no amado. De modo mais profundo, o amor se mistura à dor, e a dor, ao amor. Há, então, uma mistura de amor e de dor tão estreita que não se pode separar o amor da dor, nem a dor, do amor. Por isto, quem ama se alegra com sua dor, e exulta em seu amor sofredor.
Sede, portanto, constantes na prática de todas as virtudes, imitando, de modo particular, o suave Jesus padecente, porque é isto o cume do puro amor. Procedei de modo que todos reconheçam que trazeis não só interior, mas ainda exteriormente, a imagem de Cristo crucificado, modelo de toda doçura e mansidão. Quem está interiormente unido ao Filho do Deus vivo, revela no exterior sua imagem pelo contínuo exercício da virtude heróica, principalmente pela paciência cheia de força que nem em segredo nem em público se queixa. Portanto, escondei-vos em Jesus crucificado, sem desejar coisa alguma a não ser que todos em tudo aceitem sua vontade.
Verdadeiros amigos do Crucificado, celebrareis sempre no templo interior a festa da cruz, suportando em silêncio, sem vos apoiar em criatura alguma. Uma festa deve ser celebrada na alegria; por isso os que amam o Crucificado irão à festa da cruz com rosto jovial e sereno, suportando calados, de forma que permaneça oculta aos homens, só conhecida pelo sumo Bem. Numa festa há sempre banquete; as iguarias são a vontade divina, a exemplo de nosso Amor crucificado.

SÃO JOÃO DE BRÉBEUF E SANTO ISAAC JOGUES, PRESBÍTEROS, E SEUS COMPANHEIROS, MÁRTIRES

 Entre os anos 1642 e 1649, oito membros da Companhia de Jesus (seis sacerdotes e dois irmãos coadjutores), que evangelizavam a parte setentrional da América, foram mortos, depois de terríveis tormentos, pelos indígenas hurões e iroqueses. Isaac Jogues foi martirizado no dia 18 de outubro de 1647; e João de Brébeuf no dia 16 de março de 1648.

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Segunda leitura

 Dos Escritos Espirituais de São João de Brébeuf, presbítero e mártir

(The Jesuit Relations and Allied Documents, The Burrow
Brothers Cº, Cleveland 1898,164.166
)

 (Séc. XVII)

Que eu morra somente por ti, Jesus, que te dignaste morrer por mim 


Por dois dias senti continuamente grande desejo de martírio e ambicionei suportar todos os tormentos que os mártires sofreram.
Senhor meu e Jesus, meu Salvador, como poderei retribuir-te por todos os benefícios que já me deste? Tomarei de tua mão o cálice de tuas dores e invocarei teu nome (cf. Sl 115,13). Prometo diante de teu eterno Pai e do Espírito Santo, diante de tua Mãe santíssima com seu castíssimo esposo, diante dos anjos, apóstolos e mártires, de meu santo pai Inácio e de São Francisco Xavier, sim prometo a ti, meu Salvador Jesus, que nunca deixarei, enquanto estiver em minhas mãos, de aceitar a graça do martírio se, a mim, teu mais indigno servo, tu ma ofereceres em tua infinita misericórdia.
Deste modo, obrigo-me a que, por todo o tempo que me resta de vida, não me seja lícito ou livre fugir da ocasião de morrer e de derramar o sangue por ti, a não ser que julgue convir melhor à tua glória nessa ocasião proceder de outra forma. Também me comprometo, no instante em que for dado o golpe mortal, a recebê-lo de tuas mãos com a maior alegria e gozo. Meu amável Jesus, por estar repleto de imenso júbilo, desde agora vos ofereço meu sangue, meu corpo, minha vida. Que eu não morra a não ser por ti, se me deres esta graça, pois tu aceitaste morrer por mim. Faze que eu viva de forma que me concedas o dom de morrer de modo tão feliz. Assim, meu Deus e meu Salvador, tomarei de tua mão o cálice de teus sofrimentos e invocarei teu nome: Jesus, Jesus, Jesus!
Meu Deus, como me entristeço por não seres conhecido, porque este país bárbaro ainda não se converteu todo a ti, porque o pecado ainda não foi extirpado daqui! Sim, meu Deus, se sobre mim se desencadearem todos os tormentos que devem nesta região suportar os cativos, com toda a ferocidade dos suplícios, de coração me abro a eles. Somente eu os padeça!

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

SÃO LUCAS, EVANGELISTA

 Festa


Nascido numa família pagã e convertido à fé, acompanhou o Apóstolo Paulo de cuja pregação é reflexo o Evangelho que escreveu. Transmitiu noutro livro, intitulado Atos dos Apóstolos, os primeiros passos da vida da Igreja até à primeira estadia de Paulo em Roma.
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Segunda leitura

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom. 17,1-3: PL 76,1139)
(Séc. VI)

O Senhor acompanha seus pregadores
Nosso Senhor e Salvador, caríssimos irmãos, ora por palavras, ora por fatos nos adverte. Com efeito, até mesmo suas ações são preceitos, porque, ao fazer alguma coisa em silêncio, dá-nos a conhecer aquilo que devemos realizar. Eis que envia dois a dois seus discípulos a pregar, já que são dois os preceitos da caridade, o amor de Deus e do próximo. O Senhor envia a pregar os discípulos dois a dois, indicando-nos com isso, sem palavras, que quem não tem caridade para com o próximo de modo algum deverá receber o ofício da pregação.

Muito bem se diz que os enviou diante de sua face a toda cidade e local aonde ele iria (Lc 10,1). O Senhor vai atrás de seus pregadores, porque a pregação vai à frente e depois chega o Senhor à morada de nosso espírito, quando as palavras de exortação o precedem e, por elas, o espírito acolhe a verdade. Por este motivo Isaías fala a esses pregadores: Preparai o caminho do Senhor, aplanai as veredas de nosso Deus (Is 40,3). E o Salmista: Abri caminho para aquele que sobe do ocaso (Sl 67,5 Vulg.). Sobe do ocaso o Senhor porque onde morreu na paixão, ali mesmo, ao ressurgir, manifestou sua maior glória. Sobe do ocaso, porque a morte que aceitou, ressurgindo, calcou-a aos pés. Portanto abrimos caminho ao que sobe do ocaso, quando nós vos pregamos sua glória para que, vindo ele próprio depois, vos ilumine com a presença de seu amor. Ouçamos o que ele diz quando envia pregadores: A messe é grande, são poucos os operários. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo (Mt 9,37-38). Para grande messe, poucos operários, coisa que não sem imensa tristeza podemos repetir; pois embora haja quem escute as palavras boas, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício.

Mas pensai, irmãos caríssimos, pensai no que foi dito: Rogai ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. Pedi vós por nós, para que possamos fazer coisas dignas de vós; que a língua não se entorpeça por não querer exortar; tendo recebido o encargo de pregar, não vá nosso silêncio condenar-nos diante do justo Juiz.

domingo, 17 de outubro de 2021

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA, BISPO E MÁRTIR

 Memória

Inácio foi o sucessor de Pedro no governo da Igreja de Antioquia. Condenado às feras, foi conduzido a Roma e aí, no tempo do imperador Trajano, recebeu a gloriosa coroa do martírio, no ano 107. Durante a viagem escreveu sete cartas a várias Igrejas, nas quais se refere, com profunda sabedoria e erudição, a Cristo, à organização da Igreja e aos princípios fundamentais da vida cristã. A sua memória era celebrada neste dia, já no século IV, em Antioquia.
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Segunda leitura

Da Carta aos romanos, de Santo Inácio, bispo e mártir

(Cap. 4,1-2; 6,1-8,3: Funk 1,217-223)
(Séc. I)

Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras 


Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que morro por Deus com alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus.

Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres são vantagens para mim. Mais me aproveita morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro-o, a ele que morreu por nós; quero-o, a ele que por nossa causa ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, eu, que tanto desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura; quando lá chegar, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo quais os meus impedimentos.

O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível.

Não quero mais viver segundo os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.