sábado, 2 de outubro de 2021

SANTOS ANJOS DA GUARDA

 Segunda leitura

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo 12 in psalmum Qui habitat, 3.6-8: Opera omnia,
Edit.Cisterc. 4[1966]458-462)
(Séc.XII)

Eles te guardem em todos os teus caminhos
A teu respeito ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos
 (Sl 90,11). Louvem o Senhor por sua misericórdia e suas maravilhas para com os filhos dos homens. Louvem e proclamem às nações que o Senhor agiu de modo magnífico a favor deles. Senhor, que é o homem para que assim o conheças? Ou por que inclinas para ele teu coração? Aproximas dele teu coração, enches-te de solicitude por sua causa, cuidas dele. Enfim, a ele envias o teu Unigênito, infundes o teu Espírito, prometes até a visão de tua face. E para que nas alturas nada falte no serviço a nosso favor, envias os teus santos espíritos a servir-nos, confias-lhes nossa guarda, ordenas que se tornem nossos pedagogos.

A teu respeito, ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Esta palavra quanta reverência deve despertar em ti, aumentar a gratidão, dar confiança. Reverência pela presença, gratidão pela benevolência, confiança pela proteção. Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor. Estão aqui para proteger, para te serem úteis. Na verdade, embora enviados por Deus, não nos é lícito ser ingratos para com eles, que com tanto amor lhe obedecem e em tamanhas necessidades nos auxiliam.

Sejamos-lhes fiéis, sejamos gratos a tão grandes protetores; paguemos-lhes com amor; honremo-los tanto quanto pudermos, quanto devemos. Prestemos, no entanto, todo o nosso amor e nossa honra àquele que é tudo para nós e para eles; de quem recebemos poder amar e honrar, de quem merecemos ser amados e honrados.

Assim, irmãos, nele amemos com ternura seus anjos como futuros co-herdeiros nossos, e enquanto esperamos nossos intendentes e tutores dados pelo Pai como nossos guias. Porque agora somos filhos de Deus, embora não se veja, pois ainda estamos sob tutela quais meninos que em nada diferem dos servos.

Aliás, mesmo assim tão pequeninos e restando-nos ainda uma tão longa, e não só tão longa, mas ainda tão perigosa caminhada, que temos a temer com tão poderosos protetores? Eles não podem ser vencidos, nem seduzidos, e ainda menos seduzir, aqueles que nos guardam em todos os nossos caminhos. São fiéis, são prudentes, são fortes; por que trememos de medo? Basta que os sigamos, unamo-nos a eles e habitaremos sob a proteção do Deus do céu.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS, VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

 


Memória

Nasceu em Alençon (França) no ano 1873. Entrou ainda muito jovem no mosteiro das Carmelitas de Lisieux e exercitou-se de modo singular na humildade, na simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar especialmente nas noviças do seu mosteiro. Morreu a 30 de setembro de 1897, oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja.
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Segunda leitura

Da Autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus, virgem

(Manuscrits autobiographiques, Lisieux1957,227-229)
(Séc.XIX)

No coração da Igreja serei o amor
Meus imensos desejos me eram um autêntico martírio. Fui, então, às cartas de São Paulo a ver se encontrava uma resposta. Meus olhos caíram por acaso nos capítulos doze e treze da Primeira Carta aos Coríntios. No primeiro destes, li que todos não podem ser ao mesmo tempo apóstolos, profetas, doutores, e que a Igreja consta de vários membros; os olhos não podem ser mãos ao mesmo tempo. Resposta clara, sem dúvida, mas não capaz de satisfazer meu desejo e dar-me a paz. Perseverei na leitura sem desanimar e encontrei esta frase sublime: Aspirai aos melhores carismas. E vos indico um caminho ainda mais excelente (1Cor 12,31). O Apóstolo esclarece que os melhores carismas nada são sem a caridade, e esta caridade é o caminho mais excelente que leva com segurança a Deus. Achara enfim o repouso.

Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade deu-me o eixo de minha vocação. Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno.

Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará.


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

SÃO JERÔNIMO, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

 Nasceu em Estridão (Dalmácia) cerca do ano 340. Estudou em Roma e aí foi batizado. Tendo abraçado a vida ascética, partiu para o Oriente e foi ordenado sacerdote. Regressou a Roma e foi secretário do papa Dâmaso. Nesta época começou a revisão das traduções latinas da Sagrada Escritura e promoveu a vida monástica. Mais tarde estabeleceu-se em Belém, onde continuou a tomar parte muito ativa nos problemas e necessidades da Igreja. Escreveu muitas obras, principalmente comentários à Sagrada Escritura. Morreu em Belém no ano 420.

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Segunda leitura

Do Prólogo ao Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Jerônimo, presbítero

(Nn.1.2: CCL 73,1-3)
(Séc.V)

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo
Pago o que devo, obediente aos preceitos de Cristo que diz: Perscrutai as Escrituras (Jo 5,39); e: Buscai e achareis (Mt 7,7). Assim que não me aconteça ouvir com os judeus: Errais, sem conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22,29). Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.

Daí que eu imite o pai de família que de seu tesouro tira coisas novas e antigas. E a esposa, no Cântico dos Cânticos, que diz: Coisas novas e antigas, irmãozinho meu, guardei para ti (cf. Ct 7,14 Vulg.). E explicarei Isaías ensinando a vê-lo não só como profeta, mas ainda como evangelista e apóstolo. Ele próprio falou de si e dos outros evangelistas: Como são belos os pés daqueles que evangelizam boas novas, que evangelizam a paz (Is 52,7). E também Deus lhe fala como a um apóstolo: Quem enviarei, e quem irá a este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me (cf. Is 6,8).

Ninguém pense que desejo resumir em breves palavras o conteúdo deste livro, pois esta escritura contém todos os mistérios do Senhor, falando do Emanuel, o nascido da Virgem, o realizador de obras e sinais estupendos, o morto e sepultado, o ressurgido dos infernos e o salvador de todos os povos. Que direi de física, ética e lógica? Tudo o que há nas santas Escrituras, tudo o que a língua humana pode proferir e uma inteligência mortal receber, está contido neste livro. Atesta esses mistérios quem escreveu: Será para vós a visão de todas as coisas como as palavras de um livro selado; se é dado a alguém que saiba ler, dizendo-lhe: Lê isto, ele responderá: Não posso, está selado. E se for dado a quem não sabe ler e se lhe disser: Lê, responderá: Não sei ler (Is 29,11-12).

E se alguém parecer fraco, ouça as palavras do mesmo Apóstolo: Dois ou três profetas falem e os outros julguem; mas se a outro que está sentado algo for revelado, que se cale o primeiro (1Cor 14,32). Como podem guardar silêncio, se está ao arbítrio do Espírito, que fala pelos profetas, o calar-se e o falar? Se na verdade compreendiam aquilo que diziam, tudo está repleto de sabedoria e de inteligência. Não era apenas o ar movido pela voz que chegava a seus ouvidos, mas Deus falava no íntimo dos profetas, segundo outro Profeta diz: O anjo que falava a mim (cf. Zc 1,9), e: Clamando em nossos corações, Abba, Pai (Gl 4,6), e: Ouvirei o que o Senhor Deus disser em mim (Sl 84,9).

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

30/set/21, Quinta-feira da 26ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 455



Título: 

Cristo vos faça crescer na fé e na verdade



Fonte: 

Da Epístola aos filipenses, de São Policarpo, bispo e mártir



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SÃO MIGUEL, SÃO GABRIEL E SÃO RAFAEL, ARCANJOS

 Segunda leitura

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom. 34,8-9: PL 76,1250-1251)
(Séc. VI)

A palavra anjo indica o ofício, não a natureza
É preciso saber que a palavra anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados anjos, porque somente são anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos anjos; os que levam as maiores notícias, arcanjos. Foi por isto que à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia. Por este motivo também a eles são dados nomes especiais para designar, pelo vocábulo, seu poder na ação. Naquela santa cidade, onde há plenitude da ciência pela visão do Deus onipotente, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros. Mas quando vêm até nós para cumprir uma missão, trazem também entre nós um nome derivado desta missão. Assim Miguel significa: “Quem como Deus?”; Gabriel, “Força de Deus”; e Rafael, “Deus cura”.

Todas as vezes que se trata de grandes feitos, diz-se que Miguel é enviado, porque pelo próprio nome e ação dá-se a entender que ninguém pode por si mesmo fazer o que Deus quer destacar. Por isto, o antigo inimigo, que por soberba cobiçou ser igual a Deus, dizendo: Subirei ao céu, acima dos astros do céu erguerei meu trono, serei semelhante ao Altíssimo ( cf. Is 14,13-14), no fim do mundo, quando será abandonado às próprias forças para ser destruído no extremo suplício, pelejará com o arcanjo Miguel, como diz João: Houve uma luta com Miguel arcanjo (Ap 12,7).

A Maria é enviado Gabriel, que significa “Força de Deus”. Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar. Portanto devia ser anunciado pela força de Deus o Senhor dos exércitos que vinha poderoso no combate. Rafael, como dissemos, significa “Deus cura”, porque ao tocar nos olhos de Tobias como que num ato de cura, lavou as trevas de sua cegueira. Quem foi enviado a curar, com justiça se chamou “Deus cura”.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

29/set/21, Quarta-feira da 26ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 453



Título: 

Corramos na fé e na justiça



Fonte: 

Da Epístola aos filipenses, de São Policarpo, bispo e mártir



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SÃO LOURENÇO RUIZ, E SEUS COMPANHEIROS, MÁRTIRES

 No século XVII, entre os anos de 1633 e 1637, dezesseis mártires, Lourenço Ruiz e seus Companheiros, derramaram seu sangue por amor de Cristo, em Nagasaki, no Japão. Todos pertenciam à Ordem de São Domingos ou a ela estavam ligados. Dentre esses mártires, nove eram presbíteros, dois religiosos, duas virgens e três leigos, sendo um deles Lourenço Ruiz, pai de família, natural das Ilhas Filipinas. Em época e condições diversas, pregaram a fé cristã nas Ilhas Filipinas, em Formosa e no Japão. Manifestaram de modo admirável a universalidade do cristianismo e, como infatigáveis missionários, espalharam copiosamente, pelo exemplo da vida e pela morte, a semente da futura cristandade.

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Segunda leitura

Da Homilia do Papa João Paulo II na Missa solene de Beatificação dos Servos de Deus Lourenço Ruiz, e seus Companheiros, celebrada em Manila

 (AAS 73,1981,340-342)
(Séc. XX)

Manifestaram o maior ato de adoração e amor para com Deus no sacrifício do próprio sangue 


Segundo a promessa do Evangelho, Cristo reconhece verdadeiramente, em presença do seu Pai no céu, aqueles mártires fiéis que deram testemunho dele perante os homens.
O hino de glória a Deus, que foi agora cantado por tantas vozes, é um eco daquele “Te Deum” cantado na igreja de São Domingos, na tarde de 27 de dezembro de 1637, quando chegou a notícia do martírio de um grupo de seis cristãos em Nagasaki. Entre eles estava o superior da missão, Frei Antônio González, dominicano espanhol originário de León, e Lourenço Ruiz, pai de família, nascido em Manila, no subúrbio de Binondo. Estas testemunhas cantaram, por sua vez, salmos ao Senhor de misericórdia e poder, não só quando estavam na prisão, mas também quando caminhavam para o martírio que durou três dias.
A fé vence o mundo. A pregação desta fé ilumina, como o sol, todos aqueles que desejam chegar ao conhecimento da verdade. E, realmente, embora haja diferentes línguas no mundo, a tradição cristã é uma só.
O Senhor Jesus, com o próprio sangue, remiu verdadeiramente os seus servos, reunidos de todas as raças, línguas e nações, a fim de fazer deles um sacerdócio real para o nosso Deus.
Os dezesseis bem-aventurados mártires, exercendo o seu sacerdócio – o do Batismo ou o da Sagrada Ordem – manifestaram o maior ato de adoração e amor para com Deus no sacrifício do próprio sangue unido ao sacrifício de Cristo, no altar da Cruz.
Assim, imitaram Cristo, sacerdote e vítima, do modo mais perfeito possível para as criaturas humanas. Ao mesmo tempo, foi o maior ato de amor que se possa fazer pelos irmãos, por amor dos quais somos chamados a sacrificar-nos, seguindo o exemplo do Filho de Deus que deu a sua vida por nós.
Foi isto o que fez Lourenço Ruiz. Guiado pelo Espírito Santo a caminho de um termo inesperado, depois de uma vida cheia de perigos, disse aos juízes que era cristão e que morreria por Deus: “Se tivesse muitos milhares de vidas ofereceria todas por ele. Nunca o renegarei. Podeis matar-me, se é isto que desejais. Morrer por Deus é a minha vontade”.
Nestas palavras contemplamos uma síntese da sua personalidade, uma descrição da sua fé e a razão de sua morte. Foi neste momento que este jovem pai de família testemunhou e pôs em prática a catequese cristã que recebera na escola dos Frades dominicanos de Binondo: catequese que não podia deixar de ser cristocêntrica quer pelo mistério que encerra, quer por nos ensinar Cristo pelos lábios de seu mensageiro.
O exemplo de Lourenço Ruiz, filho de pai chinês e mãe filipina, recorda-nos que a vida de cada um, a vida inteira, deve estar à disposição de Cristo.
Ser cristão significa doar-se cada dia, em resposta ao dom de Cristo que vem ao mundo para que todos tenham a vida e a tenham plenamente.

SÃO VENCESLAU, MÁRTIR

 Nasceu na Boêmia, cerca do ano 907; de uma sua tia paterna recebeu uma sólida formação cristã e assumiu o governo do seu ducado por volta de 925. Suportou muitas dificuldades no governo e na formação cristã de seus súditos. Traído por seu irmão Boleslau, foi morto por uns sicários no ano 935. Foi logo venerado como mártir e escolhido pela Boêmia como seu patrono principal.

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Segunda leitura

Da Primeira Legenda Paleoeslava 

(Edit. M. Weingart, Pragae 1934,974-983)
(Séc. X)

 O trono do rei, que julga os pobres na verdade,
permanecerá firme eternamente
Pela morte de seu pai Bratislau, os habitantes da Boêmia constituíram Venceslau seu príncipe. E pela graça de Deus ele era perfeito. Pois fazia o bem a todos os pobres, vestia os nus, alimentava os famintos, acolhia os peregrinos consoante a palavra evangélica. Não admitia que se causasse dano às viúvas, amava a todos, pobres e ricos, servia os servos de Deus, adornava muitas igrejas.
Mas alguns homens da Boêmia tornaram-se soberbos e persuadiram a Boleslau, seu irmão mais moço, dizendo: “Teu irmão Venceslau, conspirando com a mãe e seus homens, vai te matar”.
Celebrando-se festas da dedicação das igrejas em todas as cidades, Venceslau visitava-as todas. Entrou na cidade de Boleslávia, num domingo, festa de Cosme e Damião. Terminada a missa, quis voltar a Praga. Mas Boleslau, com más intenções, reteve-o dizendo: “Por que te vais embora, irmão?” De manhã, soaram os sinos para o ofício matutino. Ouvindo o som dos sinos, Venceslau disse: “Louvor a ti, Senhor, que me deste viver até esta manhã”. Levantou-se e foi ao ofício matutino.
Boleslau logo o alcançou à porta. Venceslau olhou-o e disse: “Irmão, ontem nos serviste bem”. O demônio inclinou-se ao ouvido de Boleslau e perverteu seu coração; desembainhando a espada, respondeu-lhe: “Vou, agora, servir-te melhor”. Dito isto, feriu-lhe a cabeça com a espada.
Venceslau, voltando-se para ele, disse: “Qual é a tua intenção, irmão?” E agarrando-o, lançou-o por terra. Mas acorreu um dos conselheiros de Boleslau e feriu a mão de Venceslau. Este, com a mão ferida, largou o irmão e refugiou-se na igreja. Contudo dois malfeitores o mataram à porta da igreja. Veio um terceiro e traspassou-lhe o lado com a espada. Vensceslau expirou logo com estas palavras: Em tuas mãos, Senhor, entrego o meu espírito (cf. Sl 30,6).

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

28/set/21, Terça-feira da 26ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 451



Título: 

Cristo mostrou-nos em si o exemplo



Fonte: 

Da Epístola aos filipenses, de São Policarpo, bispo e mártir



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SÃO VICENTE DE PAULO, PRESBÍTERO

 Memória

Nasceu na Aquitânia em 1581. Completados os estudos e ordenado sacerdote, exerceu o ministério paroquial em Paris. Fundou a Congregação da Missão (Lazaristas), destinada à formação do clero e ao serviço dos pobres. Com a ajuda de Santa Luísa de Marillac instituiu também a Congregação das Filhas da Caridade. Morreu em Paris no ano 1660.

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Segunda leitura

Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero

(Cf. Correspondance, Entretiens, Documents, ed. P. Coste, Paris 1920-1925, passim)
(Séc. XVII)

Deve-se preferir o serviço dos pobres acima de tudo
Não temos de avaliar os pobres por suas roupas e aspecto, nem pelos dotes de espírito que pareçam ter. Com frequência são ignorantes e curtos de inteligência. Mas muito pelo contrário, se considerardes os pobres à luz da fé, então percebereis que estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. De fato, em seu sofrimento, embora quase perdesse a aparência humana - loucura para os gentios, escândalo para os judeus - apresentou-se, no entanto, como o evangelizador dos pobres: Enviou-me para evangelizar os pobres (Lc 4,18). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar aquilo que ele fez: ter cuidado pelos indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor.

Com efeito, Cristo quis nascer pobre, escolheu pobres para seus discípulos, fez-se servo dos pobres e de tal forma quis participar da condição deles, que declarou ser feito ou dito a ele mesmo tudo quanto de bom ou de mau se fizesse ou dissesse aos pobres. Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam. Quando alguém tem um amigo, inclui na mesma estima aqueles que demonstram amizade ou prestam obséquio ao amigo. Por isto esperamos que, graças aos pobres, sejamos amados por Deus. Visitando-os, pois, esforcemo-nos por entender os pobres e os indigentes e, compadecendo-nos deles, cheguemos ao ponto de poder dizer com o Apóstolo: Fiz-me tudo para todos (1Cor 9,22). Por este motivo, se é nossa intenção termos o coração sensível às necessidades e misérias do próximo, supliquemos a Deus que derrame em nós o sentimento de misericórdia e de compaixão, cumulando com ele nossos corações e guardando-os repletos.

Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta ação como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa de abandono da oração em favor do serviço dos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus, para realizá-la de outro modo.

Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores.

domingo, 26 de setembro de 2021

27/set/21, Segunda-feira da 26ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 449



Título: 

Revistamos as armas da justiça



Fonte: 

Da Epístola aos filipenses, de São Policarpo, bispo e mártir



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SÃO COSME E SÃO DAMIÃO, MÁRTIRES

 Segundo uma tradição imemorial, confirmada por referências literárias muito antigas, sabemos que o seu sepulcro se encontra em Cirro na Síria, onde foi erigida em sua honra uma basílica. Daí o seu culto passou a Roma e propagou-se por toda a Igreja.

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Segunda leitura
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 329,1-2: PL 38,1454-1455)
(Séc. V)

A preciosa morte dos mártires
cujo preço foi a morte de Cristo

Pelos feitos tão gloriosos dos mártires, que fazem a Igreja florescer por toda parte, provamos com nossos próprios olhos como é verdadeiro o que cantamos: É preciosa aos olhos do Senhor a morte de seus santos (Sl 115,15). Portanto, é preciosa não só aos nossos olhos, mas aos olhos daquele por cujo nome se sofreu. Contudo o preço destas mortes é a morte de um só. Quantas mortes comprou um só com a sua morte? Se ele não morresse, o grão de trigo não se multiplicaria. Ouvistes suas palavras, estando próxima a paixão, quer dizer, quando se aproximava nossa redenção: Se o grão de trigo, caindo em terra, não morrer, ficará sozinho; morrendo, porém, produzirá muito fruto (Jo 12,24).

Houve na cruz um grande comércio: abriu-se ali a bolsa para pagar nosso custo; quando seu lado foi aberto pela lança do que feria, dali correu o preço do mundo inteiro. Foram comprados fiéis e mártires; mas a fé dos mártires suportou a prova: o sangue é testemunha. Retribuíram o que tinha sido pago por eles e realizaram as palavras de São João: Assim como Cristo entregou sua vida por nós, também nós devemos entregar nossas vidas pelos irmãos (cf. 1Jo 3,16). E em outro lugar se disse: Sentaste à grande mesa, observa com cuidado o que te oferecem porque deves preparar o mesmo (Pr 23,1-2). A grande mesa é aquela em que as iguarias são o próprio Senhor da mesa. Ninguém alimenta os convivas com sua pessoa, mas assim procede o Cristo Senhor: ele é que convida, ele é o pão e a bebida. Portanto, os mártires reconheceram o que comeram e o que beberam, para retribuírem o mesmo.

Mas como retribuir, a não ser que lhes desse com que retribuir aquele que primeiro pagou? Que retribuirei ao Senhor por tudo quanto me deu? Tomarei o cálice da salvação (Sl 115,12-13). Que cálice é este? O cálice da paixão, amargo e salutar; cálice que, se dele não bebesse antes o médico, o doente temeria tocá-lo.

É ele este cálice. Nós o reconhecemos nos lábios de Cristo que dizia: Pai, se possível for afaste-se de mim este cálice (Mt 26,39). Deste mesmo cálice disseram os mártires: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (Sl 115,13).

Não temos então medo de fraquejar? Por quê? Porque invocaremos o nome do Senhor. Como venceriam os mártires, se neles não vencesse aquele que disse: Alegrai-vos porque eu venci o mundo? (Jo 16,33). O soberano dos céus governava-lhes a mente e a língua e, através deles, derrotava o diabo na terra e coroava os mártires no céu. Felizes os que assim beberam deste cálice: terminaram as dores, receberam as honras!