sábado, 1 de maio de 2021

SÃO JOSÉ OPERÁRIO

 Segunda leitura

Da Constituição pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja
no mundo contemporâneo, do Concílio Vaticano II

(N.33-34)
(Séc.XX)

A atividade humana no mundo
Por seu trabalho e inteligência, o homem procurou sempre mais desenvolver a sua vida. Hoje em dia, porém, ajudado antes de tudo pela ciência e pela técnica, ele estendeu continuamente o seu domínio sobre quase toda a natureza; e, principalmente, graças aos meios de intercâmbio de toda espécie entre as nações, a família humana pouco a pouco se reconhece e se constitui como uma só comunidade no mundo inteiro. Por isso, muitos bens que o homem esperava antigamente obter sobretudo de forças superiores, hoje os  consegue por seus próprios meios.

Diante deste esforço imenso, que já penetra a humanidade inteira, surgem muitas perguntas entre os homens. Qual é o sentido e o valor desta atividade? Como todas estas coisas devem ser usadas? Qual a finalidade desses esforços, sejam eles individuais ou coletivos? A Igreja, guardiã do depósito da palavra de Deus, que é a fonte dos seus princípios de ordem religiosa e moral, embora ainda não tenha uma resposta imediata para todos os problemas, deseja no entanto unir a luz da revelação à competência de todos, para iluminar o caminho no qual a humanidade entrou recentemente.

Para os fiéis é pacífico que a atividade humana individual e coletiva, aquele imenso esforço com que os homens, no decorrer dos séculos, tentaram melhorar as suas condições de vida, considerado em si mesmo, corresponde ao plano de Deus. Com efeito, o homem, criado à imagem de Deus, recebeu a missão de dominar a terra com tudo o que ela contém e de governar o mundo na justiça e na santidade, isto é, reconhecendo a Deus como Criador de todas as coisas, orientando para ele o seu ser e todo o universo; assim, com todas as coisas submetidas ao homem, o nome de Deus seja glorificado na terra inteira.

Isto diz respeito também aos trabalhos cotidianos. Pois os homens e as mulheres que, ao procurar o sustento para si e suas famílias, exercem suas atividades de maneira a bem servir à sociedade, têm razão para ver no seu trabalho um prolongamento da obra do Criador, um serviço a seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano de Deus na história.

Portanto, bem longe de pensar que as obras produzidas pelo talento e esforço dos homens se opõem ao poder de Deus, ou considerar a criatura racional como rival do Criador, os cristãos, pelo contrário, estão convencidos de que as vitórias do gênero humano são um sinal da grandeza de Deus e fruto de seus inefáveis desígnios. Quanto mais, porém, cresce o poder dos homens, tanto mais aumenta a sua responsabilidade, seja pessoal seja comunitária.

Donde se vê que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo nem os leva a negligenciar o bem de seus semelhantes; mas, antes, os impele a sentir esta obrigação como um verdadeiro dever.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

SÃO PIO V, PAPA

 Nasceu nas proximidades de Alessândria (Itália), em 1504. Entrou na Ordem dos Frades Pregadores e ensinou Teologia. Ordenado bispo e criado cardeal, foi eleito, em 1566, para a Cátedra de Pedro. Continuou decididamente a reforma da Igreja, iniciada no Concílio de Trento, promoveu a propagação da fé e reformou o culto divino. Morreu a 1º de maio de 1572.

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Segunda leitura

Dos Tratados sobre o Evangelho de João, de Santo Agostinho, bispo 

(Tract. 124,5: CCL 36,684-685)
(Séc. V)

A Igreja foi fundada sobre a Pedra
que foi objeto da profissão de Pedro
Deus não cessa de oferecer consolações ao pobre gênero humano. Mas, além delas, quando chegou a plenitude dos tempos, isto é, o momento de realizar o que determinara, enviou seu Filho unigênito, por meio do qual criou todas as coisas. Sem deixar de ser Deus, ele se fez homem e se tornou mediador entre Deus e os homens: o homem Jesus Cristo (1Tm 2,5).
Os que acreditassem nele e se purificassem de seus pecados pelo batismo, ficariam livres da condenação eterna. Viveriam na fé, na esperança e na caridade, atravessando como peregrinos este mundo cheio de tentações difíceis e perigosas. Mas ajudados pelas consolações de Deus, espirituais e materiais, chegariam à sua presença seguindo Cristo que para eles se fez caminho.
Todavia, como nem mesmo os que seguem este caminho estão isentos de pecado – conseqüência da fragilidade humana – deu-lhes o remédio salutar das esmolas, para garantir a eficácia das suas orações, como ele próprio nos ensinou a dizer: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mt 6,12).
Assim procede a Igreja, feliz na sua esperança, enquanto vive entre as misérias desta vida; é a obra da Igreja universal que o apóstolo Pedro representava figurativamente pela primazia do seu apostolado.
Consideradas as suas propriedades naturais, era por natureza um homem, por graça um cristão; por graça mais abundante, um apóstolo, o primeiro dos apóstolos. Mas Cristo disse a Pedro: Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus (Mt 16,19). Em virtude destas palavras, Pedro passou a representar a Igreja universal, que neste mundo é sacudida por toda espécie de provações, como se fossem chuvas torrenciais, raios e tempestades que se lançam contra ela. Contudo, não desaba, porque está alicerçada sobre a pedra, de onde Pedro recebeu o nome.
O Senhor diz: Sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16,18). Era a resposta a Pedro que afirmara: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). Jesus quer significar o seguinte: sobre esta pedra, que foi objeto da tua profissão de fé, eu construirei a minha Igreja. Aquela pedra era Cristo (cf. 1Cor 10,4). Sobre este alicerce também Pedro foi edificado. De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está aí, já colocado: Jesus Cristo (1Cor 3,11).
Portanto, a Igreja, que tem Cristo por alicerce, dele recebeu, na pessoa de Pedro, as chaves do Reino dos Céus, quer dizer, o poder de ligar e desligar os pecados. Esta Igreja é livre de todos os males, porque ama e segue a Cristo. Mas segue a Cristo mais de perto na pessoa daqueles que lutam pela verdade até à morte.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

SANTA CATARINA DE SENA, VIRGEM, E DOUTORA DA IGREJA

 Memória


Nasceu em Sena (Itália), em 1347. Ainda adolescente, movida pelo desejo de perfeição, entrou na Ordem Terceira de São Domingos. Cheia de amor por Deus e pelo próximo, trabalhou incansavelmente pela paz e concórdia entre as cidades; defendeu com ardor os direitos e a liberdade do Romano Pontífice e promoveu a renovação da vida religiosa. Escreveu importantes obras de espiritualidade, cheias de boa doutrina e de inspiração celeste. Morreu em 1380.
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Segunda leitura

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

 (Cap. 167, Gratiarum actio ad Trinitatem:
ed.lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291)

(Séc.XIV)

 Provei e vi

Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.

 Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.

 Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.

 Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

 Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.

 Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

SÃO PEDRO CHANEL, PRESBÍTERO E MÁRTIR

 Nasceu em Cuet (França), em 1803. Ordenado sacerdote, exerceu o ministério pastoral por poucos anos. Ingressou na Sociedade de Maria (Maristas), partiu como missionário para a Oceânia. Apesar das grandes dificuldades que encontrou, conseguiu converter alguns pagãos ao cristianismo; isto provocou o ódio dos inimigos da fé cristã, que o levaram à morte na ilha de Futuna, em 1841.

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Segunda leitura

Elogio de São Pedro Chanel, presbítero e mártir 

O sangue dos mártires é semente de cristãos
Pedro, tão logo entrou para a vida religiosa na Sociedade de Maria, foi a seu pedido enviado para as missões da Oceânia; aportou na ilha de Futuna, no Oceano Pacífico, onde ainda não tinha sido anunciado o nome de Cristo. Um religioso leigo, que sempre o acompanhava, assim descreveu a sua vida missionária:
“Depois dos seus trabalhos, voltava para casa enfraquecido pela fome, banhado em suor e morto de cansaço, mas sempre animado, disposto e alegre, como se voltasse de um lugar de delícias; e isto não era de vez em quando, mas quase diariamente.
Não costumava negar coisa alguma aos habitantes de Futuna, nem mesmo àqueles que o perseguiam. Sempre os desculpava e nunca os repelia, por mais rudes e importunos que fossem. Tratava a todos com extraordinária amabilidade, que manifestava de diversos modos, sem excetuar ninguém”.
Não é de admirar que os indígenas o chamassem “homem de grande coração”, àquele que certa vez dissera a um confrade seu: “Em missão tão difícil, é preciso que sejamos santos”.
Pouco a pouco foi anunciando o evangelho de Cristo, mas recolhia frutos minguados. Apesar disso, continuava com invencível coragem seu trabalho missionário, ao mesmo tempo religioso e humanitário. Apoiava-se no exemplo e nas palavras de Cristo: Um é o que semeia e outro o que colhe (Jo 4,37). E pedia com insistência o amparo da Mãe de Deus, por quem tinha particular devoção.
Na sua pregação da religião cristã, Pedro destruiu o culto dos maus espíritos, alimentado pelos chefes de Futuna para conservar o povo sob seu domínio. Por esse motivo assassinaram-no cruelmente, na esperança de fazerem desaparecer com sua morte as sementes do cristianismo que plantara naquela terra.
Mas, na véspera do martírio, ele próprio afirmou: “Minha morte não tem importância; o cristianismo está tão arraigado nesta ilha, que não será arrancado com minha morte”.
O sangue do mártir frutificou primeiramente nos próprios habitantes de Futuna, que, poucos anos depois, abraçaram todos a fé em Cristo; mas frutificou também nas outras ilhas da Oceânia, onde existem florescentes Igrejas cristãs, que consideram e invocam Pedro como seu primeiro mártir.

domingo, 25 de abril de 2021

SÃO MARCOS EVANGELISTA

 Festa

Era primo de Barnabé. Acompanhou o apóstolo Paulo em sua primeira viagem, e depois também o seguiu até Roma. Foi discípulo de Pedro, de cuja pregação se fez intérprete no Evangelho que escreveu. Atribui-se a ele a fundação da Igreja de Alexandria.
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Segunda leitura

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

 (Lib. 1,10,1-3:PG 7,550-554)
(Séc.II)

 A pregação da verdade
A Igreja, espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra, recebeu dos apóstolos e de seus discípulos a fé em um só Deus, Pai todo-poderoso, que criou o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe (cf. At 4,24); em um só Jesus Cristo Filho de Deus, que se fez homem para nossa salvação; e no Espírito Santo, que, pela boca dos profetas, anunciou antecipadamente os desígnios de Deus: a vinda de Jesus Cristo, nosso amado Senhor, o seu nascimento de uma Virgem, a sua paixão e ressurreição de entre os mortos, a ascensão corporal aos céus, a sua futura vinda do céu na glória do Pai. Então ele virá para recapitular o universo inteiro (cf. Ef 1,10) e ressuscitar todos os homens, a fim de que, segundo a vontade do Pai invisível, diante de Cristo Jesus nosso Senhor, Deus, Salvador e Rei, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua o proclame (cf. Fl 2,10-11), e ele julgue todos os homens com justiça.

A Igreja recebeu, como dissemos, e guarda com todo cuidado esta pregação e esta fé; apesar de espalhada pelo mundo inteiro, guarda-a como se morasse em uma só casa. Acredita nela como quem possui uma só alma e um só coração; e a proclama, ensina e transmite, como se tivesse uma só boca. Porque, embora através do mundo haja línguas muito diferentes, a força da Tradição é uma só e a mesma para todos.

 As Igrejas fundadas na Germânia, as que se encontram na Ibéria e nas terras celtas, as do Oriente, do Egito e Líbia, ou as do centro do mundo, não crêem nem ensinam de modo diferente. Assim como o sol, criatura de Deus, é um só e o mesmo para todo o universo, igualmente a pregação da verdade brilha em toda parte e ilumina todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade.

 E dos que presidem às Igrejas, nem mesmo o mais eloqüente, dirá coisas diferentes das que afirmamos, pois ninguém está acima do divino Mestre; nem o orador menos hábil enfraquecerá a Tradição. Sendo uma só e mesma a fé, nem aquele que muito diz sobre ela a aumenta, nem aquele que diz menos a diminui.