sábado, 17 de julho de 2021

18/jul/21, Domingo da 16ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 333



Título: 

Convém sermos cristãos não só de nome, mas, de fato



Fonte: 

Início  da Epístola aos magnésios, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir



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BEM-AVENTURADO INÁCIO DE AZEVEDO, PRESBÍTERO, E SEUS COMPANHEIROS, MÁRTIRES

 Memória

Inácio de Azevedo nasceu no Porto (Portugal), de família ilustre, em 1526 ou 1527; entrou na Companhia de Jesus em 1548 e foi ordenado sacerdote em 1553. Mais tarde partiu para o Brasil, a fim de se consagrar ao apostolado missionário. Tendo voltado à pátria, conseguiu recrutar numerosos colaboradores para a sua obra evangelizadora e empreendeu a viagem de regresso; mas, interceptados ao largo das ilhas Canárias pelos corsários anticatólicos [protestantes calvinistas franceses], ali sofreu o martírio no dia 15 de julho de 1570. Os trinta e nove Companheiros que iam na mesma nau (trinta e um portugueses e oito espanhóis) foram também Martirizados no mesmo dia ou no dia seguinte. Foram beatificados pelo papa Pio IX em 1854.

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Segunda leitura

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. De gloria in tribulationibus, 2.4:
PG 51, 158-159.162-164)
(Séc.IV)

Os sofrimentos e a glória dos mártires 


Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós (Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas? Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo. Como as tribulações que então sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17- 18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembleia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu. Deste modo, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

17/jul/21, Sábado da 15ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 332



Título: 

Este sacramento, que recebestes, tem por fonte a palavra de Cristo



Fonte: 

Do Tratado 'Sobre os Mistérios', por Santo Ambrósio, bispo



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Nossa Senhora do Carmo

 Festa

A Sagrada Escritura celebra a beleza do Carmelo, onde o profeta Elias defendeu a pureza da fé de Israel no Deus vivo. No século XII, alguns eremitas foram viver nesse monte e, mais tarde, constituíram uma Ordem de vida contemplativa sob o patrocínio da Santa Mãe de Deus, Maria.
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Segunda leitura

Dos Sermões, de São Leão Magno, papa

(Sermo 1 In Nativitate Domini, 2.3:PL54,191-192)

(Séc. V)

Maria concebeu primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo
Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo. E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria. Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo? A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.

Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, se fez homem. Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.

Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor. Por conseguinte, aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina. Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.

Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo. Por isso, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram cheios de alegria: Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por ele amados (Lc 2,14). Eles vêem, efetivamente, a Jerusalém celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos anjos se rejubilam?

quinta-feira, 15 de julho de 2021

16/jul/21, Sexta-feira da 15ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 331



Título: 

Sobre a Eucaristia, aos neófitos



Fonte: 

Do Tratado 'Sobre os Mistérios', por Santo Ambrósio, bispo



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São Boaventura, bispo e doutor da Igreja

 Memória

Nasceu por volta de 1218, em Bagnorégio, na Etrúria (Itália). Estudou filosofia e teologia em Paris e, obtida a láurea de doutor, ensinou as mesmas disciplinas, com grande aproveitamento, aos seus irmãos da Ordem dos Frades Menores. Eleito ministro geral da Ordem, governou-a com prudência e sabedoria. Foi nomeado bispo de Albano e criado cardeal. Morreu em Lião (França), no ano de 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e teológicas.
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Segunda leitura

Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo

(Cap.7,1.2.4.6:Operaomnia,5,312-313)
(Séc. XIII)

A sabedoria mística revelada pelo Espírito Santo
Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, como rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).

Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).

Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão. Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15).

Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20). Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias. Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o apóstolo Filipe, quando o Pai se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com São Paulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26). Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48).

quarta-feira, 14 de julho de 2021

15/jul/21, Quinta-feira da 15ª semana do Tempo Comum



Podcast Ofício das Leituras nº 330



Título: 

Instrução sobre os ritos depois do batismo



Fonte: 

Do Tratado 'Sobre os Mistérios', por Santo Ambrósio, bispo



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14/jul/21, Quarta-feira da 15ª semana do Tempo Comum


Podcast Ofício das Leituras nº 329



Título: 

Sem o Espírito Santo, a água não purifica



Fonte: 

Do Tratado 'Sobre os Mistérios', por Santo Ambrósio, bispo



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São Camilo de Lellis, presbítero

 Nasceu em Chieti, nos Abruzos (Itália), em 1550; seguiu primeiramente a carreira militar e, quando se converteu, consagrou-se ao cuidado dos enfermos. Terminados os estudos e ordenado sacerdote, fundou uma Congregação destinada a construir hospitais e atender os doentes. Morreu em Roma, no ano 1614.

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  Segunda leitura

Da Vida de São Camilo, escrita por um companheiro seu

(S. Cicatelli, Vita del P. Camillo de Lellis, Viterbo, 1615)
(Séc. XVII)

Servindo o Senhor nos irmãos


Começarei pela santa caridade, raiz de todas as virtudes e dom familiar a Camilo mais do que qualquer outro. Ele vivia sempre inflamado pelo fogo desta santa virtude, não só para com Deus, mas também para com o próximo, especialmente os doentes. Bastava vê-los para que se enchesse de ternura e se comovesse no mais íntimo do coração, a tal ponto que esquecia completamente todas as delícias, prazeres e afetos terrenos. Quando tratava de algum doente, parecia doar-se com tanto amor e compaixão que, de bom grado, tomaria sobre si toda doença, para aliviar-lhe as dores ou curar as enfermidades.

Contemplava nos doentes, com tão sentida emoção, a pessoa de Cristo que, muitas vezes, quando lhes dava de comer, pensando serem outros cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão dos pecados. Mantinha-se diante deles com tanto respeito, como se estivesse realmente na presença do Senhor. De nada falava com mais freqüência e com mais fervor do que da santa caridade. O seu desejo era imprimi-la no coração de todos os homens.

Para incutir em seus irmãos religiosos esta santa virtude, costumava recordar-lhes aquelas dulcíssimas palavras de Jesus Cristo: Eu estava doente e cuidastes de mim (Mt 25,36). Parecia que ele tinha estas palavras verdadeiramente gravadas em seu coração, tal era a freqüência com que as dizia e repetia.

Camilo era um homem de tão grande caridade, que tinha piedade e compaixão não somente dos doentes e moribundos, mas também, de modo geral, de todos os outros pobres e miseráveis. Seu coração era tão cheio de bondade para com os indigentes, que costumava dizer: “Ainda que não se encontrassem pobres no mundo, os homens deveriam andar a procurá-los e desenterrá-los, para lhes fazerem o bem e praticar a misericórdia para com eles”.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Santo Henrique

 Nasceu na Baviera em 973; sucedeu a seu pai no governo do ducado e mais tarde foi eleito imperador. Distinguiu-se por seu zelo em promover a reforma da vida da Igreja e a atividade missionária. Fundou vários bispados e enriqueceu mosteiros. Morreu em 1024 e foi canonizado pelo papa Eugênio III, em 1146.

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 Segunda leitura

De uma antiga Vida de Santo Henrique

(MGH, Scriptores 4, 792-799)
(Séc. XI)

Garantiu para a Igreja os bens da paz e da tranqüilidade
Este santíssimo servo de Deus, depois de ter sido sagrado rei, não se contentou apenas com as preocupações do reino temporal. Mas, querendo obter a coroa da imortalidade, decidiu combater pelo sumo Rei, a quem servir é reinar. Para tanto, dedicou a maior solicitude na promoção do culto divino, enriquecendo as igrejas com diversas doações e oferecendo-lhes toda sorte de ornamentos e alfaias sagradas. Fundou nos seus domínios o bispado de Bamberga, dedicado aos príncipes dos apóstolos São Pedro e São Paulo e ao glorioso mártir São Jorge, confiando-o à jurisdição especial da Santa Igreja Romana. Queria assim prestar à primeira Sé da cristandade a honra que lhe é devida por direito divino, e dar maior firmeza à sua fundação, colocando-a sob tão elevado patrocínio.

Este homem piedosíssimo se empenhou cuidadosamente em garantir para a sua nova Igreja os bens da paz e da tranqüilidade. Para que isto fique evidente aos olhos de todos, tendo em vista os tempos futuros, incluímos aqui o testemunho de uma carta sua:
“Henrique, rei por divina clemência, a todos os filhos da Igreja, tanto aos futuros como aos presentes. As determinações salutares da Palavra sagrada nos ensinam e advertem que, abandonando os bens temporais e rejeitando as vantagens terrenas, tenhamos em mira alcançar as mansões eternas, que permanecem para sempre nos céus. Pois a glória presente, enquanto a possuímos, é passageira e vã, a não ser que pensemos simultaneamente na glória eterna do céu. Contudo, a misericórdia de Deus providenciou para o gênero humano um remédio eficaz, ao estabelecer que uma parcela da pátria celeste fosse adquirida com os bens terrenos.
Por conseguinte, não nos esquecemos da clemência divina e nem desconhecemos que fomos elevados à dignidade real por uma escolha gratuita da misericórdia de Deus. Eis por que julgamos conveniente não apenas ampliar as igrejas construídas por nossos antecessores, mas também edificar, para maior glória de Deus, outras novas igrejas e enobrecê-las com generosas dádivas da nossa devoção. Por esta razão, não fechando os ouvidos aos mandamentos do Senhor e prestando obediência aos conselhos divinos, desejamos colocar desde já, no céu, os tesouros que recebemos da riqueza e da generosidade de Deus; lá os ladrões não os desenterram nem roubam, nem a ferrugem ou a traça os destroem. Assim, ao pensarmos nos bens que lá vamos agora acumulando, que o nosso coração esteja sempre voltado para o céu, pelo desejo e pelo amor.
Por isso, queremos que todos os fiéis saibam que o lugar chamado Bamberga, parte de nossa herança paterna, foi elevado a sede e sólio episcopal. Aí se perpetuará a memória nossa e de nossos pais, e será oferecido sem cessar o sacrifício da salvação por todos os que professam a verdadeira fé”.

domingo, 11 de julho de 2021

São Bento, abade

 Memória

Nasceu em Núrcia, na Úmbria (Itália), por volta do ano 480; estudou em Roma; começou a praticar vida Eremítica em Subiaco, onde reuniu um grupo de discípulos, indo mais tarde para Montecassino. Aí Fundou um célebre mosteiro e escreveu a Regra que, difundida em muitos países, lhe valeu o título de patriarcado monaquismo do Ocidente. Morreu a 21 de março de 547. Contudo, desde fins do século VI, sua memória começou a ser celebrada em muitas regiões no dia de hoje.

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Segunda leitura

Da Regra de São Bento, abade

(Prologus, 4-22;cap.72,1-12:CSEL75,2-5.162-163)

(Séc.VI)

Nada absolutamente prefiram a Cristo

Antes de tudo, quando quiseres realizar algo de bom, pede a Deus com oração muito insistente que seja plenamente realizado por ele. Pois já tendo se dignado contar-nos entre o número de seus filhos, que ele nunca venha a entristecer-se por causa de nossas más ações. Assim, devemos em todo tempo pôr a seu serviço os bens que nos concedeu, para não acontecer que, como pai irado, venha a deserdar seus filhos; ou também, qual Senhor temível, irritado com os nossos pecados nos entregue ao castigo eterno, como péssimos servos que o não quiseram seguir para a glória.

Levantemo-nos, enfim, pois a Escritura nos desperta dizendo: Já é hora de levantarmos do sono (cf. Rm 13,11). Com os olhos abertos para a luz deífica e os ouvidos atentos, ouçamos a exortação que a voz divina nos dirige todos os dias: Oxalá, ouvísseis hoje a sua voz: não fecheis os corações (Sl 94,8); e ainda: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2,7).  E o que diz ele? Meus filhos, vinde agora e escutai-me: vou ensinar-vos o temor do Senhor (Sl 33,12). Correi, enquanto tendes a luz da vida, para que as trevas não vos alcancem (cf. Jo 12,35).

Procurando o Senhor o seu operário na multidão do povo ao qual dirige estas palavras, diz ainda: Qual o homem que não ama sua vida, procurando ser feliz todos os dias? (Sl 33,13). E se tu, ao ouvires este convite, responderes: Eu, dir-te-á Deus: Se queres possuir a verdadeira e perpétua vida, afasta a tua língua da maldade, e teus lábios, de palavras mentirosas. Evita o mal e faze o bem, procura a paz e vai com ela em seu caminho (Sl 33,14-15). E quando fizeres isto, então meus olhos estarão sobre ti e meus ouvidos atentos às tuas preces; e antes mesmo que me invoques, eu te direi: Eis-me aqui (Is 58,9). Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos, do que esta voz do Senhor que nos convida? Vede como o Senhor, na sua bondade, nos mostra o caminho da vida!

Cingidos, pois, os nossos rins com a fé e a prática das boas ações, guiados pelo evangelho, trilhemos os seus caminhos, a fim de merecermos ver aquele que nos chama a seu reino (cf. 1Ts 2,12). Se queremos habitar na tenda real do acampamento desse reino, é preciso correr pelo caminho das boas ações; de outra forma, nunca  chegaremos lá.

Assim como há um zelo mau de amargura, que afasta de Deus e conduz ao inferno, assim também há um zelo bom, que separa dos vícios e conduz a Deus. É este zelo que os monges devem pôr em prática com amor ferventíssimo, isto é, antecipem-se uns aos outros em atenções recíprocas (cf. Rm 12,10). Tolerem pacientissimamente as suas fraquezas, físicas ou morais; rivalizem em prestar mútua obediência; ninguém procure o que julga útil para si, mas sobretudo o que o é para o outro; ponham em ação castamente a caridade fraterna; temam a Deus com amor; amem o seu abade com sincera e humilde caridade; nada absolutamente prefiram a Cristo; e que ele nos conduza todos juntos para a vida eterna.