Nasceu em Treves, pelo ano
340, de uma família romana, fez os seus estudos em Roma e
iniciou em Sírmio a carreira da magistratura. Em 374, vivendo em
Milão, foi inesperadamente eleito bispo da cidade e recebeu a
ordenação no dia 7 de dezembro. Fiel cumpridor do seu
dever, distinguiu-se sobretudo na caridade para com todos, como
verdadeiro pastor e doutor dos fiéis. Protegeu corajosamente os
direitos da Igreja; com seus escritos e atos defendeu a verdadeira
doutrina da fé contra os Arianos. Morreu no Sábado Santo,
dia 4 de abril de 397.
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Das Cartas de Santo
Ambrósio, bispo
(Epist. 2,1-2.4-5.7: PL 16 edit. 1845, 847-881)
(Séc. IV)
O encanto de tuas
palavras inspire confiança ao povo
Recebeste o múnus
sacerdotal e, sentado à popa da Igreja, governas a barca em meio
às ondas. Segura bem o leme da fé, para que as fortes
procelas do mundo não te perturbem. O mar é, na verdade,
grande e vasto, mas não temas: ele a tornou firme sobre os mares
e sobre as águas a mantém inabalável (Sl 23,2).
Por isso, não é sem razão que, entre tantas agitações do mundo, a Igreja do Senhor, edificada sobre a pedra apostólica, permanece firme e, contra o ímpeto das águas, se apóia sobre inabalável fundamento. É batida pelas ondas, mas não abalada; e embora muitas vezes os elementos deste mundo a sacudam com grande fragor, ela oferece aos navegantes cansados o mais seguro porto de salvação. Ela flutua no mar, mas também corre pelos rios, sobretudo aqueles rios dos quais se diz: Levantaram os rios a sua voz (Sl 92,3). São os rios que brotam do coração daqueles que beberam da água de Cristo e receberam o Espírito de Deus. Quando transbordam de graça espiritual, estes rios levantam a sua voz.
Há também um rio que corre para os seus santos como uma torrente. Existe ainda o ímpeto do rio que alegra a alma tranqüila e pacífica. Quem receber da plenitude deste rio, como João Evangelista, Pedro e Paulo, levanta a sua voz. E do mesmo modo que os apóstolos difundiram até os confins da terra, como num canto harmonioso, a voz da pregação evangélica, assim o que receber da plenitude desse rio começa a anunciar o Evangelho do Senhor Jesus.
Recebe, portanto, da plenitude de Cristo para que tua voz também se manifeste. Apanha a água de Cristo, essa água que louva o Senhor. Apanha de muitos lugares a água que as nuvens dos profetas deixam cair.
Quem apanha a água dos montes ou a retira e bebe das fontes, também começa a orvalhar como as nuvens. Enche, pois, o íntimo do teu espírito com esta água, para que a terra da tua alma seja regada e tenhas a fonte em tua própria casa. Quem muito lê e compreende, fica repleto; e quem está repleto pode regar os demais; por isso, diz a Escritura: Se as nuvens estiverem carregadas, farão cair a chuva sobre a terra (Eclo 11,3).
As tuas pregações sejam fluentes, puras e claras, de modo que o teu ensinamento moral penetre suavemente nos que te escutam, e o encanto de tuas palavras inspire a confiança ao povo; deste modo ele te seguirá, de boa vontade, para onde o conduzires.
Os teus discursos sejam repletos de inteligência. Por isso, diz Salomão: Os lábios do sábio são as armas da sabedoria (cf. Pr 15,7); e noutra passagem: O pensamento dirija os teus lábios, isto é, os teus sermões brilhem pela sua clareza, e teus discursos e explicações dispensem as opiniões alheias. Que tua palavra seja capaz de se defender por si mesma. Enfim, não saia de tua boca nenhuma palavra inútil e sem sentido.
Por isso, não é sem razão que, entre tantas agitações do mundo, a Igreja do Senhor, edificada sobre a pedra apostólica, permanece firme e, contra o ímpeto das águas, se apóia sobre inabalável fundamento. É batida pelas ondas, mas não abalada; e embora muitas vezes os elementos deste mundo a sacudam com grande fragor, ela oferece aos navegantes cansados o mais seguro porto de salvação. Ela flutua no mar, mas também corre pelos rios, sobretudo aqueles rios dos quais se diz: Levantaram os rios a sua voz (Sl 92,3). São os rios que brotam do coração daqueles que beberam da água de Cristo e receberam o Espírito de Deus. Quando transbordam de graça espiritual, estes rios levantam a sua voz.
Há também um rio que corre para os seus santos como uma torrente. Existe ainda o ímpeto do rio que alegra a alma tranqüila e pacífica. Quem receber da plenitude deste rio, como João Evangelista, Pedro e Paulo, levanta a sua voz. E do mesmo modo que os apóstolos difundiram até os confins da terra, como num canto harmonioso, a voz da pregação evangélica, assim o que receber da plenitude desse rio começa a anunciar o Evangelho do Senhor Jesus.
Recebe, portanto, da plenitude de Cristo para que tua voz também se manifeste. Apanha a água de Cristo, essa água que louva o Senhor. Apanha de muitos lugares a água que as nuvens dos profetas deixam cair.
Quem apanha a água dos montes ou a retira e bebe das fontes, também começa a orvalhar como as nuvens. Enche, pois, o íntimo do teu espírito com esta água, para que a terra da tua alma seja regada e tenhas a fonte em tua própria casa. Quem muito lê e compreende, fica repleto; e quem está repleto pode regar os demais; por isso, diz a Escritura: Se as nuvens estiverem carregadas, farão cair a chuva sobre a terra (Eclo 11,3).
As tuas pregações sejam fluentes, puras e claras, de modo que o teu ensinamento moral penetre suavemente nos que te escutam, e o encanto de tuas palavras inspire a confiança ao povo; deste modo ele te seguirá, de boa vontade, para onde o conduzires.
Os teus discursos sejam repletos de inteligência. Por isso, diz Salomão: Os lábios do sábio são as armas da sabedoria (cf. Pr 15,7); e noutra passagem: O pensamento dirija os teus lábios, isto é, os teus sermões brilhem pela sua clareza, e teus discursos e explicações dispensem as opiniões alheias. Que tua palavra seja capaz de se defender por si mesma. Enfim, não saia de tua boca nenhuma palavra inútil e sem sentido.