sábado, 23 de novembro de 2019

Sábado da 33ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura 

Das Conferências de Santo Tomás de Aquino, presbítero 

(Coll. super Credo in Deum: Opuscula theologica 2,  

Taurini 1954, pp. 216-217) 

(Séc. XIII) 

Serei saciado quando aparecer a vossa glória 

Com muita propriedade se põe a consumação de todos os nossos desejos, a vida eterna, no final do Símbolo dado aos fiéis, dizendo: "Na vida eterna. Amém".

Em primeiro lugar, a vida eterna une-nos a Deus. Pois Deus mesmo é o prêmio e a consumação de nossos esforços todos: Eu sou teu protetor e tua imensa recompensa (Gn 15,1). Esta união consiste na visão perfeita: Vemos agora como por espelho, em enigma; depois, face a face (1Cor 13,12).

Comporta ainda o máximo louvor, segundo o Profeta: Gozo e alegria nela haverá, ação de graças e voz de louvor (Is 51,3).

E também a perfeita satisfação do desejo, porque lá cada bem-aventurado terá muito além do desejado e esperado. A razão está em que, nesta vida, ninguém pode contentar perfeitamente seu desejo, e criatura alguma sacia o anseio do homem; só Deus o sacia e o excede infinitamente. Por isto, o ser humano não descansa senão em Deus. Santo Agostinho disse: "Tu, Senhor, nos fizeste para ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti".

Já que, na pátria, os santos possuirão a Deus perfeitamente, é evidente que seu desejo será saciado e ainda a glória o excederá. Assim diz o Senhor: Entra no gozo de teu Senhor (Mt 25,21). Agostinho diz por sua vez: "O gozo inteiro não entrará nos que se alegram, mas os que se alegram entrarão inteiros nesse gozo. Sereis saciados quando aparecer tua glória ; e outra vez: "Quem cumula de bens teu desejo".

Quanto há de delicioso, tudo ali está com superabundância. Se procuramos delícias, lá haverá o máximo e perfeitíssimo prazer, porque brotando do sumo bem, de Deus: Delícias a tua destra para sempre (Sl 15,11).

Consiste ainda na suave companhia de todos os santos; sociedade agradável a mais não poder, porque cada um terá, em companhia de todos os bem-aventurados, todos os bens. Um amará o outro como a si mesmo, então se alegrará com o bem do outro como se fosse próprio. O que terá por resultado que crescerá a alegria e o gáudio de um, na medida do gáudio de todos.


sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Sexta-feira da 33ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura 

Do Tratado sobre o Reino de Jesus, de São João Eudes, presbítero 

(Pars 3,4: Opera omnia 1,310-312) 

(Séc. XVII) 

O mistério de Cristo em nós e na Igreja 

Cabe-nos imitar e completar em nós os estados e mistérios de Cristo e pedir-lhe continuamente que os leve a termo e os perfaça em nós e na Igreja inteira.

Porque os mistérios de Jesus ainda não estão totalmente levados à sua perfeição e realizados. Na pessoa de Jesus, sim, não, porém, em nós, seus membros, nem na Igreja, seu Corpo místico. Por querer o Filho de Deus comunicar, estender de algum modo e continuar seus mistérios em nós e em toda a sua Igreja, determinou tanto as graças que nos concederá, quanto os efeitos que quer produzidos em nós por esses mistérios. Por esta razão deseja completá-los em nós.

Por isso, São Paulo diz que Cristo é completado na Igreja e que todos nós colaboramos para sua edificação e para a plenitude de sua idade (cf. Ef 4,13), isto é, a idade mística que tem em seu Corpo místico, mas que só no dia do juízo será plena. Em outro lugar, diz o mesmo Apóstolo que completa em sua carne o que falta aos sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1,24).

Deste modo, o Filho de Deus decidiu que seus estados e mistérios seriam completados e levados à perfeição em nós. Quer levar à perfeição em nós o mistério de sua encarnação, nascimento, vida oculta, quando se forma e renasce em nossa alma pelos sacramentos do santo batismo e da divina eucaristia e nos dá vivermos a vida espiritual e interior, escondida com ele em Deus (Cl 3,3).

Quer ainda levar à perfeição em nós o mistério de sua paixão, morte e ressurreição que nos fará padecer, morrer e ressurgir com ele. E, finalmente, quer completar em nós o estado de vida gloriosa e imortal, quando nos fará viver com ele e nele a vida gloriosa e perpétua nos céus. Assim quer consumar e completar seus outros estados, outros mistérios em nós e em sua Igreja; deseja comunicá-los a nós e partilhá-los conosco e por nós continuá-los e propagá-los.

Assim, os mistérios de Cristo não estarão completos antes daquele tempo que marcou para o término destes mistérios em nós e na Igreja, isto é, antes do fim do mundo.


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Quinta-feira da 33ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura 

Do Comentário sobre o Cântico dos Cânticos, de São Gregório de Nissa, bispo 

(Cap. 2: PG 44,802) 

(Séc. IV) 

Oração ao Bom Pastor 

Onde apascentas, ó bom pastor, que carregas nos ombros todo o rebanho? (pois uma é a ovelha, a natureza humana que puseste sobre os ombros). Mostra-me o lugar da quietude, leva-me à erva boa e nutritiva, chama-me pelo nome e, assim, eu que sou ovelha, ouvirei tua voz; e por causa de tua voz, dá-me a vida eterna. Mostra-me a mim o amado de minha alma (Ct 1,6 Vulg.).

Chamo-te com esta expressão, porque teu nome supera todo outro nome e todo entendimento e nem a natureza racional toda inteira pode dizê-lo ou compreendê-lo. Por isto teu nome, pelo qual se conhece tua bondade, é o bem-querer de minha alma para contigo. Como não te amar a ti que amaste minha alma, embora ainda manchada, a tal ponto que deste a vida pelas ovelhas que apascentas? Impossível imaginar maior amor que o trocar tua vida por minha salvação.

Ensina-me onde apascentas (cf. Ct 1,7). Encontrando o campo saudável, tomarei o alimento celeste; porque quem dele não se nutre não pode entrar na vida eterna. Correrei à fonte, beberei da água divina que tu proporcionas aos sedentos. Igual à fonte, deixas correr água de teu lado, veio aberto pela lança; para quem beber, ela se tornará fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo 4,14).

Se me apascentares deste modo, far-me-ás deitar ao meio-dia, quando, dormindo logo na paz, repousarei na luz sem sombras. O meio-dia não tem sombra, o sol cai a pino; nesta luz, fazes deitar aqueles que alimentaste, ao pores teus filhos contigo no quarto. Ninguém será considerado digno deste repouso meridiano, se não for filho da luz e filho do dia. Quem se separa igualmente das trevas vespertinas e matutinas, quer dizer, de onde começa e de onde termina o mal, está no meio-dia e, para nele deitar-se, ali o colocará o sol da justiça.

Mostra-me, pois, como repousar e ser apascentada e qual é o caminho para a quietude meridiana. Não aconteça que, escapando-me da guia de tua mão, pela ignorância da verdade, venha a reunir-me com rebanhos estranhos aos teus.

Falou assim, solícita pela beleza que lhe veio de Deus e desejosa de entender de que modo e para sempre a felicidade existe.


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Quarta-feira da 33ª semana do Tempo Comum




Segunda leitura 

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo 

(Sermo 21,1-4: CCL 41,276-278) 

(Séc. V) 

O coração do justo exultará no Senhor 

O justo alegra-se no Senhor e nele espera; e gloriam-se todos os retos de coração (Sl 63,11). Acabamos de cantá-lo com a voz e com o coração. A consciência e a língua cristãs dizem estas palavras a Deus: Alegra-se o justo, não com o mundo, mas no Senhor. A luz nasceu para o justo, diz outro lugar, e a alegria, para os retos de coração (Sl 96,11). Indagas donde vem a alegria. Escutas: Alegra-se o justo no Senhor, e noutro passo: Põe tuas delícias no Senhor e ele atenderá aos pedidos de teu coração (Sl 36,4).

Que nos é indicado? O que é doado, ordenado, dado? Que nos alegremos no Senhor. Quem é que se alegra com aquilo que não vê? Acaso vemos o Senhor? Já o temos em promessa. Agora, porém, caminhemos pela fé; enquanto estamos no corpo, peregrinamos longe do Senhor (2Cor 5,7.6). Pela fé, não pela visão. Quando, pela visão? Quando se realizar o que diz o mesmo João: Diletíssimos, somos filhos de Deus; mas ainda não se fez visível o que seremos. Sabemos que, quando aparecer, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal qual é (1Jo 3,2).

Neste momento, então, será a grande e perfeita alegria, o gáudio pleno, onde já não mais teremos o leite da esperança, mas a realidade nos alimentará. Contudo, desde agora, antes que nos chegue a realidade, antes que cheguemos à realidade, alegremo-nos no Senhor. Não é insignificante a alegria trazida pela esperança, já que depois será a posse. Agora, amamos na esperança. Por isso, alegra-se o justo no Senhor e logo em seguida, e nele espera, porque ainda não vê. Todavia, possuímos as primícias do espírito, e talvez de algo mais. Aproximamo-nos de quem amamos e, embora por uma gotinha, já provamos e saboreamos aquilo que avidamente comeremos e beberemos.

Como é que nos alegramos no Senhor, se está longe de nós? Que ele não esteja longe! A estar longe, és tu que o obrigas. Ama e aproximar-se-á; ama e habitará em ti. O Senhor está próximo, não fiques inquieto (Fl 4,5-6). Queres ver como, se amares, estará contigo? Deus é caridade (1Jo 4,8).

Dir-me-ás: "Em teu parecer, que é caridade? A caridade é a virtude pela qual amamos. O que amamos? O bem salutar, o bem inefável, o bem de todos os bens, o Criador. Que te deleite aquele de quem tens tudo o que te deleita. Não digo o pecado, pois só o pecado não recebes dele. Dele é que terás tudo.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Terça-feira da 33ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura 

Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo 

(Orat. 9, in ramos palmarum: PG 97,1002) 

(Séc. VIII) 

Eis que vem a ti teu rei, justo e salvador 

Digamos também nós a Cristo: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), rei de Israel (Mt 27,42). Levantemos para ele, quais folhas de palmeira, as derradeiras palavras na cruz. Vamos com entusiasmo para a frente, não com ramos de oliveira, mas com as honras das esmolas de uns aos outros. Estendamos a seus pés, como vestes, os desejos do coração. Deste modo, pondo seus passos em nós, esteja dentro de nós, e nós inteiros nele; e se manifeste ele totalmente em nós. Repitamos para Sião a aclamação do Profeta: Tem confiança, filha, não temas. Eis que vem a ti teu rei, manso e montado no jumentinho, filho da que leva o jugo (cf. Zc 9,9).

Vem aquele que está presente em todo o lugar e ocupa tudo, para realizar em ti a salvação de tudo. Vem aquele que não veio chamar os justos, mas os pecadores à conversão (Mt 9,13), para fazer voltar os desviados pelo pecado. Não temas, pois. Está Deus no meio de ti, não serás abalada (cf. Dt 7,21).

De mãos erguidas, recebe-o, a ele que gravou nas próprias mãos tuas muralhas. Acolhe-o, a ele que cavou em suas palmas teus fundamentos. Recebe-o, a ele que tomou para si tudo o que é nosso, à exceção do pecado, a fim de mergulhar tudo que é nosso no que é dele. Alegra-te, cidade-mãe, Sião; não temas. Celebra tuas festas (Na 2,1). Glorifica por sua misericórdia quem em ti vem para nós. Mas também tu, rejubila-te com entusiasmo, filha de Jerusalém, canta, dança de alegria. Resplandece, resplandece (assim aclamamos junto com Isaías, o clarim sagrado), porque chegou tua luz e nasceu sobre ti a glória do Senhor (Is 60,1).

Que luz é esta? Só pode ser aquela que ilumina a todo homem que vem ao mundo (cf. Jo 1,9). A luz eterna, luz que não conhece o tempo e revelada no tempo, luz manifestada pela carne e oculta por natureza, luz que envolveu os pastores e se fez para os magos guia do caminho. Luz que desde o princípio estava no mundo, por quem foi feito o mundo e o mundo não a conheceu. Luz que veio ao que era seu, e os seus não a receberam.

Glória do Senhor. Qual glória? Na verdade, a cruz em que Cristo foi glorificado. Ele, esplendor da glória do Pai, como ele próprio, estando próxima a paixão, disse: Agora é glorificado o Filho do homem e Deus é glorificado nele; e o glorificará sem demora (cf. Jo 13,31-32). Chama de glória neste passo sua exaltação na cruz. Porque a cruz de Cristo é glória e, realmente, sua exaltação. Por isto diz: Eu, quando for exaltado, atrairei todos a mim (Jo 12,32).

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Segunda-feira da 33ª semana do Tempo Comum




Segunda leitura 

Do Tratado sobre o perdão, de São Fulgêncio de Ruspe, bispo 

(Lib. 2,11.2-12,1.3-4: CCL 91A,693-695) 

(Séc. VI) 

Ao vencedor a segunda morte não causará dano 

Num momento, num piscar de olhos, com a última trombeta, pois soará uma trombeta, os mortos ressurgirão incorruptos e nós seremos mudados (1Cor 15,52). Dizendo "nós , Paulo mostra que alcançarão junto com ele o dom da futura mutação aqueles que agora se mantêm na comunhão eclesial e moral com ele e seus companheiros. Querendo sugerir qual será a mudança, diz: É preciso que o corpo incorruptível se revista de incorruptibilidade, e o mortal se revista de imortalidade (1Cor 15,53). Portanto, para que haja neles a mudança da justa retribuição, precede agora a mudança da gratuita liberalidade.

Aos que nesta vida se mudaram do mal para o bem, promete-se o prêmio da futura mudança. A graça faz com que, primeiro ressurgidos aqui espiritualmente pela justificação, comece a mudança pelo dom divino. Mais tarde, na ressurreição do corpo, que completa a mudança dos justos, a glorificação, sendo sempre perfeita, não sofrerá mudança. A graça da justificação primeiro, e depois da glorificação muda-os de tal forma que esta glorificação neles permanece imutável e eterna.

Aqui são mudados pela primeira ressurreição, que os ilumina, para que se convertam. Por ela passam da morte para a vida, da iniquidade para a justiça, da incredulidade para a fé, das más ações para a vida santa. Por isto, a segunda morte não tem poder sobre eles. O apocalipse refere-se a isto: Feliz quem tem parte na primeira ressurreição; sobre ele não tem poder a segunda morte (Ap 20,6). No mesmo livro, lê-se: Ao vencedor a segunda morte não causará dano (Ap 2,11). Na conversão do coração consiste a primeira ressurreição, no suplício eterno, a segunda morte.

Apresse-se, então, em tornar-se participante da primeira ressurreição quem não quiser ser condenado ao eterno castigo da segunda morte. Pois aqueles que, mudados no presente pelo temor de Deus, passam da vida má para a vida santa, passam da morte para a vida e eles mesmos, em seguida, passarão da vida obscura à glória.


domingo, 17 de novembro de 2019

Domingo da 33ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura 

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo 

(Ps 95,14.15: CCL 39,1351-1353) 

(Séc. V) 

Não ofereçamos resistência à sua primeira vinda, para não termos de recear a segunda
Então todas as árvores das florestas exultarão diante da face do Senhor porque veio, veio julgar a terra (Sl 95,12-13). Veio primeiro e virá depois. Esta sua palavra ressoou pela primeira vez no evangelho: Vereis sem demora o Filho do homem vir sobre as nuvens (Mt 26,64). Que quer dizer: Sem demora? O Senhor não virá depois, quando os povos da terra se lamentarão? Veio primeiro em seus pregadores e encheu o mundo inteiro. Não ofereçamos resistência à primeira vinda, para não termos de recear a segunda.

Que, então, devem fazer os cristãos? Usar do mundo; não servir ao mundo. Como é isto? Possuindo, como quem não possui. O Apóstolo diz: De resto, irmãos, o tempo é breve; que os que têm esposa sejam como se não a tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam do mundo, como se não usassem; pois passa a figura deste mundo. Eu vos quero sem inquietações (1Cor 7,29-32). Quem não tem inquietações, aguarda com serenidade a vinda de seu Senhor. Pois, que amor ao Cristo é esse que teme sua chegada? Irmãos, não nos envergonhamos? Amamos e temos medo de sua vinda. Será que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados? Odiemos, portanto, estes mesmos pecados e amemos aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá. Virá em hora que não sabes; se te encontrar preparado, não haverá importância não saberes.

E exultarão todas as árvores das florestas
. Veio primeiro; depois virá para julgar a terra; encontrará exultantes aqueles que creram em sua primeira vinda, porque veio.

Julgará com equidade o orbe da terra, e os povos em sua verdade
(Sl 95,13). Que significam equidade e verdade? Reunirá junto a si seus eleitos para o julgamento; aos outros separá-los-á dos primeiros; porá uns à direita, outros à esquerda. Que de mais justo, de mais verdadeiro do que não esperarem misericórdia da parte do juiz, aqueles que não quiseram usar de misericórdia antes da vinda do juiz? Quem teve misericórdia, será julgado com misericórdia. Os colocados à direita escutarão: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino que vos foi preparado desde a origem do mundo (Mt 25,34). E aponta-lhes as obras de misericórdia: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber etc. (Mt 25,34-46).

Por sua vez, que se aponta aos da esquerda? Sua falta de misericórdia. Para onde irão? Ide para o fogo eterno (Mt 25,41). Esta palavra suscita grande gemido. Que diz outro salmo? Será eterna a lembrança do justo; não temerá escutar palavra má (Sl 111,6-7). Que quer dizer: escutar palavra má? Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25,4). Quem se alegra com a palavra boa, não temerá escutar a má. É esta a equidade, a verdade.

Porque és injusto, não será justo o juiz? Ou porque és mentiroso, não será veraz a verdade? Se queres, porém, encontrar o Misericordioso, sê tu misericordioso antes de sua chegada: perdoa, se algo foi feito contra ti, dá daquilo de que tens em abundância. Donde vem aquilo que dás, não é dele? Se desses do que é teu, seria liberalidade; quando dás do que é dele, é devolução. Que tens que não recebeste? (1Cor 4,7). São estes os sacrifícios mais aceitos por Deus: misericórdia, humildade, louvor, paz, caridade. Ofereçamo-los e com confiança esperaremos a vinda do juiz que julgará o orbe da terra com equidade, e os povos em sua verdade (Sl 95,13).