quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

SÃO JOÃO CÂNCIO, presbítero

 Nasceu na cidade de Kety, da diocese de Cracóvia, em 1390; recebido o sacerdócio, exerceu por muitos anos o magistério na academia de Cracóvia e, em seguida, o encargo da paróquia de Ilkusi. A uma doutrina segura, muito bem transmitida, uniu as virtudes, principalmente a piedade e a caridade para com o próximo, de forma a tornar-se modelo para os colegas e discípulos. Morreu em 1473. 


Inteiramente único no coração, único nos lábios estava Deus


Dos Documentos do Papa Clemente XIII 


Entre os homens ilustres e notáveis pela doutrina e santidade, que vivem e ensinam a fé autêntica e defendem-na contra o ataque dos adversários, São João Câncio foi certamente digno de ser contado entre poucos. Ninguém que saiba ter ele transmitido na academia de Cracóvia a ciência haurida de fonte puríssima, pode duvidar disso. Quanto mais que naquele tempo, em outras regiões não muito afastadas, grassavam heresias e cismas, Esforçava-se, em sua pregação, por explicar ao povo um modo de viver mais santo e o confirmava peça humildade, castidade, misericórdia, penitência corporal e outras virtudes próprias dos sacerdotes íntegros e dedicados operários. 


Por conseguinte, não apenas acrescentou singular beleza e honra aos professores daquela academia, mas deixou um exemplo maravilhosamente válido para todos os outros que se entregam à mesma profissão: que se dediquem com denodo a exercer o cargo de perfeito mestre e, com todas as veras, se esforcem por ensinar a ciência dos santos junto com as outras disciplinas, para louvor e glória do único Deus.


À reverência com que tratava tudo quanto era divino, unia-se a humildade; tendo-se em conta de nada, a ninguém jamais se antepôs, embora com facilidade o primasse na ciência, desejava, contudo, ser desdenhado e rejeitado por todos; longe dele não suportar com tranqüilidade, mesmo os seus caluniadores e os que o tratavam com desprezo.


Companheira da humildade era sua rara simplicidade, digna de uma criança. Em seus atos e palavras, nada de falso, nada de fingido; o que guardava no coração, isto mesmo estava-lhe na ponta da língua. Quando, falando a verdade, percebia ter talvez com suas palavras ofendido a outrem, antes de aproximar-se do altar, pedia perdão de sua falta e também das alheias. Cada dia, terminada sua obrigação, ia logo diretamente do liceu ao templo, onde diante de Cristo escondido na eucaristia, prolongava sua contemplação e preces. Totalmente único no coração, único nos lábios estava Deus.