sábado, 25 de julho de 2020

Sábado da 16ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Das Homilias sobre a segunda Carta aos Coríntios, de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. 13,1-2: PG 61, 491-492)
(Séc. IV)

Nosso coração se dilatou

Nosso coração se dilatou. Aquilo que produz calor costuma dilatar. Assim é próprio da caridade dilatar, pois é uma virtude cálida e fervente. Ela abria também a boca de Paulo e lhe dilatava o coração. "Não amo só de boca, diz ele; meu coração, em verdade, harmoniza-se com o amor; por isso falo confiante, com toda a voz e toda a mente". Nada de mais amplo do que o coração de Paulo que, à semelhança de um enamorado, abraçava a todos os fiéis com intenso amor, sem dividir e enfraquecer a amizade, mas conservando-a indivisa. Que há de admirar se era assim em relação aos homens piedosos, se até aos infiéis da terra inteira seu coração os abraçava? Por isto não diz apenas "Amo-vos", mas, o faz com maior ênfase: Nossa boca se abre, nosso coração se dilata. Guardamos a todos dentro de nós e não de qualquer jeito, mas com imensa amplidão. Pois aquele que é amado, sem temor passeia no íntimo do coração do que ama. Assim diz: Não estais apertados em nós, mas sim em vossos corações. Vê a censura temperada com não pequena indulgência. Isto é bem de quem ama. Não disse: "Vós não me amais", e sim: "Não do mesmo modo". De fato, não queria atormentá-los com maior severidade.
Em várias passagens, extraindo textos de cada epístola sua, pode-se ver de que amor incrível ardia para com os fiéis. Aos romanos escreve: Desejo ver-vos; e: Muitas vezes fiz o propósito de ir até vós; e também: Se de qualquer modo puder ir fazer-vos boa visita. Aos gálatas escreve: Meus filhinhos, aos quais gero de novo; e aos efésios: Por esta razão dobro meus joelhos por vós. E aos tessalonicenses: Qual a minha esperança ou gáudio, ou coroa de glória? não sois vós? Dizia, também, carregá-los em suas cadeias e em seu coração.
Igualmente aos colossenses escreve: Desejo que vejais, vós e aqueles que ainda não viram meu rosto, a grande luta que sustento por vós, para que vossos corações se fortaleçam. Aos tessalonicenses: À semelhança de uma mãe que acalenta seus filhos, assim amando-vos, desejávamos vos dar não só o Evangelho, mas nossas vidas. Não estais apertados em nós. Não diz apenas que os ama, mas que é amado por eles, para deste modo atraí-los melhor. Pois assim escreve: Tito chegou e contou-nos vosso desejo, vossas lágrimas, vosso zelo.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Sexta-feira da 16ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo

(Lib. 10,43.68-70:CCL 27,192-193)
(Séc. V)

Cristo morreu por todos

Aquele que em tua secreta misericórdia revelaste aos humildes e lhes enviaste para que nos ensinasse a humildade, o verdadeiro mediador, esse mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, apareceu entre os pecadores mortais como justo mortal: mortal com os homens, justo com Deus. Sendo a recompensa da justiça a vida e a paz, pela justiça unida a Deus, ele destruiu a morte dos ímpios justificados, através dessa morte que desejou igual à deles. Quanto nos amaste, Pai bom, que não poupaste teu Filho único, mas por nós, ímpios, o entregaste! Como nos amaste, quando por nós ele não julgou rapina ser igual a ti, fez-se obediente até à morte da cruz, ele, o único livre entre os mortos, com poder de entregar sua vida e o poder de retomá-la! Tudo ele fez por nós, diante de ti vitorioso e vítima, vitorioso porque vítima. Por nós, diante de ti sacerdote e sacrifício, sacerdote porque sacrifício. Fazendo de nós, servos, filhos para ti, nascendo de ti, a nós servindo.
Com muita razão minha grande esperança está nele, porque curarás todas as minhas fraquezas, por aquele que se assenta à tua direita e intercede por nós. De outro modo, desesperaria. Pois são muitas e grandes estas minhas fraquezas. São muitas e enormes. Porém muito maior é teu remédio. Teríamos podido pensar que teu Verbo estava longe de unir-se aos homens e entregarmo-nos ao desespero, se ele não se tivesse feito carne e habitado entre nós. Apavorado com meus pecados e com o peso de minha miséria, eu revolvia no espírito e pensava em fugir para o deserto. Mas me impediste e me fortaleceste dizendo-me: Para isto Cristo morreu por todos, para que os que vivem não mais vivam para si, mas para aquele que por eles morreu.
Agora, Senhor, lanço em ti meus cuidados para viver e considerarei as maravilhas de tua lei. Tu conheces minha ignorância e fragilidade: ensina-me, cura-me! O teu Único, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, me remiu por seu sangue. Não me caluniem os soberbos, porque reflito no preço dado por mim. Como, bebo, distribuo e, pobre, desejo saturar-me dele entre aqueles que dele comem e são saciadosCom efeito, louvarão o Senhor aqueles que o procuram.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Quinta-feira da 16ª semana do Tempo Comum


Segunda leitura

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Ambrósio, bispo

(Ps 43,89-90: CSEL 64,324-326)
(Séc. IV)

A luz de tua face foi marcada sobre nós

Por que voltas o rosto? Julgamos que Deus vira o rosto, quando estamos em qualquer aflição, de modo que as trevas se espalham sobre nossos afetos e, assim impedidos, não conseguimos encher os olhos com o fulgor da verdade. De fato, se Deus olhar para nosso espírito e se dignar visitar nossa mente, podemos estar certos de que coisa alguma nos envolverá de escuridão. Na verdade, se o rosto do homem brilha mais do que todas as partes do corpo e, fitando-o, ficamos conhecendo alguém antes desconhecido ou reconhecemos o já conhecido, que não se furta a nosso olhar, quanto mais o rosto de Deus iluminará a quem olha!
Também nisto, como em tantas outras coisas, o Apóstolo, verdadeiro intérprete de Cristo, é muito claro para iluminar nossas mentes com melhor palavra e sentido. Assim diz: Porque Deus, que ordenou à luz resplandecer nas trevas, refulgiu em nossos corações para o esclarecimento da ciência da glória do Senhor na face do Cristo Jesus. Sabemos, pois, onde Cristo em nós refulge. É o fulgor eterno das mentes, que o Pai enviou à terra para que em seu rosto resplandecente possamos contemplar as realidades eternas e celestes, nós que éramos antes presa da escuridão terrena.
Por que falo de Cristo, quando até o apóstolo Pedro disse ao paralítico de nascimento: Olha para nós? Olhou para Pedro e foi iluminado com a graça da fé; não teria recuperado a saúde se não fosse fiel em acreditar.
Tamanha glória já enchia os apóstolos, mas Zaqueu, tendo ouvido dizer que o Senhor Jesus passaria, subiu a uma árvore, pois era pequeno e não podia vê-lo no meio da multidão. Viu Cristo e encontrou a luz. Viu, portanto, aquele que tirava dos outros e dá do que é seu.
Por que voltas o rosto? – quer dizer: mesmo que afastes, Senhor, teu rosto de nós, no entanto, foi marcada em nós a luz de tua face, Senhor. Guardamos tal luz em nossos corações e no íntimo da alma ela refulge. Na verdade, ninguém pode subsistir se desviares o rosto.