sábado, 19 de junho de 2021

SÃO ROMUALDO, ABADE

 Nasceu em Ravena (Itália), nos meados do século X. Tendo abraçado a vida eremítica, por muitos anos percorreu vários lugares em busca de solidão, edificando pequeninos mosteiros. Lutou valorosamente contra o relaxamento de costumes dos monges de seu tempo, enquanto, por sua parte, progredia com empenho no caminho da santidade pelo perfeito exercício das virtudes. Morreu por volta de 1027.

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 Segunda leitura

Da Vida de São Romualdo, escrita por São Pedro Damião

(Cap. 31 e 69: PL 144,982-983.1005-1006)
(Séc. XI)

 Renunciando a si mesmo e seguindo a Cristo
Romualdo passou três anos nas vizinhanças da cidade de Parenzo. No primeiro ano, construiu um mosteiro e colocou nele uma comunidade de irmãos com seu abade; nos dois anos seguintes, aí permaneceu enclausurado. Nesse lugar, a vontade divina o elevou a tão alto grau de perfeição que, inspirado pelo Espírito Santo, previu acontecimentos futuros e, com a luz da inteligência, pôde compreender muitos mistérios ocultos do Antigo e do Novo Testamento.
Era freqüentemente tão arrebatado pela contemplação da divindade que se desfazia em lágrimas e, ardendo no fogo do amor divino, tinha expressões como esta: “Jesus, meu amado Jesus, para mim mais doce do que o mel, desejo inefável, doçura dos santos, suavidade dos anjos”. Estes e outros sentimentos de alegria profunda a que era movido pela ação do Espírito Santo, nós não somos capazes de exprimir com palavras humanas.
Em qualquer lugar que o santo varão decidisse morar, sua primeira providência era fazer uma cela com um altar. Em seguida, fechando-se nela, isolava-se de toda a gente.
Depois de ter vivido em vários lugares, sentindo que se aproximava o fim de sua vida, voltou ao mosteiro que construíra em Val di Castro. Aí, esperando como certa a morte iminente, mandou construir uma cela com oratório, para nela se recolher e guardar silêncio até o fim.
Acabada a construção dessa ermida, com mente lúcida, dispôs-se imediatamente para nela se recolher. No entanto, seu estado começou a se agravar não tanto pela doença mas devido ao peso dos anos. E assim, certo dia, sentiu que lhe faltavam as forças e aumentava a fadiga causada pelas enfermidades. Ao pôr do sol, ordenou aos dois irmãos que ali se achavam que saíssem e fechassem a porta da cela; e que voltassem de madrugada, a fim de cantarem juntos o ofício das Laudes. Preocupados com seu estado de saúde, os irmãos saíram a contragosto mas não foram descansar; ficaram junto da cela, observando aquele tesouro de valor inestimável, temendo que, de um momento para outro, seu mestre pudesse morrer. Permanecendo por ali e passando algum tempo, escutando com atenção, deram-se conta de que não havia qualquer movimento do corpo nem o menor ressonar.
Convencidos do que havia acontecido, empurraram a porta, entraram depressa e acenderam a luz. Encontraram o corpo santo de Romualdo caído no chão e deitado de costas; a alma santa já tinha partido para o céu. Ali jazia ele, como pedra preciosa caída do céu e abandonada, para ser novamente colocada, com todas as honras, no tesouro do rei supremo.

domingo, 13 de junho de 2021

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA (LISBOA), PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

  Memória

 Nasceu em Lisboa (Portugal), no final do século XII. Foi recebido entre os Cônegos Regulares de Santo Agostinho, mas pouco depois de sua ordenação sacerdotal transferiu-se para a Ordem dos Frades Menores com a intenção de dedicar-se à propagação da fé entre os povos da África. Foi entretanto na França e na Itália que ele exerceu com excelentes frutos o ministério da pregação, convertendo muitos hereges. Foi o primeiro professor de teologia na sua Ordem. Escreveu vários sermões, cheios de doutrina e de unção espiritual. Morreu em Pádua no ano de 1231.
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Segunda leitura

Dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero

(I.226)
(Séc.XII)

 A palavra é viva quando são as obras que falam
Quem está repleto do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, a saber: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos estas línguas quando os outros as vêem em nós mesmos. A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da lei quem destrói a doutrina por suas obras.

 Os apóstolos, entretanto, falavam conforme o Espírito Santo os inspirava (cf. At 2,4). Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme suas idéias! Pois há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como suas, atribuindo-as a si mesmos. Destes e de outros semelhantes, diz o Senhor por meio do profeta Jeremias: Terão de se haver comigo os profetas que roubam um do outro as minhas palavras. Terão de se haver comigo os profetas, diz o Senhor, que usam suas línguas para proferir oráculos. Eis que terão de haver-se comigo os profetas que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, que os contam, e seduzem o meu povo com suas mentiras e seus enganos. Mas eu não os enviei, não lhes dei ordens, e não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor (Jr 23,30-32).

 Falemos, portanto, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe humilde e devotamente que derrame sobre nós a sua graça, a fim de podermos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e na observância do decálogo. Que sejamos repletos de um profundo espírito de contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores divinos. Desse modo, ardentes e iluminados pelos esplendores da santidade, mereceremos ver o Deus Uno e Trino.