terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

OS SETE SANTOS FUNDADORES DOS SERVITAS

 

Os sete fundadores da ordem dos Servos da Santíssima Virgem Maria  

 

 Memória Facultativa

 

Os Sete santos fundadores nasceram em Florença. Levaram  primeiramente vida eremítica no monte Senário, venerando de modo particular a Santíssima Virgem Maria. Depois dedicaram-se à pregação por toda a Toscana e fundaram a Ordem dos Servos de Maria (Servitas), aprovada em 1304 pela Sé Apostólica. Celebra-se hoje a sua memória porque, segundo consta, neste dia morreu Santo Aleixo Falconieri, um dos sete, em 1310.

 

Segunda leitura

Da Legenda sobre a origem da Ordem dos Servos de Maria

(Monumenta Ord. Serv. B. Mariae Virginis, 1,3.5.6.9.11, pp. 71ss)
(Séc. XIV)

 Louvemos os homens gloriosos
Houve sete homens, dignos de reverência e de honra, que Nossa Senhora reuniu como sete estrelas, para dar início com a sua fraterna união de alma e de corpo, à Ordem sua e de seus servos.
Quando entrei para nossa Ordem, já não encontrei vivo nenhum deles, com exceção do Irmão Aleixo. Foi do agrado de Nossa Senhora preservá-lo da morte corporal até os nossos dias, para que pudéssemos obter, por seu intermédio, informações sobre a origem de nossa Ordem. Como pude verificar por experiência e com meus próprios olhos, a vida desse Irmão Aleixo não apenas servia de exemplo a todos que o rodeavam, mas também era um testemunho vivo do estado de perfeição e profunda religiosidade com que ele e seus companheiros tinham iniciado a mencionada Ordem.
Do modo de vida desses sete homens, antes de terem iniciado a vida em comum, quero realçar quatro aspectos.
Em primeiro lugar, com relação à Igreja. Alguns deles, por estarem decididos a guardar virgindade ou castidade perfeita, não se casaram; outros já estavam ligados pelo vínculo do matrimônio; outros, enfim, eram viúvos.
Em segundo lugar, com relação ao serviço da sociedade civil. Eram todos negociantes, e compravam e vendiam bens terrenos. Mas quando descobriram a pérola preciosa, isto é, a nossa Ordem, não só deram aos pobres tudo o que possuíam, mas entregaram-se a si mesmos a Deus e à Senhora para servi-los com toda a alegria e fidelidade.
O terceiro aspecto diz respeito à veneração e culto de Nossa Senhora. Em Florença, havia uma certa irmandade, fundada já há muito tempo, em honra da Virgem Maria; por sua antiguidade, pelo número de seus membros e pela santidade dos homens e mulheres que dela faziam parte, tinha posição de destaque no meio das outras irmandades; e por isso era chamada “Companhia de Nossa Senhora”. Dela também faziam parte os sete homens como membros especialmente devotos de Nossa Senhora, antes de se reunirem em comunidade.
O quarto aspecto diz respeito à perfeição de suas almas. Amavam a Deus sobre todas as coisas; e dirigindo para ele tudo o que faziam como sendo de justiça, honravam-no por pensamentos, palavras e ações.
Depois que, por inspiração divina, decidiram com firme propósito viver em comum – estimulados de modo particular por Nossa Senhora – dispuseram de suas casas e famílias, deixando a estas o necessário, e distribuíram o resto entre os pobres. Foram, contudo, procurar homens sensatos e de vida exemplar aos quais confiaram seu projeto.
Subiram ao monte Senário e, em cima, construíram uma pequena casa onde foram morar juntos. Ali começaram a pensar não só na própria santificação, mas também na possibilidade de aceitar outros membros e fazer crescer a nova Ordem, que Nossa Senhora havia começado por meio deles. Por isso, trataram de acolher novos irmãos, recebendo alguns que queriam viver com eles. E assim deram início à nossa Ordem. É principalmente a Nossa Senhora que se deve este empreendimento, fundado na humildade de nossos irmãos, construído na sua concórdia e conservado na pobreza.


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Sexto Domingo do Tempo Comum

 

Segunda leitura 
 
Do Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo Efrém, diácono 
 
(1,18-19: SCh 121,52-53) 
 
(Séc. IV) 
 
A Palavra de Deus, fonte inexaurível de vida 
 
Que inteligência poderá penetrar uma só de vossas palavras, Senhor? Como sedentos a beber de uma fonte, ali deixamos sempre mais do que aproveitamos.

A palavra de Deus, diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas. O Senhor coloriu com muitos tons sua palavra. Assim, quem quiser conhecê-la, pode nela contemplar aquilo que lhe agrada. Nela escondeu inúmeros tesouros, para que neles se enriqueçam todos os que a eles se aplicarem.

A palavra de Deus é a árvore da vida a oferecer-te por todos os lados o fruto abençoado, à semelhança do rochedo fendido no deserto que, por todo lado, jorrou a bebida espiritual. Comiam, diz o Apóstolo, do alimento espiritual e bebiam da bebida espiritual.

Se, portanto, alguém alcançar uma parcela desse tesouro, não pense que este seja o único conteúdo desta palavra, mas considere que encontrou apenas uma porção do muito nela contido. Se só esta parcela esteve a seu alcance, não diga que essa palavra seja pobre e estéril, nem a despreze. Pelo contrário, visto que não pode abraçá-la totalmente, dê graças por sua riqueza. Alegra-te por seres vencido, não te entristeças por te ultrapassar. O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois, se tua sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal.

Dá graças, então, pelo que recebeste. Pelo que ainda restou e transbordou não te entristeças. Aquilo que recebeste e a que chegaste é a tua parte. O que sobrou é tua herança. Se, por fraqueza tua, em uma hora não consegues entender, em outras horas, se perseverares, poderás recebê-lo. Não te esforces, com maligna intenção, por beber de um só trago aquilo que não pode ser tomado de uma vez. Não desistas, por indolência, de tomá-lo aos poucos.