quinta-feira, 20 de maio de 2021

SÃO BERNARDINO DE SENA, PRESBÍTERO

 Nasceu em Massa Marítima, na Toscana (Itália), em 1380; entrou na Ordem dos Frades Menores, e foi ordenado presbítero. Percorreu toda a Itália, exercendo o ministério da pregação com grande proveito para as almas. Divulgou a devoção ao Santíssimo Nome de Jesus, e teve um papel importante na promoção dos estudos e da disciplina religiosa de sua Ordem, tendo também escrito alguns tratados teológicos. Morreu em Áquila no ano 1444.

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Segunda leitura

Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero

(Sermo 49, De glorioso Nomine Iesu Christi, cap. 2: Opera omnia, 4,505-506)
(Séc. XV)

O nome de Jesus é a luz dos pregadores
O nome de Jesus é a luz dos pregadores porque ilumina com o seu esplendor os que anunciam e os que ouvem a sua palavra. Por que razão a luz da fé se difundiu no mundo inteiro tão rápida e ardentemente, senão porque foi pregado este nome? Não foi também pela luz e suavidade do nome de Jesus que Deus nos chamou para a sua luz maravilhosa? (1Pd 2,9). Com razão diz o Apóstolo aos que foram iluminados e nesta luz vêem a luz: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz (Ef 5,8).

Portanto, é necessário proclamar este nome para que a sua luz não fique oculta, mas resplandeça. Entretanto, ele não deve ser pregado com o coração impuro ou com a boca profanada; deve ser guardado e proferido por meio de um vaso escolhido.
Por isso, diz o Senhor, referindo-se ao Apóstolo: Este homem é para mim um vaso escolhido para anunciar o meu nome aos pagãos, aos reis e ao povo de Israel (cf. At 9,15). Um vaso escolhido, diz o Senhor, onde se expõe uma bebida de agradável sabor, para que o brilho e o esplendor dos vasos preciosos provoquem o desejo de beber: para anunciar – acrescenta – o meu nome.
Com efeito, para limpar os campos se queimam com o fogo os espinheiros secos e inúteis; aos primeiros raios do sol nascente, as trevas desaparecem, e os ladrões, os noctívagos e os arrombadores de casas desaparecem. Da mesma forma, quando Paulo pregava aos povos – semelhante a um forte estrondo de trovão ou à irrupção de um violento incêndio mais luminoso que o nascer do sol – desaparecia a falta de fé, morria a falsidade e resplandecia a verdade, à semelhança da cera que se derrete ao calor de um fogo ardente.
Ele levava o nome de Jesus a toda parte por meio de suas palavras, cartas, milagres e exemplos. De fato, continuamente louvava nome de Jesus e cantava-lhe hinos de ação de graças (Eclo 51,15; Ef 5,19-20).
O Apóstolo também apresentava este nome como uma luz aos pagãos, aos reis e ao povo de Israel, iluminava as nações e proclamava por toda parte: A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia (Rm 13,12-13). E mostrava a todos a lâmpada que arde e ilumina sobre o candelabro, anunciando em todo lugar a Jesus Cristo crucificado (1Cor 2,2).
Assim, a Igreja, esposa de Cristo, sempre apoiada em seu testemunho, alegra-se com o Profeta, dizendo: Deus, vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas (Sl 70,17), isto é, continuamente. Também o mesmo Profeta a isto nos exorta: Cantai ao Senhor Deus e bendizei seu santo nome! Dia após dia anunciai sua salvação (Sl 95,2), quer dizer, Jesus, o Salvador.

terça-feira, 18 de maio de 2021

SÃO JOÃO I, PAPA E MÁRTIR

 Nasceu na Toscana e foi eleito bispo da Igreja de Roma, em 523. O rei Teodorico enviou-o a Constantinopla como seu delegado junto ao imperador Justino; ao regressar, Teodorico, descontente com o resultado de sua missão diplomática, mandou prendê-lo e encarcerar em Ravena, onde morreu, em 526.

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Segunda leitura

Das Cartas de São João de Ávila, presbítero

(Carta aos amigos, 58: Opera omnia, edit. B.A.C. 1,533-534)
(Séc. XVI)

Que a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação. Ele nos consola em todas as nossas aflições, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição. Pois, à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós, cresce também a nossa consolação por Cristo (2Cor 1,3-5).
Estas palavras são do apóstolo Paulo. Por três vezes foi batido com varas, cinco vezes açoitado, uma vez apedrejado até ser deixado como morto; foi perseguido por todo tipo de gente e atormentado por toda espécie de flagelos e sofrimentos, não uma ou duas vezes, mas, como ele mesmo diz em outro lugar: Somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos (2Cor 4,1).
Em todas essas tribulações não murmura nem se queixa de Deus, como costumam fazer os fracos; não se entristece, como aqueles que amam a glória e o prazer; não roga a Deus que o livre dos sofrimentos, como os que não o conhecem e, por isso, recusam deles compartilhar; não os julga pouca coisa, como quem não lhes dá valor; mas, pondo de lado toda ignorância e fraqueza, bendiz a Deus no meio destas aflições e agradece a quem lhas dá. Reconhece nelas não pequena mercê e considera-se feliz por poder sofrer algo, em honra daquele que tantas ignomínias suportou para libertar-nos dos vexames a que estávamos sujeitos pelo pecado. Por seu Espírito e pela adoção de filhos de Deus, ele nos cobriu de beleza e de honra, dando-nos também o penhor e a garantia de gozarmos com ele e por ele no céu.
Oh! irmãos meus, muito queridos! Abra Deus os vossos olhos para que vejais quanta recompensa existe para nós naquilo que o mundo despreza; quanta honra recebemos ao sermos desonrados por buscarmos a glória de Deus; quanta glória nos está reservada por causa da humilhação presente; como são carinhosos e amigos os braços que Deus nos abre para receber os que foram feridos nos combates por sua causa; sem dúvida, a doçura desses braços é incomparavelmente maior do que todo o mel que os esforços deste mundo podem dar. E se algum entendimento há em nós, havemos de desejar ardentemente esses braços; pois quem não deseja aquele que é a plenitude do amor, senão quem não sabe verdadeiramente o que é desejar?
Pois bem, se vos agradam aquelas festas e se as desejais ver e gozar, tende por certo que não há caminho mais seguro do que o sofrimento. É este o caminho por onde passaram Cristo e todos os seus. Ele o chama caminho estreito, mas é o que conduz diretamente à vida. Ensina-nos também que, se queremos chegar aonde ele está, devemos seguir o mesmo caminho que percorreu. Não convém que, tendo o Filho de Deus passado pelo caminho da ignomínia, sigam os filhos dos homens pelo caminho das honras; porque o discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor (Mt 10,24).
Queira Deus que neste mundo a nossa alma não encontre outro descanso nem escolha outra vida que não sejam os sofrimentos da cruz do Senhor.