sábado, 11 de janeiro de 2020

Sábado depois da Epifania


Dos Sermões de São Fausto de Riez, bispo 

(Sermo 5, de Epiphania 2: PLS 3, 560-562)     

(Séc. V) 

As núpcias de Cristo e da Igreja 

No terceiro dia, houve um casamento (Jo 2,1). Que casamento é este senão as promessas e as alegrias da salvação humana, insinuada no significado místico do número três, quer em referência à proclamação da Trindade quer à fé na ressurreição do Senhor ao terceiro dia? No mesmo sentido se lê também noutra passagem do Evangelho, que o regresso do filho pródigo, símbolo da conversão dos pagãos, foi celebrado com música, danças e vestes nupciais.
Por isso, como um esposo que se levanta do quarto nupcial (Sl 18,6), Cristo veio à terra a fim de unir-se pela encarnação à Igreja em que haviam de reunir-se os povos pagãos. Deu-lhe penhor e dote: penhor, quando Deus se uniu ao homem; dote, quando se imolou pela salvação do homem. Pelo penhor, entendemos a presente redenção; pelo dote, a vida eterna. Tudo isso eram milagres para os que viam; e  mistério para os que compreendiam seu sentido. Se considerarmos com atenção, veremos que a própria água, transformada em vinho, nos apresenta, de certo modo, a imagem do batismo e da vida nova. De fato, quando algo se transforma interiormente, quando uma criatura passa de um estado inferior a outro melhor por uma íntima mudança, realiza-se o mistério de um segundo nascimento. As águas são repentinamente transformadas, para em seguida transformar os homens.
Na Galiléia, por intervenção de Cristo, a água transformou-se em vinho, quer dizer, cessa a lei e sucede-lhe a graça; as sombras são desfeitas e a verdade se manifesta; as coisas materiais cedem às espirituais; a lei antiga se transforma no Novo Testamento. Como diz o Apóstolo, o mundo velho desapareceu; tudo agora é novo (2Cor 5, 17). E assim como a água contida nas talhas nada perde do que era e começa a ser o que não era, também a lei não deixa de existir, mas se aperfeiçoa com a vinda de Cristo.
Tendo faltado uma qualidade de vinho, serviu-se outra. É certamente bom o vinho do Antigo Testamento, mas o do Novo é melhor. O Antigo Testamento, que os judeus observam, dilui-se na letra; o Novo, que seguimos, tem o sabor da vida da graça. Considera-se bom vinho o bom preceito da lei, quando ouves: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo (Mt 5,43). Melhor, contudo, e mais forte é o vinho do Evangelho, quando ouves: Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem (Mt 5,44).

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Sexta-feira depois da Epifania


Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo 

(Sermo 100, de sancta Epiphania 1, 3: CCL 23, 398-400) 

(Séc. V) 


Os sinais do  batismo do Senhor 

O evangelho nos conta que o Senhor foi ao Jordão para ser batizado e quis ser consagrado neste rio por sinais do céu. Não é sem razão que celebramos esta festa pouco depois do dia do Natal do Senhor, já que os dois acontecimentos se verificaram na mesma época, embora com diferença de anos; julgo que também ela deve chamar-se festa do Natal.
No dia do Natal, Cristo nasceu entre os homens; hoje renasce pelos sinais sagrados; naquele dia, nasceu da Virgem; hoje é gerado pelos sinais do céu. No Natal, ao nascer o Senhor segundo a natureza humana, Maria, sua mãe, o acaricia em seu colo; agora, ao ser gerado entre os sinais celestes, Deus, seu Pai, o envolve com sua voz, dizendo: Este é o meu filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o (Mt 17,5). Sua mãe o traz nos braços com ternura, seu Pai lhe presta o testemunho de amor. A Mãe apresenta-o aos magos para que o adorem, o Pai apresenta-o às nações para que o reverenciem. O Senhor Jesus foi, portanto, receber o batismo e quis que seu santo corpo fosse lavado nas águas. Talvez alguém diga: “Se ele era santo, por que quis ser batizado?” Escuta: Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é sobretudo a consagração da água.
Assim, quando o Salvador é lavado, todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo. Vejo aqui um significado misterioso: também a coluna de fogo ia na  frente através do mar Vermelho, para que os filhos de Israel a seguissem corajosamente no caminho; foi a primeira a atravessar as águas, a fim de abrir caminho aos que vinham atrás. Este acontecimento, como diz o Apóstolo, era uma figura do batismo. Foi certamente uma espécie de batismo, no qual os homens eram cobertos pela nuvem e passavam através das ondas.
Tudo isso foi realizado pelo mesmo Cristo nosso Se-nhor, que agora, na coluna do seu corpo, precede no batismo os povos cristãos, como outrora, na coluna de fogo, precedeu através do mar os filhos de Israel. Sim, é a mesma coluna que outrora iluminou os olhos dos caminhantes que hoje enche de luz os corações dos que crêem. Outrora abriu um caminho seguro entre as ondas, hoje firma no batismo os passos da nossa fé.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Quinta-feira depois da Epifania


Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo 

(Lib. 5, cap. 2: PG 73, 751-754) 

(Séc. V) 

A efusão do Espírito Santo sobre todos os homens 

Tendo o Criador do universo decidido restaurar todas as coisas em Cristo, dentro da mais admirável e perfeita ordem, e restituir à natureza humana sua condição original, prometeu, junto com os outros dons que daria copiosamente, conceder o Espírito Santo. Pois, de outro modo o homem não poderia ser reintegrado na posse tranqüila e permanente desses dons.
Determinou, portanto, o tempo em que o Espírito Santo desceria sobre nós, isto é, o da vinda de Cristo, prometendo com estas palavras: Naqueles dias, a saber, nos dias do Salvador, derramarei meu Espírito sobre todo ser humano (Jl 3,1). Quando esse tempo de imensa e gratuita liberalidade trouxe ao mundo o Filho Unigênito encarnado, isto é, como homem nascido de mulher, segundo a Sagrada Escritura, novamente Deus Pai nos concedeu o seu Espírito, sendo Cristo o primeiro a recebê-lo como primícias da natureza renovada. João Batista o testemunhou dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu, e permanecer sobre ele (Jo 1,32).
Afirma-se que Cristo recebeu o Espírito enquanto homem e enquanto convinha ao homem recebê-lo; embora seja Filho de Deus Pai e gerado de sua substância, mesmo antes da encarnação, e mais ainda, antes de todos os séculos, não se ofende ao ouvir Deus Pai declarar-lhe, depois que se fez homem: Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei (Sl 2,7).
O Pai diz que foi gerado hoje aquele que antes dos séculos era Deus, gerado por ele, para receber-nos em Cristo como filhos adotivos. Com efeito, toda a natureza humana se encontra em Cristo enquanto homem. Assim o Pai dá ao Filho seu próprio Espírito, a fim de que em Cristo também nós o recebamos. Por esse motivo, Cristo veio em auxílio da descendência de Abraão, como está escrito, e tornou-se em tudo semelhante a seus irmãos.
O Unigênito de Deus não recebeu o Espírito Santo para si mesmo; com efeito, esse Espírito que é seu, nos é dado nele e por ele, como já dissemos antes, pois, tendo-se feito homem, tinha em si a totalidade da natureza humana, a fim de restaurá-la toda e restituir-lhe a integridade original. Podemos ver assim – se quisermos aplicar um reto raciocínio e os testemunhos da Escritura – que Cristo não recebeu o Espírito Santo para si mesmo, mas para que o recebêssemos nele; pois é também por ele que recebemos todos os bens.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Quarta-feira depois da Epifania


Dos Sermões de São Proclo de Constantinopla, bispo 

(Oratio 7 in sancta Teophania, 1-3: PG 65, 758-759) 

(Séc. V) 


A santificação das águas 

Cristo manifestou-se ao mundo e, pondo ordem onde havia desordem, encheu-o de beleza e alegria. Tirou o pecado do mundo e do mundo expulsou o inimigo. Santificou as fontes das águas e iluminou os corações dos homens. Aos milagres, acrescentou milagres ainda maiores. Hoje a terra e o mar repartiram entre si a graça do Salvador, e o mundo inteiro encheu-se de alegria. Este dia nos apresenta maior profusão de milagres que a solenidade anterior. De fato, na precedente festa do nascimento do Salvador, a terra se alegrava por ter o Senhor no presépio; mas neste dia das Teofanias, é o mar que exulta e estremece de júbilo, porque recebeu a bênção santificadora por meio do rio Jordão.
A solenidade passada nos apresentava uma criança frágil, atestando nossa imperfeição. Na festa de hoje, porém, vemos um homem perfeito, que de modo velado, nos manifesta a perfeição daquele que procede do Ser perfeito. Da primeira vez, o Rei vestia a púrpura do corpo humano; agora, as águas do rio envolvem qual manto aquele que é a fonte. Considerai, pois, e vede estes novos e estupendos milagres: o sol da justiça que se banha no Jordão, o fogo mergulhado na água, Deus santificado pelo ministério de um homem.
Hoje toda a criação entoa hinos e proclama: Bendito o que vem em nome do Senhor (Sl 117,26). Bendito o que vem em todo tempo, pois não é esta a primeira vez que veio. E quem é ele? Dize-nos mais claramente, peço-te, santo Davi: O Senhor é o Deus que nos ilumina (Sl 117, 27). Não foi só o profeta Davi que disse; também o apóstolo Paulo confirmou o seu testemunho com estas palavras: A graça de Deus se manifestou trazendo a salvação para todos os homens; ela  nos ensina (Tt 2,11). Não somente para alguns, mas para todos. Sim, para todos, para os judeus e para os gregos, a salvação é dada por meio do batismo, que oferece a todos um benefício universal.
Prestai atenção, contemplai o novo e admirável dilúvio, maior e mais poderoso que o do tempo de Noé. No primeiro dilúvio, a água fez perecer o gênero humano; agora, porém, a água do batismo, pelo poder daquele que foi batizado por João, chama os mortos para a vida. No primeiro dilúvio, uma pomba, trazendo no bico um ramo de oliveira, anunciava o odor de suavidade do Cristo; agora, o Espírito Santo, vindo em forma de pomba, mostra-nos o Senhor cheio de misericórdia.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Terça-feira depois da Epifania


Do Sermão sobre a Santa Teofania, atribuído a Santo Hipólito, presbítero 

(Nn. 2. 6-8. 10: PG 10, 854. 858-859. 862) 

(Séc. III) 

A água e o Espírito 

Jesus veio até João e foi batizado por ele. Ó fato realmente admirável! A torrente infinita que alegra a cidade de Deus é lavada por um pouco d’água. A fonte inesgotável e perene que gera a vida para todos os homens é coberta por um pequeno e passageiro curso d’água. Aquele que está presente sempre e em toda parte, que é incompreensível aos anjos e invisível aos homens, vem receber o batismo por sua própria vontade. Então o céu se abriu e fez-se ouvir uma voz que dizia: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado’ (Mt 3,16.17).
O amado gera o amor e a luz imaterial, a luz inacessível. É este o que chamam filho de José e é também meu Filho único segundo a essência divina. Este é o meu Filho amado. Tem fome e alimenta multidões inumeráveis; afadiga-se e alivia os fatigados; não tem onde reclinar a cabeça e tudo sustenta com suas mãos; sofre e dá remédio a todos os sofrimentos; é esbofeteado e dá liberdade ao mundo; transpassam seu lado e ele cura o lado de Adão.
Prestai-me toda a atenção: quero acorrer ao manancial da vida e contemplar a fonte de onde jorram os remédios da salvação. O Pai da imortalidade enviou ao mundo seu Filho imortal, seu Verbo, que veio ao encontro dos homens para purificá-los na água e no Espírito; e a fim de gerá-los novamente para a incorruptibilidade da alma e do corpo, infundiu-nos o Espírito de vida e revestiu-nos com uma armadura incorruptível.
Se o homem, pois, tornou-se imortal, também será divinizado. E se de fato é divinizado pela água e o Espírito Santo, mediante o banho da regeneração, também será herdeiro com Cristo depois da ressurreição dos mortos. Por isso proclamo com voz forte: Vinde, nações todas, ao batismo que confere a imortalidade. Esta é a água, unida ao Espírito, que irriga o paraíso, fertiliza a terra, dá crescimento às plantas e faz os seres se reproduzirem. Em resumo, esta é a água pela qual os homens recebem nova vida, com a qual o Cristo foi batizado e sobre a qual o Espírito Santo desceu em forma de pomba.
Quem desce com fé a esse banho de  regeneração, renuncia ao demônio e entrega-se a Cristo; renega o inimigo e proclama que Cristo é Deus; renuncia à escravidão e reveste-se da adoção filial; sai do batismo, resplandecente como o sol, irradiando justiça; e mais que tudo isso torna-se filho de Deus e herdeiro com Cristo. A ele a glória e o poder, com seu Espírito santíssimo, bom e vivificante, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Segunda-feira depois da Epifania


Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo 

(Sermo 160: PL 52, 620-622) 

(Séc. V) 

Aquele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós 

Embora no mistério da encarnação do Senhor os sinais de sua divindade tenham sido sempre claros, a solenidade que hoje celebramos manifesta e revela de muitas formas que Deus veio ao mundo num corpo humano, para que os homens, mergulhados nas trevas, não perdessem por ignorância o que só puderam alcançar e possuir pela graça. Com efeito, aquele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós. Por isso manifestou-se deste modo, para que o grande mistério de seu amor não desse ocasião a um grande erro.
Hoje os Magos que o procuravam resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje os Magos vêem claramente, envolvido em panos, aquele que há muito tempo procuravam de modo obscuro nos astros. Hoje os Magos contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que haveria  de morrer.
Assim o povo pagão, que era o último, tornou-se o primeiro, porque a fé dos Magos deu início à fé de todos os pagãos. Hoje Cristo entrou nas águas do Jordão para lavar o pecado do mundo. E João dá testemunho de que foi para isso que veio, ao dizer: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29). Hoje o servo recebe o Senhor, o homem recebe Deus, João recebe Cristo; recebe-o para obter o perdão, não para conceder. Hoje, como disse o profeta, a voz do Senhor ressoa sobre as águas (Sl 28,3). E o que diz esta voz? Eis o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado (Mt 3, 17). Hoje o Espírito Santo, em forma de pomba, paira sobre as águas: assim como uma pomba anunciou a Noé o fim do dilúvio, por sua presença os homens saberiam que havia terminado o ininterrupto naufrágio do mundo. Esta pomba não trouxe, como  a outra, um ramo da antiga oliveira, mas derramou sobre a cabeça do Senhor toda a riqueza do novo óleo, cumprindo-se assim o que o profeta anunciara: É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos (Sl 44,8). Hoje Cristo, convertendo a água em vinho, realiza o primeiro de seus sinais celestes. A água, porém, devia converter-se no sacramento do sangue, a fim de que o Cristo oferecesse aos homens a bebida pura do cálice de seu corpo, conforme a palavra do profeta: O meu cálice precioso transborda (Sl 22,5).

domingo, 5 de janeiro de 2020

Epifania do Senhor


Dos Sermões de São Leão Magno, papa 

(Sermo 3 in Epiphania Domini, 1-3.5: PL 54, 240-244) 

(Séc. V) 


O Senhor deu a conhecer sua salvação ao mundo inteiro 

Tendo a misericordiosa Providência de Deus decidido vir nos últimos tempos em socorro do mundo perdido, determinou salvar todos os povos em Cristo.
Esses povos formam a incontável descendência outrora prometida ao santo patriarca Abraão; descendência gerada não segundo a carne, mas pela fecundidade da fé, e por isso comparada à multidão das estrelas, para que o pai de todos os povos esperasse uma posteridade celeste e não terrestre.
Entrem, pois, todos os povos, entrem na família dos patriarcas, e recebam os filhos da promessa a bênção da descendência de Abraão, à qual renunciaram os filhos segundo a carne. Que todos os povos, representados pelos três Magos, adorem o Criador do universo; e Deus não seja conhecido apenas na Judéia mas no mundo inteiro, a fim de que por toda parte o seu nome seja grande em Israel (Sl 75, 2).
Portanto, amados filhos, instruídos nos mistérios da graça divina, celebremos com alegria espiritual o dia das nossas primícias e do primeiro chamado dos povos pagãos à fé, dando graças a Deus misericordioso que, conforme diz o Apóstolo, nos tornou capazes de participar da luz que é a herança dos santos; ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu amado Filho (Cl 1, 12-13). Pois, como anunciou Isaías, o povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 9, 1). E ainda referindo-se a eles, o mesmo profeta diz ao Senhor: Nações que não vos conheciam vos invocarão e povos que vos ignoravam acorrerão a vós (cf. Is 55, 5).
Esse dia, Abraão viu e alegrou-se (Jo 8, 56) ao saber que seus filhos segundo a fé seriam abençoados na sua descendência, que é  Cristo, e ao prever que, por sua fé, seria pai de todos os povos. E deu glória a Deus, plenamente convencido de que Deus tem poder para cumprir o que prometeu (Rm 4, 20-21). Esse dia, também Davi cantou nos salmos, dizendo: As nações que criastes virão adorar, Senhor, e louvar vosso nome (Sl 85, 9). E ainda: O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça (Sl 97, 2).
Como sabemos, tudo isto se realizou quando os três Magos, chamados de seu longínquo país, foram conduzidos por uma estrela, para irem conhecer e adorar o Rei do céu e da terra. O serviço prestado por esta estrela nos convida a imitar sua obediência, isto é, servir com todas as forças essa graça que nos chama todos para Cristo.
Animados por esse desejo, amados filhos, deveis empenhar-vos em ser úteis uns aos outros, para que no reino de Deus, aonde se entra graças à integridade da fé e às boas obras, resplandeçais como filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos.