quarta-feira, 7 de abril de 2021

SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE, PRESBÍTERO

 Memória

Nasceu em Reims, na França, em 1651. Ordenado sacerdote, dedicou-se principalmente à educação das crianças e à fundação de escolas para os pobres. Com os companheiros que o ajudavam em sua obra, fundou uma Congregação, por cuja subsistência teve que enfrentar muitas provações. Morreu em Ruão (França), em 1719.

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Segunda leitura

Das Meditações de São João Batista de la Salle, presbítero

(Meditatio 201)
(Séc. XVIII)

O amor de Deus nos impulsiona
Considerai o que diz o apóstolo Paulo, isto é, que Deus colocou na Igreja apóstolos, profetas e doutores; e chegareis à conclusão de que foi ele mesmo que vos colocou em vosso cargo. Sobre isto, o mesmo Apóstolo dá testemunho ao dizer que existem diversos ministérios e diversas atividades, mas em cada um deles é o mesmo Espírito Santo que se manifesta em vista do bem comum, ou seja, o bem da Igreja.
Não ponhais em dúvida, portanto, a graça que vos foi dada. Ensinar as crianças, anunciar-lhes o evangelho e educá-las no espírito da religião é um grande dom de Deus. Pois foi ele que vos chamou para tão santo ministério.
Por conseguinte, no vosso modo de ensinar, comportai-vos de tal modo que as crianças confiadas aos vossos cuidados vejam que exerceis vossa atividade como ministros de Deus, com caridade sincera e dedicação fraterna. Além disso, deveis pensar que no cumprimento do vosso dever sois não apenas ministros de Deus, mas também de Jesus Cristo e da Igreja.
É o que afirma São Paulo, quando exorta a todos que considerem como ministros de Cristo os que anunciam o evangelho, os que escrevem aquela carta ditada por Cristo, não com tinta mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra mas nas tábuas de carne do coração, que são os corações das crianças. É o amor de Deus que vos impulsiona, pois Jesus Cristo morreu por todos, de modo que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles. E assim, vossos discípulos, estimulados pelo vosso exemplo e solicitude, sintam que é Deus quem os exorta por vosso intermédio. Porque vós atuais como embaixadores de Cristo.
É necessário, além disso, que mostreis um grande amor à Igreja e lhe deis prova do vosso empenho. Pois trabalhais pela Igreja que é o Corpo de Jesus Cristo. Demonstrai por vosso zelo que amais aqueles que Deus vos entregou, assim como Cristo ama a Igreja.
Esforçai-vos por que os vossos alunos cheguem realmente a fazer parte deste templo e se tornem dignos de um dia se apresentarem no tribunal de Jesus Cristo, gloriosos, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante. E que testemunhem às gerações futuras as transbordantes riquezas da graça que Deus lhes concedeu por vosso intermédio. De fato, é o Senhor que lhes dá a graça de aprender e a vós a de ensiná-los e educá-los, a fim de que recebam a herança do reino de Deus e de Jesus Cristo nosso Senhor.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

SÃO VICENTE FERRER, PRESBÍTERO

 Nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Foi admitido na Ordem dos Pregadores, onde ensinou Teologia. No exercício do ministério da pregação, percorreu muitas regiões, recolhendo abundantes frutos na defesa da verdadeira fé e na reforma dos costumes. Morreu em Vannes, na França, em 1419.

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Segunda leitura

Do Tratado sobre a vida espiritual, de São Vicente Ferrer, presbítero

(Cap. 13: ed. Garganta-Forcada, pp. 513-514)
(Séc. XV)

Sobre o modo de pregar
Nas pregações e exortações, utiliza palavras simples, em tom de conversa, quando se tratar de explicar os deveres particulares. Na medida do possível, serve-te de exemplos, para que o pecador culpado de determinada falta se sinta interpelado como se a pregação fosse só para ele. No entanto, na tua maneira de falar deve transparecer claramente que as advertências não procedem de um espírito soberbo ou irascível, mas de sentimentos de caridade e amor paterno; como um pai que sofre ao ver um filho que erra, gravemente enfermo ou caído no fundo do poço, e se esforça por salvá-lo, livrá-lo do perigo e cuidar dele como se fosse uma mãe. Faze sentir ao pecador tua alegria pelo seu progresso e pela glória que o espera no paraíso.
Este modo de proceder costuma ser proveitoso para os ouvintes. Porque falar em geral sobre as virtudes e os vícios não atrai muito o interesse de quem te escuta.
Também nas confissões, quando confortas os fracos com delicadeza ou quando advertes com severidade os obstinados no mal, mostra sempre sentimentos de amor, para que o pecador sinta a todo momento que tuas palavras são ditadas unicamente pelo amor sincero. Por isso, as palavras carinhosas e mansas antecedam sempre as que atemorizam.
Se desejas, portanto, ser útil ao próximo, recorre primeiro a Deus de todo o coração. Pede-lhe com simplicidade que se digne infundir em ti aquela caridade que é o compêndio de todas as virtudes e a melhor garantia de êxito nas tuas atividades.

domingo, 4 de abril de 2021

SANTO ISIDORO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

 Nasceu em Sevilha (Espanha) cerca do ano 560. Depois da morte do pai, foi educado por seu irmão São Leandro, a quem sucedeu na sede episcopal da sua cidade natal, onde desenvolveu uma grande atividade pastoral e literária. Escreveu muitos livros cheios de erudição, convocou e presidiu vários concílios na Espanha, nos quais foram tomadas muitas medidas sábias para o bem da Igreja. Morreu em 636.

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 Segunda leitura

Dos livros das Sentenças, de Santo Isidoro, bispo

(Lib. 3,8-10: PL 83,679-682)
(Séc. VII)

Homem instruído no reino dos céus
A oração nos purifica, a leitura nos instrui. Pratiquemos uma e outra coisa, porque ambas são boas. Mas se isso não for possível, é melhor orar do que ler.
Quem deseja estar sempre com Deus, deve orar e ler freqüentemente. Quando oramos, falamos com Deus; mas quando lemos, é Deus que fala conosco.
Todo o nosso progresso provém da leitura e da meditação. Pela leitura aprendemos o que ignorávamos; e o que aprendemos, conservamos pela meditação.
É duplo o proveito que tiramos da leitura da Sagrada Escritura: ilumina nossa inteligência e, afastando-nos das vaidades do mundo, leva-nos ao amor de Deus.
Dupla deve ser também a preocupação com o que devemos ler: primeiramente, procurar compreender a Escritura; depois, explicá-la com a devida reverência para proveito do próximo. Evidentemente, só quem procura compreender o que leu estará apto para explicar o que aprendeu.
O leitor diligente pensa mais em praticar o que lê do que em adquirir ciência. Pois é um mal menor não saberes o que desejas do que não cumprires o que sabes. Da mesma forma, assim como lemos para compreender o que é reto, devemos, em seguida, pôr em prática o que compreendemos.
Ninguém pode descobrir o sentido da Sagrada Escritura se não se familiarizar com a sua leitura, como está escrito: Estima-a, e ela te honrará; se a abraçares, ela será tua glória (Pr 4,8).
Quanto mais assíduos formos na leitura da Palavra de Deus, tanto melhor a compreenderemos, à semelhança da terra: quanto melhor é cultivada, tanto mais frutifica.
Há alguns que têm boa inteligência, mas são negligentes em ler os textos sagrados; o seu desinteresse mostra o desprezo por aquilo que a leitura lhes poderia ensinar. Há outros, porém, que desejam saber, mas têm pouca inteligência. Estes, no entanto, através de uma leitura assídua, conseguem aprender aquilo que os mais inteligentes, pela sua preguiça, nunca aprenderão.
Como o menos inteligente consegue, por sua aplicação, recolher o fruto do estudo diligente, aquele que menospreza a inteligência que Deus lhe deu torna-se réu de condenação, porque despreza um dom recebido e o deixa sem fruto.
A doutrina que não é auxiliada pela graça de Deus entra pelos ouvidos, mas não chega ao coração; faz ruído exteriormente, mas interiormente não aproveita ao espírito. A palavra de Deus só desce dos ouvidos para o íntimo do coração quando a graça de Deus tocar a inteligência para fazê-la compreender.