terça-feira, 13 de abril de 2021

SÃO MARTINHO I, PAPA E MÁRTIR

 Nasceu em Todi, na Úmbria (Itália), e fazia parte do clero romano. Em 649, foi eleito para a Cátedra de Pedro. Nesse mesmo ano celebrou um concílio em que foi condenado o erro dos monotelitas. Em 653 foi preso por ordem do imperador Constante e levado para Constantinopla, onde muito teve que sofrer; finalmente, transferido para o Quersoneso, aí morreu em 656.

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Segunda leitura

Das Cartas de São Martinho I, papa

(Epist. 17: PL 87,203-204)
(Séc. VII)

O Senhor está perto, por que me afligir?
É meu constante desejo escrever-vos para reconfortar a vossa caridade e aliviar-vos das preocupações que tendes por minha causa, vós e todos os santos e irmãos meus, que por amor do Senhor tanto se interessam por mim. Também agora vos escrevo acerca dos sofrimentos que me oprimem. Digo-vos a verdade em nome de Cristo nosso Senhor.
Isolado de todo convívio humano e afastado da responsabilidade apostólica, vivo como se não vivesse. Os habitantes desta região são todos pagãos, e aqueles que vieram para cá também adotaram os costumes locais. Não têm o menor sentimento de caridade; e perderam até mesmo o instinto natural de compaixão que os próprios bárbaros tantas vezes demonstram.
Fiquei admirado e continua a surpreender-me a falta de sensibilidade e bondade de todos os que me rodeavam e dos meus amigos e parentes; esqueceram-se tão completamente de meu infortúnio, que nem se interessam por saber onde me encontro nem se ainda estou neste mundo.
E contudo, acusados e acusadores, não somos todos do mesmo barro e da mesma massa? Não havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo? E com que consciência nos apresentaremos diante dele? Que medo é este que se abateu sobre os homens para não cumprirem os mandamentos de Deus? Como se justifica tal temor onde não há o que temer? Até esse ponto somos dominados pelo espírito maligno? Ou será que apareci como inimigo da Igreja universal e contrário a essas pessoas?
Todavia, Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Que ele fortaleça os seus corações na verdadeira fé, por intercessão de São Pedro, e os confirme contra todo herege e inimigo da nossa Igreja. Que ele os conserve inabaláveis, especialmente o pastor que está agora à frente deles. De forma alguma se afastem, se desviem ou abandonem nada daquilo que prometeram diante de Deus e de seus anjos, a fim de poderem receber, juntamente com minha humilde pessoa, das mãos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a coroa da justiça e da fidelidade.
O Senhor cuidará deste meu pobre corpo como lhe aprouver, seja em contínuos sofrimentos ou dando-me algum alívio. Ele está perto de mim, por que me afligir? Espero realmente em sua misericórdia; que ela não demore em pôr fim à minha carreira, como for do seu agrado.
Saudai em nome do Senhor vossas famílias e todos os que por amor de Deus se compadecem de minhas cadeias. O Deus altíssimo vos proteja contra toda tentação, com sua mão poderosa, e vos salve em seu reino.

domingo, 11 de abril de 2021

SANTO ESTANISLAU, BISPO E MÁRTIR

 Memória

Nasceu em Szczepanów (Polônia), cerca do ano 1030. Fez seus estudos em Liège (Bélgica). Ordenado sacerdote, sucedeu a Lamberto como bispo de Cracóvia, em 1072. Governou sua Igreja como bom pastor, socorreu os pobres e todos os anos visitou o seu clero. O rei Boleslau, a quem tinha censurado, mandou matá-lo em 1097.
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Segunda leitura

Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir

(Ep. 58,8-9.11: CSEL 3,663-666)
(Séc. III)

Combatendo o bom combate
Enquanto combatemos o bom combate da fé, Deus, seus anjos e o próprio Cristo nos contemplam. Que glória imensa e que felicidade lutarmos na presença de Deus e sermos coroados por Cristo Juiz! Armemo-nos, queridos irmãos, de coragem e fortaleza, e preparemo-nos para a luta com pureza de espírito, fé inquebrantável e generosa confiança. Avance o exército de Deus para a batalha que nos foi proposta. O santo Apóstolo ensina como nos devemos armar e preparar: Cingi os vossos rins com a verdade, revesti-vos com a couraça da justiça e calçai os vossos pés com a prontidão em anunciar o evangelho da paz. Tomai o escudo da fé, o qual vos permitirá apagar todas as flechas ardentes do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e o gládio do espírito, isto é, a Palavra de Deus (Ef 6,14-17).
Tomemos estas armas, protejamo-nos com estas defesas espirituais e celestes, para podermos resistir e vencer os assaltos do demônio no dia do combate.
Revistamo-nos com a couraça da justiça. Com ela nosso peito estará protegido e seguro contra as flechas do inimigo. Estejam nossos pés calçados e guarnecidos com a doutrina evangélica. Assim, quando pisarmos e esmagarmos a serpente, não seremos mordidos nem vencidos.
Seguremos com firmeza o escudo da fé, para que nele seja destruído tudo quanto o inimigo lançar contra esta proteção.
Tomemos também o capacete espiritual para proteger nossa cabeça; com ele, os ouvidos não escutarão os anúncios da maldade, os olhos não verão as imagens detestáveis, a fronte conservará incólume o sinal de Deus e a boca proclamará vitoriosamente a Cristo, seu Senhor.
Armemos finalmente nossa mão direita com a espada espiritual para rejeitar com determinação os sacrifícios infames; e, lembrando-nos da eucaristia, recebamos o corpo do Senhor e vivamos em união com ele, esperando receber mais tarde, das mãos do mesmo Senhor, o prêmio das coroas celestes.
Que estas realidades, queridos irmãos, fiquem bem gravadas em vossos corações. Se o dia da perseguição nos encontrar nestes pensamentos e meditações, o soldado de Cristo, instruído por suas ordens e preceitos, não temerá o combate, mas estará pronto para a coroa.