sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

SÃO RAIMUNDO DE PEÑAFORT, presbítero


Nasceu nas cercanias de Barcelona, pelo ano de 1175. Tornou-se cônego da Igreja de Barcelona; em seguida foi aceito entre os frades pregadores. Por ordem do papa Gregório IX publicou a coleção das decretais. Eleito superior geral de sua ordem, governou-a com leis excelentes. Dentre seus escritos sobressai a "Suma Casuística", para a correta e frutuosa administração do sacramento da penitência. Morreu em 1275. 


De uma Carta de são Ralmundo, presbítero (Monumenta Ord. Praed Hist. 6, 2, Romae 1901, pp. 84-85)


 Que o Deus da dileção e da paz pacifique vossos corações


Se todos os que querem viver piedosamente em Cristo devem sofrer perseguições, conforme disse, com absoluta verdade o pregador da verdade, ninguém, a meu ver, delas está excluído, a não ser quem negligencia ou não sabe viver "sóbria, justa e piamente".


Quanto a vós, não permita Deus sejais contados entre aqueles que têm casas pacatas, seguras, sem que a mão do Senhor esteja sobre eles; e que passam satisfeitos seus dias e de repente descem aos infernos. Ao contrário, vossa pureza e piedade merecem e mesmo exigem que, aceitos e queridos por Deus, seja essa pureza aprimorada por freqüentes golpes. Por isso, se a espada se duplica ou triplica sobre vós, cumpre recebê-la com toda a alegria, como sinal de amor.


A espada de dois gumes são as lutas fora e os temores dentro. Ela se duplica ou triplica interiormente quando o astucioso espírito com enganos e afagos inquieta o íntimo do coração; mas já aprendestes bastante este gênero de combates; de outra forma seria impossível chegar àquela beleza da paz e da tranqüilidade interior.


Exteriormente a espada se duplica e triplica quando sem motivo se levanta uma perseguição eclesiástica, acerca de assuntos espirituais, em que são mais dolorosas as feridas porque vindas de amigos. Esta é a desejável e bem-aventurada cruz de Cristo que o corajoso André abraçou com alegria, e o vaso de eleição garantiu ser o único motivo de glória. 


Olhai, portanto, para o autor e salvador da fé, Jesus, que, de todo inocente, sofreu também dos seus e foi contado entre os celerados. Bebendo o cálice do Senhor Jesus, dai graças a Deus, doador de todos os bens.


Que este mesmo Deus de amor e de paz aquiete vossos corações e apresse vosso caminhar; esconda-vos por enquanto, no segredo de sua face, da perturbação dos homens, até vos levar e transplantar para plenitude, onde vos assentareis para sempre na beleza da paz, no tabernáculo da confiança e no repouso da opulência.





Responsório


R. Com o esplendor de sua doutrina iluminou aque les que jaziam nas trevas; * Pelo ardor da caridade libertou os prisioneiros da miséria e dos grilhões. V. Retirou os errantes do caminho do mal, libertou o pobre da mão do poderoso. * Pelo ardor.