Quinta-feira da 32ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Da Homilia de um Autor do século segundo
(Cap. 13,2-14,5: Funk 1,159-163)
A Igreja viva é o corpo de Cristo
O Senhor declara: Meu nome é incessantemente objeto de blasfêmia entre as nações (cf. Is 52,5), e outra vez: Ai daquele por cuja causa meu nome é blasfemado
(cf. Rm 2,24). Qual o motivo de ser blasfemado? Porque não fazemos o
que dizemos. Os homens ouvem de nossa boca as palavras de Deus e ficam
admirados por seu valor e grandeza; depois, vendo que nossas obras em
nada correspondem às palavras que dizemos, começam a blasfemar, e a
tachá-las de fábulas e de enganos.
Ouvem-nos afirmar que Deus disse: Não é nada de extraordinário, se amais aqueles que vos amam; mas grande graça, se amais vossos inimigos e aqueles que vos odeiam
(cf. Mt 5,46); ouvindo isto, espantam-se com bondade tão sublime:
observando, porém, que não amamos os que nos odeiam e nem mesmo aqueles
que nos amam, zombam de nós e o nome é blasfemado.
Por
conseguinte, irmãos, cumprindo a vontade de Deus, nosso Pai, faremos
parte daquela primeira Igreja espiritual, criada antes do sol e da lua.
Se, ao contrário, não fizermos a vontade de Deus, seremos como diz a
Escritura: Minha casa tornou-se covil de ladrões (cf. 7,11; Mt 21,13). Que nossa preferência vá para a Igreja da vida, para sermos salvos.
Julgo que estais bem cientes de que a Igreja viva é o corpo de Cristo (1Cor 12,27). Pois diz a Escritura: Deus fez o ser humano varão e mulher
(Gn 1,27; 5,2); o varão é o Cristo, a mulher a Igreja. Também a Bíblia e
os apóstolos afirmam que a Igreja, propriamente, não é deste tempo, mas
existe desde o princípio. Era espiritual, assim como nosso Jesus, e
apareceu nos últimos dias, a fim de que fôssemos salvos.
A
Igreja, a espiritual, manifestou-se na carne de Cristo, mostrando-nos
que se alguém, estando na carne, a preserva e não a arruína, recebê-la-á
no Espírito Santo. Pois esta carne é tipo do espírito; quem destrói o
tipo não recebe o arquétipo. Por isto disse, irmãos: Guardai a carne
para serdes participantes do espírito. Se dizemos que a carne é a
Igreja, e Cristo, espírito, segue-se que quem deturpa a carne, deturpa a
Igreja. Este não será participante do espírito, que é Cristo. Esta
carne é capaz de conter imensa vida e incorruptibilidade, com o auxílio
do Espírito Santo, e ninguém pode descrever nem contar aquilo que o
Senhor preparou para seus eleitos.
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