sábado, 19 de outubro de 2019

Sábado da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II 

(Nn. 40.45) 

(Séc. XX) 


Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último 

A compenetração da cidade terrestre e da celeste, apenas a fé a pode perceber; e não só, permanece o mistério da história humana, perturbada pelo pecado, até à plena revelação da glória dos filhos de Deus.

A Igreja, na verdade, está em busca de seu fim próprio, a salvação. E não apenas comunica ao homem a vida divina, mas irradia sua luz que, de certo modo, se reflete no mundo inteiro: principalmente por sanar e elevar a dignidade da pessoa humana, tornar mais sólida a coesão da sociedade e conferir uma significação mais profunda à cotidiana atividade dos homens. Desse modo, a Igreja, mediante cada membro seu e a comunidade toda inteira, julga poder contribuir muito para tornar a família dos homens e sua história mais humanas.

Ao mesmo tempo que ajuda o mundo e dele muito recebe, a Igreja tem em mira uma só coisa, a vinda do reino de Deus e a salvação de todo o gênero humano. Porquanto todo bem, que o Povo de Deus em sua peregrinação terrestre pode prestar à humanidade, decorre do fato de ser a Igreja o sacramento da salvação universal, manifestando e realizando ao mesmo tempo o mistério do amor de Deus para com os homens.

O Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se carne, a fim de, homem perfeito, salvar a todos e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana. O ponto para o qual convergem as aspirações da história e da civilização, o centro do gênero humano, júbilo de todos os corações e plenitude de seus desejos. Foi ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e unidos no seu Espírito, peregrinamos em direção à consumação da história humana que coincidirá perfeitamente com o desígnio de seu amor: Reunir em Cristo tudo o que existe nos céus e na terra (Ef 1,10).

O mesmo Senhor disse: Eis que venho logo e comigo a recompensa, para dar a cada um segundo suas obras. Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap 22,12-13).

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Sexta-feira da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Dos livros sobre a Cidade de Deus, de Santo Agostinho, bispo 

(Lib. 10,6: CCL 47,278-279) 

(Séc. V) 


Em toda parte se sacrifica e se oferece a meu nome uma oblação pura 

Toda obra que realizamos em vista de aderir a Deus em santa sociedade, isto é, relacionada com a finalidade do bem pelo qual poderemos ser verdadeiramente felizes, é verdadeiro sacrifício. Donde se segue que a própria misericórdia, que vai em auxílio de outrem, caso não se faça por causa de Deus, não é sacrifício. Pois embora feito ou oferecido por homens, o sacrifício é uma realidade divina, nome que até mesmo os antigos latinos lhe davam. Por isto o homem de Deus, o próprio homem consagrado em nome de Deus e a Deus dedicado, enquanto morre para o mundo, a fim de viver para Deus, é um sacrifício. Com efeito, também isto é uma forma de misericórdia, exercida para com a própria pessoa. Por esta razão se escreveu: Tem compaixão de tua alma, fazendo por agradar a Deus (Eclo 30,24 Vulg.).

São verdadeiros sacrifícios as obras de misericórdia para conosco mesmos ou com o próximo feitas por causa de Deus. E a finalidade das obras de misericórdia está em sermos libertos da miséria e com isso felizes. O que não acontece a não ser por aquele bem de que se fala: Para mim o bem é aderir a Deus (Sl 72,28). Disto claramente se segue que a inteira cidade redimida, isto é, a sociedade dos santos, se oferece a Deus como um sacrifício universal, por mãos do magno sacerdote. Aquele mesmo que se ofereceu a si mesmo por nós na paixão, segundo a forma de servo, a fim de sermos membros desta preciosa cabeça. Esta paixão ele a ofereceu, nela foi oferecido porque por ela é mediador, nela, sacerdote, nela é sacrifício.

O Apóstolo, com efeito, nos exorta a entregar nossos corpos como hóstia viva, santa, agradável a Deus, com obediência inteligente (cf. Rm 12,1) e a não sermos conformes a este mundo, mas transformados pela renovação de nosso espírito. E a experimentar qual seja a vontade de Deus, o que é bom, aceitável e perfeito. Todo este sacrifício somos nós. Assim diz: Pela graça de Deus que me foi dada digo a todos vós: não vos estimeis acima do que convém, mas estimai-vos na justa medida, consoante a fé que Deus vos deu. Porque assim como em um só corpo temos muitos membros, porém, nem todos os membros têm a mesma função, assim também, muitos, somos um só corpo em Cristo. Sendo cada um por sua parte membros uns dos outros, possuidores de dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada (Rm 12,3-6).

É este o sacrifício dos cristãos: embora muitos, somos um só corpo em Cristo (1Cor 10,17). É o que a Igreja celebra pelo sacramento do altar, manifestado aos fiéis. Aí se demonstra que, naquilo mesmo que oferece, ela própria se oferece.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Quinta-feira da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Dos Tratados sobre João, de Santo Agostinho, bispo 

(Tract. 26,4-6: CCL 36,261-263) 

(Séc. V) 


Eis que eu salvarei meu povo 

Ninguém vem a mim a não ser que o Pai o atraia (Jo 6,44). Não penses ser atraído contra a vontade. A alma humana é atraída também pelo amor. Nem devemos temer que os homens que pesam as palavras e que estão muito longe da compreensão das coisas divinas nos venham talvez censurar por causa desta palavra evangélica da Escritura, e nos dizer: "Como é que creio por livre vontade, se sou atraído? Respondo eu: "Por livre vontade é pouco; és atraído também pelo prazer".

Que significa ser atraído pelo prazer? Busca tuas delícias no Senhor e ele atenderá aos pedidos de teu coração (Sl 36,4). Há um gozo do coração, seu pão delicioso é o celeste. Contudo se foi possível ao poeta dizer: "Cada um se deixa atrair por seu prazer , não pelo constrangimento, mas pelo prazer, não por obrigação, mas pelo deleite, com quanto mais força temos de dizer que o homem é atraído para Cristo. O homem que se deleita com a verdade, se deleita com a felicidade, se deleita com a justiça, se deleita com a vida sempiterna, com tudo isso que é Cristo.

Se têm os sentidos do corpo sua satisfação, estará o espírito privado de suas alegrias? Se o espírito não conhece delícias, como se disse então: Os filhos dos homens abrigam-se à sombra de tuas asas, inebriam-se com as riquezas de tua casa e tu lhes darás de beber da torrente de tuas delícias, porque em ti está a fonte da vida e à tua luz veremos a luz? (Sl 35,8-10)

Apresenta-me alguém que ame e entenderá o que falo. Mostra um desejoso, um faminto, um sedento peregrino deste deserto que suspira pela fonte da pátria eterna, mostra alguém assim e saberá de que falo. Se, porém, falo a um indiferente, não compreenderá o que digo.

Estendes um ramo verde a uma ovelha e a atrais. Mostram-se nozes a um menino, e é atraído. E corre para onde é atraído, amando, é atraído, é atraído sem violência corporal, é atraído pelo laço do coração. Se, entre as delícias e prazeres terrenos, aqueles que se apresentam aos seus apaixonados exercem forte atração sobre eles, pois é bem verdade que "cada um se deixa atrair por seu prazer , não atrairá o Cristo revelado pelo Pai? Que deseja a alma com mais veemência do que a verdade? Por isso, deve-se ter uma boca faminta. Para que deseja ele ter um paladar espiritual são, senão para discernir as coisas verdadeiras, para comer e beber a sabedoria, a justiça, a verdade, a eternidade?

Diz o Senhor: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, cá na terra, porque serão saciados (Mt 5,6), lá no céu. Eu lhe entregarei o que ama, entregarei o que espera. Verá aquilo em que acreditou ainda sem ver. Comerá aquilo de que tem fome, será saciado por aquilo de que tem sede. Quando? Na ressurreição dos mortos porque eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6,54).

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Quarta-feira da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Das Respostas a Talássio, de São Máximo Confessor, abade 

(Quaest. 63: PG 90,667-670) 

(Séc. VII) 


A luz que ilumina todo ser humano 

A lâmpada posta sobre o candelabro é a paterna e verdadeira luz que ilumina todo ser humano que vem ao mundo (cf. Jo 1,9), nosso Senhor Jesus Cristo. Por ser um de nós e ter assumido nossa carne, tornou-se e foi chamado lâmpada. Isto é, a sabedoria e a palavra do Pai por natureza, que na Igreja de Deus é pregada com fé pura e, pela vida orientada pela virtude e observância dos mandamentos, é erguida e resplandece entre as nações. Ilumina a todos que estão em casa (a saber, neste mundo), conforme a mesma Palavra de Deus em certo trecho: Ninguém acende uma lâmpada e a põe sob uma vasilha, mas sobre o candelabro. E iluminará a todos que estão em casa (Mt 5,15), dando a si mesmo claramente o nome de lâmpada, porquanto, sendo Deus por natureza, fez-se homem segundo o desígnio divino.

Parece-me que também o grande Davi, compreendendo isto, diz ser o Senhor uma lâmpada, ao dizer: Lâmpada para meus pés, a tua lei é luz para meus caminhos (Sl 118,105). Meu Salvador e Deus é tão luminoso que dissipa as trevas da ignorância e do vício. Também por isto a Escritura o designa como lâmpada.

Na verdade só ele, qual lâmpada, desfaz a escuridão da ignorância, repele o negrume da maldade e do vício. Por este motivo fez-se o caminho de salvação para todos. Pelo poder e a ciência conduz ao Pai aqueles que estão resolvidos a nele caminhar, como pela via da justiça, nos divinos mandamentos. Por candelabro entende-se a santa Igreja, onde a palavra de Deus refulge pela pregação diante de todos quantos habitam neste mundo como em uma casa, ilumina com o esplendor da verdade e os espíritos ficam repletos da ciência divina.

A palavra não se sujeita a ser posta sob uma vasilha, ela que se destina a ser colocada no mais alto cume e na imensa beleza da Igreja. Enquanto a palavra se acha presa à letra da lei, como sob uma vasilha, todos se privam da luz eterna. Não seria fonte de contemplação espiritual para aqueles que procuram libertar-se da sedução enganadora dos sentidos que nos inclinam a captar somente as coisas passageiras e materiais. Mas é colocada no candelabro da Igreja, a fim de iluminar a todos pela adoração em espírito e verdade.

Se a letra não é interpretada segundo o seu espírito, não tem senão o valor material de sua expressão, e não permite que a alma chegue a compreender o sentido do que está escrito.

Por conseguinte, tendo acendido a lâmpada (quer dizer, o sentido que acende a luz da ciência) pelo ato da contemplação e da ação, não a ponhamos sob uma vasilha. E também não sejamos acusados de falta por comprimir na letra o indizível poder da sabedoria. Mas sim sobre o candelabro (a santa Igreja) para que, do alto vértice da verdadeira contemplação, estenda a todos o facho da divina doutrina.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Terça-feira da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Das Instruções de São Columbano, abade 

(Instr. De compunctione, 12,2-3: Opera, Dublin 1957, pp. 112-114) 

(Séc. VII) 


Luz perene no templo do Pontífice eterno 

Que felizes, que ditosos aqueles servos que o Senhor ao voltar encontrar vigilantes! (Lc 12,37). Preciosa vigília pela qual se mantém alerta para Deus, criador do universo, que tudo penetra e tudo supera!

Oxalá também a mim, embora vil, mas, seu mínimo servo, se digne de tal forma sacudir-me do sono da inércia, acender o fogo da caridade divina. Que a chama de seu amor, o desejo de união com ele cintilem mais que os astros e sempre arda dentro de mim o fogo divino!

Quem me dera serem tais os méritos, que minha lâmpada estivesse sempre acesa, à noite, no templo de meu Senhor, para iluminar todos os que entram na casa de meu Deus! Senhor, concede-me, eu te rogo, em nome de Jesus Cristo, teu Filho e meu Deus, aquela caridade que não conhece ocaso, a fim de que minha lâmpada possa acender-se e jamais se apague. Arda para mim, ilumine os outros.

Que tu, Cristo, dulcíssimo Salvador nosso, te dignes acender nossas lâmpadas, de modo a refulgirem para sempre em teu templo, receberem perene luz de ti, que és a luz perene, para iluminar nossas trevas e afugentar de nós as trevas no mundo.

Entrega, rogo-te, meu Jesus, Pontífice das realidades eternas, tua luz à minha candeia, para que por esta luz se manifeste a mim o santo dos santos que te possui, ali entrando pelos umbrais de teu templo magnífico, e onde somente e sem cessar eu te veja, te contemple, te deseje. Esteja eu apenas diante de ti, amando-te, e em face de ti minha lâmpada sempre resplenda, se abrase.

Suplico tenhas a condescendência de te mostrares, amado Salvador, a nós que batemos à tua porta para que, conhecendo-te, só a ti amemos, só a ti desejemos, só em ti meditemos dia e noite, sempre pensemos em ti. Inspira em nós tanto amor por ti quanto é justo que sejas, ó Deus, amado e querido. Teu amor invada todo o nosso íntimo, teu amor nos possua por inteiro, tua caridade penetre em nossos sentidos todos. Deste modo, não saibamos amar coisa alguma fora de ti, que és eterno. Uma caridade tamanha que nem as muitas águas do céu, da terra e do mar jamais a possam extinguir em nós, conforme a palavra: E as muitas águas não puderam extinguir o amor (Ct 8,7).

Que tudo se realize em nós, ao menos em parte, por teu dom, Senhor nosso, Jesus Cristo, a quem a glória pelos séculos. Amém.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Segunda-feira da 28ª semana do Tempo Comum



Segunda leitura 

Do Tratado Contra Fabiano, de São Fulgêncio de Ruspe, bispo 

(Cap. 28,16-19: CCL 91A,813-814) 

(Séc. VI) 


A participação no corpo e sangue do Senhor nos santifica 

Atesta o santo Apóstolo que se realiza na oblação dos sacrifícios aquilo mesmo que nosso Salvador ordenou, ao dizer: Porque o Senhor Jesus, na noite em que iria ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em minha memória. Do mesmo modo, tomou também o cálice, depois de ter ceado, dizendo: Este é o cálice da nova Aliança em meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em minha memória. Pois todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor até que venha (1Cor 11,23-26).

Por esta razão se oferece o sacrifício, a fim de anunciar a morte do Senhor e realizar o memorial daquele que entregou a vida por nós. Ele mesmo diz: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos (Jo 15,13). Portanto, tendo Cristo morrido por nós por amor, quando no momento do sacrifício fazemos memória de sua morte, rogamos que nos conceda a caridade pela vinda do Espírito Santo. Pedimos e suplicamos que, pela mesma caridade com que Cristo aceitou ser crucificado por nós, também nós, pela graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo como crucificado e a nós, crucificados para o mundo. Imitando a morte de nosso Senhor, como Cristo que morreu para o pecado, morreu uma vez por todas e porque vive, vive para Deus (cf. Rm 6,10-11), nós igualmente caminhemos com vida nova (Rm 6,4). E recebido o dom da caridade, morramos para o pecado e vivamos para Deus.

Pois a caridade de Deus foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5). Com efeito, a própria participação no corpo e sangue do Senhor, quando tomamos seu pão e bebemos de seu cálice, já nos persuade a morrer para o mundo e a ter nossa vida escondida com Cristo em Deus, crucificando nossa carne com seus vícios e concupiscências (cf. Cl 3,3; Gl 5,24).

Acontece então que todos os fiéis que amam a Deus e ao próximo, embora não bebam do cálice do sofrimento corporal, bebem do cálice da caridade do Senhor. Por ele inebriados, mortificam seus membros ainda na terra e, revestidos do Senhor Jesus Cristo, não cuidam do corpo de maneira a satisfazer-lhe os desejos; não contemplam as coisas visíveis, mas as invisíveis. Desta forma se bebe o cálice do Senhor quando se conserva a santa caridade. Sem ela, mesmo que alguém lance o corpo ao fogo para ser queimado, de nada lhe aproveita. Mas pelo dom da caridade é-nos concedido ser na realidade aquilo mesmo que celebramos misticamente no sacrifício.

domingo, 13 de outubro de 2019

Domingo da 28ª semana do Tempo Comum




Segunda leitura 

Do Comentário sobre Ageu, de São Cirilo de Alexandria, bispo 


(Cap. 14: PG 71,1047-1050) 

(Séc. V) 


Meu nome é glorificado entre as nações 

Por ocasião da vinda de nosso Salvador, o templo se manifestou sem comparação mais glorioso e mais divino, mais ilustre e excelente do que o antigo. Assim o julga quem percebe a diferença entre o culto da religião da lei e o culto evangélico de Cristo, e entre a realidade e sua sombra.

A este respeito creio poder dizer o seguinte. Existia um só templo, unicamente, em Jerusalém, e um único povo, o israelita, ali oferecia sacrifícios. Todavia, depois que o Unigênito, sendo o Deus e Senhor que resplandeceu para nós (Sl 117,27), conforme a Escritura, se tornou semelhante a nós, o restante do orbe da terra encheu-se de casas santas e de inumeráveis adoradores que honram com incenso e sacrifícios espirituais o Deus do universo. Foi isto que, segundo me parece, predisse Malaquias, falando em nome de Deus: Porque sou eu o grande rei, diz o Senhor, e meu nome é glorificado entre as gentes e em todo lugar se oferece incenso a meu nome e um sacrifício puro (cf. Ml 1,11).

É, portanto, verdade que a glória do último templo – entenda-se a Igreja – seria maior. Aos dedicados que trabalham em sua edificação será dada pelo Salvador, como recompensa e dom do céu, o Cristo, paz de todos: por quem temos acesso junto ao Pai no único Espírito (cf. Ef 2,18). É o que afirma: Darei a paz a este lugar e paz da alma para aumento de todos quantos houverem trabalhado para levantar este templo (Ag 2,9). Em outro lugar também diz Cristo: Eu vos dou a minha paz (Jo 14,27). Qual seja sua atuação nestes que o amam, Paulo explica: A paz de Cristo, que ultrapassa todo entendimento, guarde vossos corações e inteligências (cf. Fl 4,7). Igualmente o sábio Isaías orava: Senhor, nosso Deus, dá-nos a paz, pois tu nos tratas como nossas ações merecem (Is 26,12). Porque para quem recebeu uma vez a paz de Cristo, torna-se fácil guardar a própria alma e dirigir o esforço para o dom da virtude bem exercida.

Por isto se declara que será dada a paz a todo aquele que constrói. Seja alguém edificador da Igreja e sacerdote, seja intérprete dos sagrados mistérios, foi estabelecido sobre a casa de Deus. E se cuidar de sua alma, vivendo como pedra viva e espiritual para o templo santo e habitação de Deus no Espírito (cf. Ef 2,22), alcançará por prêmio a salvação sem dificuldade.