sábado, 3 de outubro de 2020

Sábado da 26ª semana do Tempo Comum

 

Segunda leitura


Do Livro sobre a vida cristã, de São Gregório de Nissa, bispo

 

(PG 46,295-298)

 

(Séc. IV)


Combate o bom combate da fé

 

Se há em Cristo nova criação, passou a antiga (2Cor 5,17). Nova criação é o nome dado à inabitação do Espírito Santo no coração puro e irrepreensível, liberto de toda maldade, cobiça e ignomínia. Pois o homem que tem ódio ao pecado e se entrega com todo o empenho ao serviço da virtude e que, tendo mudado de vida, recebeu em si a graça do Espírito, este homem se fez todo novo, restaurado e reconstruído. Ainda mais isto: Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa (1Cor 5,7). E esta: Festejemos, não com o velho fermento, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade (1Cor 5,8). Estas citações concordam com o que foi dito sobre a nova criação.

Sem dúvida alguma o tentador arma ciladas para nós. A natureza humana é em si mesma fraca demais para obter vitória sobre ele. Por isto o Apóstolo nos ordena cobrir-nos com as armaduras celestes: Vesti a couraça da justiça, tende os pés calçados com o zelo para propagar o Evangelho da paz e ficai de pé, de rins cingidos com a verdade (cf. Ef 6,14). Vês quantos modos de te salvar o Apóstolo te sugere. Todos se dirigem ao mesmo caminho, ao mesmo fim. Por eles com facilidade se efetua o curso da vida que tem em mira a perfeição dos mandamentos de Deus. Em outro lugar diz o mesmo Apóstolo: Pela paciência corramos à luta que nos foi designada, contemplando o autor e consumador da fé, Jesus (Hb 12,1-2).

Por esta razão é necessário a quem desdenha completamente as grandes coisas desta vida e rejeita toda glória mundana, que também renuncie junto com a vida até à própria alma. Renúncia da alma significa não seguir nunca a sua vontade mas a de Deus, e tomá-la como excelente guia. Em seguida, nada possuir que não seja comum. Porque assim estará mais desembaraçado para realizar com presteza, na alegria e esperança, aquilo que o superior ordena, como servo de Cristo, liberto para o comum serviço dos irmãos. Isto quer o Senhor, quando diz: Quem dentre vós quiser ser o primeiro e o maior, faça-se o último e o servo de todos (cf. Mc 9,35).

Na realidade, este serviço aos homens deve ser gratuito, e um tal servo irá sujeitar-se a todos e servir os irmãos como um devedor insolvente. Quanto àqueles que ocupam cargos de direção, devem eles assumir maiores trabalhos que os outros, portar-se com mais humildade que os subordinados e demonstrar a imagem e o exemplo do Servo. Considerem um depósito de Deus aqueles que foram confiados à sua fidelidade.

Assim, pois, cabe aos que governam cuidar dos irmãos, à semelhança de bons educadores em relação às crianças que lhes foram entregues pelos pais. Se for este o sentir dos subordinados ou dos superiores, os primeiros obedecerão com alegria às ordens e determinações, e os outros, por sua vez, terão prazer em guiar os irmãos à perfeição. Se tiverdes atenções uns para com os outros, levareis na terra a vida dos anjos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Sexta-feira da 26ª semana do Tempo Comum

 

Segunda leitura


Do Tratado sobre a Carta aos Filipenses, do Pseudo-Ambrósio

 

(PLS 1: 617-618)

 

(Séc. IV)

 

Alegrai-vos sempre no Senhor

 

Caríssimos irmãos, para nossa salvação a divina misericórdia nos chama às alegrias da eterna felicidade. Foi isto o que ouvistes há pouco na lição em que o Apóstolo dizia: Alegrai-vos sempre no Senhor (Fl 4,4). As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis, que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas. Por isso diz o Apóstolo: De novo digo: Alegrai-vos (Fl 4,4).

Ele incita a que cada vez mais cresça nossa alegria em Deus e a decisão de cumprir seus mandamentos. Porque, quanto mais lutarmos neste mundo por nos sujeitarmos aos preceitos de Deus, nosso Senhor, tanto mais seremos felizes na vida futura e tanto maior glória alcançaremos diante de Deus.

Seja vossa moderação conhecida por todos (Fl 4,5); quer dizer, que vosso santo modo de viver se manifeste não apenas diante de Deus, mas ainda diante dos homens. Seja exemplo de modéstia e de sobriedade para aqueles que convivem conosco na terra e deixe uma boa lembrança perante Deus e os homens.

O Senhor está perto; de nada vos inquieteis (Fl 4,5-6). O Senhor está sempre perto daqueles que o invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita. Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que o servem fielmente, em qualquer necessidade sua.

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximo Deus, nosso defensor, conforme foi dito: O Senhor está junto dos que têm o coração atribulado e salva os humildes no espírito. Muitas as tribulações dos justos, porém, de todas elas o Senhor os livrará (Sl 33,19-20). Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, ele não tardará a nos dar o prometido.

Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos, suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, dando sempre e por tudo graças a Deus (Ef 5,20).

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Quinta-feira da 26ª semana do Tempo Comum

 

Segunda leitura


Da Carta aos filipenses, de São Policarpo, bispo e mártir

 

(Nn. 12,1-14: Funk 1,279-283)

 

(Séc. II)


Cristo vos faça crescer na fé e na verdade

 

Tenho a certeza de que estais bem instruídos nas sagradas Escrituras e de que nada vos escapa; não me foi isto concedido a mim. Agora, nestas Escrituras lê-se: Irritai-vos, mas não pequeis (cf. Sl 4,5); e: Que o sol não se deite sobre a vossa ira (Ef 4,26). Feliz quem se lembra disto; creio que há destes entre vós.

Que Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e o eterno Pontífice, o Filho de Deus, Jesus Cristo, vos façam crescer na fé e na verdade, em toda mansidão, sem cólera, na paciência e longanimidade, na tolerância, na castidade. E vos concedam a participação entre os santos. E convosco também a nós e a todos que existem sob o céu e que hão de crer em nosso Senhor Jesus Cristo e em seu Pai que o ressuscitou dos mortos (Gl 1,1).

Orai por todos os santos. E também pelos reis, governantes e príncipes e ainda pelos que vos perseguem e odeiam, pelos inimigos da cruz, para que vosso fruto apareça diante de todos e sejais perfeitos nele.

Vós e também Inácio me escrevestes que se alguém for à Síria, leve a carta que eu vos tiver escrito, se houver boa ocasião, seja por mim ou por aquele que enviarei em vosso lugar.

As cartas de Inácio que ele vos fez chegar e as outras, todas as que tínhamos conosco, vos entregamos conforme pedistes; vão unidas a esta carta; delas tirareis grande proveito. Pois contêm a fé, a paciência e toda edificação que levam a nosso Senhor. E sobre Inácio e seus companheiros, tudo quanto souberdes com certeza, dai-me a conhecer.

Escrevi por intermédio de Crescente, que vos recomendei pessoalmente; de novo agora recomendo. Conviveu conosco de modo impecável; creio que igualmente entre vós. Acolhei com estima sua irmã quando for ter convosco.

Conservai-vos firmes no Senhor Jesus Cristo e sua graça esteja em todos vós. Amém.