Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Oratio 14, De pauperum amore, 38.40:PG 35,907.910)
Sirvamos a Cristo na pessoa dos pobres
Reparte o teu pão com o faminto, acolhe em tua casa os pobres e peregrinos (Is 58,7), com alegria e presteza. Quem se dedica a obras de misericórdia, diz o Apóstolo, faça-o com alegria (Rm 12,8). Essa presteza e solicitude duplicarão a recompensa da tua dádiva. Mas o que é dado com tristeza e de má vontade não se torna agradável nem é digno. Devemos alegrar-nos, e não entristecer-nos, quando prestamos algum benefício. Diz a Escritura: Se quebrares as cadeias injustas e desligares as amarras do jugo (Is 58,6), isto é, da avareza e das discriminações, das suspeitas e das murmurações, que acontecerá? A tua recompensa será grande e admirável! Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa (Is 58,8). E quem há que não deseje a luz e a saúde?
Por isso, se me julgais digno de alguma atenção, vós, servidores de Cristo, seus irmãos e co-herdeiros, em todas as ocasiões visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, vistamos a Cristo, acolhamos a Cristo, honremos a Cristo; não apenas oferecendo-lhe uma refeição, como fizeram alguns, não apenas ungindo-o com perfumes como Maria, não apenas dando-lhe o sepulcro como José de Arimatéia, não apenas dando o necessário para o sepultamento como Nicodemos que dava a Cristo só uma parte do seu amor, nem, finalmente, oferecendo ouro, incenso e mirra, como fizeram os magos, antes de todos esses. O Senhor do universo quer a misericórdia e não o sacrifício, e a compaixão tem muito maior valor que milhares de cordeiros gordos. Ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas, juntamente com o próprio Cristo nosso Senhor, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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