Segunda-feira da 28ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Do Tratado Contra Fabiano, de São Fulgêncio de Ruspe, bispo
(Cap. 28,16-19: CCL 91A,813-814)
(Séc. VI)
A participação no corpo e sangue do Senhor nos santifica
Atesta o santo Apóstolo que se realiza na oblação dos sacrifícios aquilo mesmo que nosso Salvador ordenou, ao dizer: Porque
o Senhor Jesus, na noite em que iria ser entregue, tomou o pão e, dando
graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei
isto em minha memória. Do mesmo modo, tomou também o cálice, depois de
ter ceado, dizendo: Este é o cálice da nova Aliança em meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que o beberdes, em minha memória. Pois todas as
vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a
morte do Senhor até que venha (1Cor 11,23-26).
Por
esta razão se oferece o sacrifício, a fim de anunciar a morte do Senhor
e realizar o memorial daquele que entregou a vida por nós. Ele mesmo
diz: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos
(Jo 15,13). Portanto, tendo Cristo morrido por nós por amor, quando no
momento do sacrifício fazemos memória de sua morte, rogamos que nos
conceda a caridade pela vinda do Espírito Santo. Pedimos e suplicamos
que, pela mesma caridade com que Cristo aceitou ser crucificado por nós,
também nós, pela graça do Espírito Santo, possamos considerar o mundo
como crucificado e a nós, crucificados para o mundo. Imitando a morte de
nosso Senhor, como Cristo que morreu para o pecado, morreu uma vez por todas e porque vive, vive para Deus (cf. Rm 6,10-11), nós igualmente caminhemos com vida nova (Rm 6,4). E recebido o dom da caridade, morramos para o pecado e vivamos para Deus.
Pois a caridade de Deus foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado
(Rm 5,5). Com efeito, a própria participação no corpo e sangue do
Senhor, quando tomamos seu pão e bebemos de seu cálice, já nos persuade a
morrer para o mundo e a ter nossa vida escondida com Cristo em Deus,
crucificando nossa carne com seus vícios e concupiscências (cf. Cl 3,3;
Gl 5,24).
Acontece então que todos os
fiéis que amam a Deus e ao próximo, embora não bebam do cálice do
sofrimento corporal, bebem do cálice da caridade do Senhor. Por ele
inebriados, mortificam seus membros ainda na terra e, revestidos do
Senhor Jesus Cristo, não cuidam do corpo de maneira a satisfazer-lhe os
desejos; não contemplam as coisas visíveis, mas as invisíveis. Desta
forma se bebe o cálice do Senhor quando se conserva a santa caridade.
Sem ela, mesmo que alguém lance o corpo ao fogo para ser queimado, de
nada lhe aproveita. Mas pelo dom da caridade é-nos concedido ser na
realidade aquilo mesmo que celebramos misticamente no sacrifício.
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