Terça-feira da 27ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Início da Carta aos tralianos, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir
(Proêmio; Nn. 1,1-3,2; 4,1-2; 6,1; 7,1-8,1: Funk 1,203-209)
(Séc. I)
Desejo precaver-vos como a filhos meus muito caros
Inácio,
chamado também o Teóforo, à santa Igreja, amada por Deus, Pai de Jesus
Cristo, que está em Trales da Ásia; à eleita, digna de Deus, que tem a
paz na carne e no sangue, na paixão de Jesus Cristo, nossa esperança,
quando ressurgirmos para ele; saúdo-a efusivamente à maneira dos
apóstolos e desejo-lhe plena salvação.
Sei
que tendes o espírito constantemente irrepreensível e apegado à
paciência, não apenas na prática, mas por boa disposição. Isto me
afirmou vosso bispo Políbio que, por vontade de Deus e de Jesus Cristo,
esteve em Esmirna e que de tal forma se congratulou comigo, prisioneiro
em Jesus Cristo, que, através dele, vos contemplei a todos vós.
Acolhendo por meio dele vossa benevolência, conforme a de Deus, dei
glória a Deus porque não só vos conheci, mas encontrei como verdadeiros
imitadores seus.
Sois submissos a vosso
bispo como a Jesus Cristo; por isto me pareceis viver não como simples
homens, mas conformes a Jesus Cristo que por nós morreu; crendo deste
modo em sua morte, escapais da morte. É realmente preciso que nada
façais sem o bispo; é assim que procedeis. Sede obedientes aos
presbíteros como aos apóstolos de Jesus Cristo, nossa esperança, e assim
estaremos vivendo nele.
É também dever
dos diáconos, ministros dos mistérios de Jesus Cristo, procurar de toda
maneira agradar a todos. Pois não são diáconos para a comida e bebida,
mas ministros da Igreja de Deus. É necessário, portanto, que evitem as
más ações como ao fogo.
Igualmente
respeitem todos aos diáconos como a Jesus Cristo, do mesmo modo que têm
reverência pelo bispo, figura do Pai, e pelos presbíteros, senado de
Deus e conselheiros dos apóstolos. Sem eles não existe a Igreja. Estou
persuadido de que é este o vosso pensar. Tive uma prova de vossa
caridade e a tenho comigo na pessoa do vosso bispo. Sua própria maneira
de viver é uma magnífica lição e sua mansidão é uma força.
É
grande minha experiência de Deus, porém, mantenho-me moderado para não
perecer por vanglória. Agora então mais tenho a temer e não posso dar
ouvidos àquilo que me torna orgulhoso. Os que me elogiam, me flagelam.
Porque quero, sim, padecer, mas não sei se sou digno. Meu ardor não se
mostra a muitos, todavia me assalta com mais intensidade. É-me
necessária a mansidão, pela qual se vence o príncipe deste mundo.
Suplico-vos,
portanto, não eu, mas a caridade de Jesus Cristo, que tomeis unicamente
o alimento cristão e rejeiteis toda erva daninha, a heresia.
Isto
se fará se não fordes orgulhosos nem vos afastardes de Jesus Cristo
Deus, nem do bispo nem dos preceitos dos apóstolos. Aquilo que está no
altar é puro; fora do altar, já não é puro. Quero dizer, quem faz o que
quer que seja sem o bispo, os presbíteros e os diáconos, não tem pura a
consciência.
Não por ter sabido de algo assim, entre vós, escrevo estas palavras, mas desejo acautelar-vos, como a filhos meus muito caros.
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