Segunda leitura
Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de
hoje, do Concílio Vaticano II
(Nn. 89-90)
(Séc. XX)
A missão dos cristãos na construção da paz
De bom grado e de todo o coração, cooperem os cristãos
na construção de uma ordem internacional em que sejam realmente observadas as
liberdades legítimas e a amizade fraterna de todos. Tanto mais porque a maior
parte do mundo ainda se debate em tão grande penúria que o próprio Cristo, nos
pobres, como que em alta voz, clama pela caridade de seus discípulos. Evite-se,
pois, de dar este escândalo aos homens: algumas nações, cujos cidadãos na
maioria se gloriam do nome de cristãos, nadam na abundância de bens, enquanto
outras se vêem despojadas do necessário à vida e são torturadas pela fome,
doenças e toda espécie de misérias. Pois o espírito de pobreza e caridade é a
glória e o testemunho da Igreja de Cristo.
Merecem, portanto, louvor e apoio os cristãos, sobretudo
os jovens, que se oferecem espontaneamente para prestar auxílio a outros homens
e povos. Mais ainda. É obrigação de todo o Povo de Deus, arrastado pela palavra
e pelo exemplo dos bispos, aliviar na medida de suas forças a miséria dos
tempos atuais e isto, como era costume antigo da Igreja, não só com o
supérfluo, mas também com o essencial.
Não há necessidade de se observar uma linha rígida e
uniforme no sistema de arrecadar e de distribuir os subsídios. Mas seja bem
organizado nas dioceses, nas nações e no plano mundial, em ação conjugada,
sempre que pareça oportuno, de católicos com os outros irmãos cristãos. Pois o
espírito de caridade, longe de proibir o exercício previdente e ordenado da
ação social e caritativa, antes o impõe. Por isso mesmo é necessário que sejam
devidamente preparados em institutos idôneos, os que pretendem dedicar-se ao
serviço das nações em vias de desenvolvimento.
A Igreja deve, por conseguinte, estar bem presente à
comunidade internacional para cooperar com os homens e estimulá-los, seja pelas
instituições públicas, seja pela sincera e total colaboração de todos os
cristãos, unicamente inspirada pelo desejo de servir.
Sua eficácia será tanto maior, se os próprios fiéis,
cônscios de suas responsabilidades humana e cristã, já se esforçarem, no
próprio âmbito de sua vida, por despertar a vontade de cooperar com a
comunidade internacional. Empregue-se a respeito cuidado especial na formação
dos jovens, tanto na educação religiosa quanto na civil.
É de desejar, enfim, que os católicos, para bem
cumprir sua missão na comunidade internacional, queiram ativa e positivamente
colaborar com os irmãos separados que professam juntos a mesma caridade
evangélica, bem como com os homens sedentos de paz verdadeira.
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