Sábado da 5ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Dos Sermões do Bem-aventurado Isaac, abade do mosteiro de Stella
(Sermo 31: PL 194,1292-1293)
(Séc. XII)
A supremacia da caridade
Por que, irmãos,
somos tão pouco solícitos em buscar ocasiões de salvação uns para os
outros? Tão pouco cuidadosos em mais ajudarmo-nos mutuamente onde a
necessidade for maior em carregar os fardos dos irmãos? O Apóstolo a
isto nos exorta dizendo: Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis assim a lei de Cristo; e em outro lugar: Suportando-vos reciprocamente na caridade. É esta, na verdade, a lei de Cristo.
Se
há em meu irmão – seja por indigência seja por fraqueza corporal ou de
educação – alguma coisa de incorrigível, por que não a suporto com
paciência, e não a levo de bom grado? Pois está escrito: Seus filhos serão levados aos ombros e consolados no regaço? Não será porque me falta aquela caridade que tudo sofre, que é paciente para suportar e benigna para amar?
Certamente esta é a lei de Cristo, dele que assumiu verdadeiramente nossas enfermidades pela paixão e suportou nossas dores pela compaixão, amando os que carregava, carregando os que amava.
Quem
ataca o irmão em necessidade, quem põe armadilhas de qualquer tipo à
sua fraqueza, está, sem dúvida alguma, sujeito à lei do demônio e a
obedece. Sejamos então compassivos uns pelos outros, amantes da
fraternidade, pacientes com as fraquezas, perseguidores dos vícios.
Toda
vida que se preocupa sinceramente com o amor de Deus e, por ele, com o
amor do próximo, é mais aprovada por Deus, sejam quais forem suas
observâncias ou seus usos religiosos. A caridade é aquela em vista da
qual tudo se deve fazer ou não fazer, mudar ou não mudar. É ela o
princípio e o fim que devem regular tudo. Nada é culpável quando feito
por ela e em conformidade com ela.
Oxalá
ela nos seja concedida por aquele a quem não podemos agradar sem ela,
pois sem ele nada absolutamente podemos, ele que vive e reina, Deus,
pelos séculos infindos. Amém.
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