Sexta-feira da 31ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo
(Or. 7, in laudem Caesarii fratris, 23-24: PG 35,786-787)
(Séc. IV)
É resolução santa rezar pelos defuntos
Que é o homem para que te lembres dele?
(Sl 8,5). Que novo mistério é este a meu respeito? Sou pequenino e
grande, humilde e excelso, mortal e imortal, terreno e celeste. Faz-se
mister ser eu sepultado com Cristo, ressurgir com Cristo, ser
co-herdeiro de Cristo, tornar-me filho de Deus e até Deus mesmo.
Tudo
isto nos indica o grande mistério: é Deus que por nossa causa assumiu a
humanidade e se tornou pobre, a fim de erguer a criatura prostrada,
trazer a salvação à imagem e renovar o homem. Para sermos todos um só no
Cristo, que, perfeitamente em todos nós, se fez tudo aquilo que ele
próprio é. Que não sejamos mais homem e mulher, bárbaro e cita, escravo e livre
(cf. Cl 3,11), discriminações e sinais vindos da carne, mas tenhamos
unicamente o sinete de Deus, por quem e para quem fomos criados, somente
por ele, e formados e gravados, a fim de sermos só por ele
reconhecidos.
Oxalá sejamos aquilo que
esperamos, segundo a grande benignidade do Deus generoso. Pedindo pouco,
dá o máximo aos que o amam com sincero afeto do coração, desde agora e
no futuro. Por causa de nosso amor para com ele e da esperança, que tudo desculpa, tudo suporta.
Por tudo dando graças (coisa que muitíssimas vezes é instrumento de
salvação, a Palavra o sabe) e recomendando-lhe nossas almas e as
daqueles que pela estrada comum, mais bem preparadas, chegaram primeiro à
morada.
Ó Senhor e Criador de tudo e,
mais que tudo, desta imagem! Ó Deus de teus homens, Pai e Chefe, ó
Árbitro da vida e da morte, ó Guarda e Benfeitor nosso! Ó tu, que tudo
fazes a seu tempo e, pelo Verbo Artífice, transformas da maneira como em
tua sabedoria e desígnio profundos bem sabes, agora então, rogo-te,
recebe Cesário, primícias de nossa separação.
A
nós, quando chegar a hora, mantidos em nossa vida mortal por tanto
tempo quanto parecer bom, recebe-nos também. E recebe-nos, sim,
preparados e não perturbados por temor a ti. Sem voltar as costas ao dia
derradeiro e de má vontade, como costumam proceder aqueles que se
apegam ao mundo e à carne, arrancados à força. Mas com prontidão e
ardor, partindo para aquela feliz e intérmina vida que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
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