Sábado da 26ª semana do Tempo Comum
Segunda leitura
Do Livro sobre a vida cristã, de São Gregório de Nissa, bispo
(PG 46,295-298)
(Séc. IV)
Combate o bom combate da fé
Se há em Cristo nova criação, passou a antiga
(2Cor 5,17). Nova criação é o nome dado à inabitação do Espírito Santo
no coração puro e irrepreensível, liberto de toda maldade, cobiça e
ignomínia. Pois o homem que tem ódio ao pecado e se entrega com todo o
empenho ao serviço da virtude e que, tendo mudado de vida, recebeu em si
a graça do Espírito, este homem se fez todo novo, restaurado e
reconstruído. Ainda mais isto: Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa (1Cor 5,7). E esta: Festejemos, não com o velho fermento, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade (1Cor 5,8). Estas citações concordam com o que foi dito sobre a nova criação.
Sem
dúvida alguma o tentador arma ciladas para nós. A natureza humana é em
si mesma fraca demais para obter vitória sobre ele. Por isto o Apóstolo
nos ordena cobrir-nos com as armaduras celestes: Vesti a couraça da
justiça, tende os pés calçados com o zelo para propagar o Evangelho da
paz e ficai de pé, de rins cingidos com a verdade (cf. Ef 6,14). Vês
quantos modos de te salvar o Apóstolo te sugere. Todos se dirigem ao
mesmo caminho, ao mesmo fim. Por eles com facilidade se efetua o curso
da vida que tem em mira a perfeição dos mandamentos de Deus. Em outro
lugar diz o mesmo Apóstolo: Pela paciência corramos à luta que nos foi designada, contemplando o autor e consumador da fé, Jesus (Hb 12,1-2).
Por
esta razão é necessário a quem desdenha completamente as grandes coisas
desta vida e rejeita toda glória mundana, que também renuncie junto com
a vida até à própria alma. Renúncia da alma significa não seguir nunca a
sua vontade mas a de Deus, e tomá-la como excelente guia. Em seguida,
nada possuir que não seja comum. Porque assim estará mais desembaraçado
para realizar com presteza, na alegria e esperança, aquilo que o
superior ordena, como servo de Cristo, liberto para o comum serviço dos
irmãos. Isto quer o Senhor, quando diz: Quem dentre vós quiser ser o primeiro e o maior, faça-se o último e o servo de todos (cf. Mc 9,35).
Na
realidade, este serviço aos homens deve ser gratuito, e um tal servo
irá sujeitar-se a todos e servir os irmãos como um devedor insolvente.
Quanto àqueles que ocupam cargos de direção, devem eles assumir maiores
trabalhos que os outros, portar-se com mais humildade que os
subordinados e demonstrar a imagem e o exemplo do Servo. Considerem um
depósito de Deus aqueles que foram confiados à sua fidelidade.
Assim,
pois, cabe aos que governam cuidar dos irmãos, à semelhança de bons
educadores em relação às crianças que lhes foram entregues pelos pais.
Se for este o sentir dos subordinados ou dos superiores, os primeiros
obedecerão com alegria às ordens e determinações, e os outros, por sua
vez, terão prazer em guiar os irmãos à perfeição. Se tiverdes atenções
uns para com os outros, levareis na terra a vida dos anjos.
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