terça-feira, 28 de setembro de 2021

SÃO LOURENÇO RUIZ, E SEUS COMPANHEIROS, MÁRTIRES

 No século XVII, entre os anos de 1633 e 1637, dezesseis mártires, Lourenço Ruiz e seus Companheiros, derramaram seu sangue por amor de Cristo, em Nagasaki, no Japão. Todos pertenciam à Ordem de São Domingos ou a ela estavam ligados. Dentre esses mártires, nove eram presbíteros, dois religiosos, duas virgens e três leigos, sendo um deles Lourenço Ruiz, pai de família, natural das Ilhas Filipinas. Em época e condições diversas, pregaram a fé cristã nas Ilhas Filipinas, em Formosa e no Japão. Manifestaram de modo admirável a universalidade do cristianismo e, como infatigáveis missionários, espalharam copiosamente, pelo exemplo da vida e pela morte, a semente da futura cristandade.

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Segunda leitura

Da Homilia do Papa João Paulo II na Missa solene de Beatificação dos Servos de Deus Lourenço Ruiz, e seus Companheiros, celebrada em Manila

 (AAS 73,1981,340-342)
(Séc. XX)

Manifestaram o maior ato de adoração e amor para com Deus no sacrifício do próprio sangue 


Segundo a promessa do Evangelho, Cristo reconhece verdadeiramente, em presença do seu Pai no céu, aqueles mártires fiéis que deram testemunho dele perante os homens.
O hino de glória a Deus, que foi agora cantado por tantas vozes, é um eco daquele “Te Deum” cantado na igreja de São Domingos, na tarde de 27 de dezembro de 1637, quando chegou a notícia do martírio de um grupo de seis cristãos em Nagasaki. Entre eles estava o superior da missão, Frei Antônio González, dominicano espanhol originário de León, e Lourenço Ruiz, pai de família, nascido em Manila, no subúrbio de Binondo. Estas testemunhas cantaram, por sua vez, salmos ao Senhor de misericórdia e poder, não só quando estavam na prisão, mas também quando caminhavam para o martírio que durou três dias.
A fé vence o mundo. A pregação desta fé ilumina, como o sol, todos aqueles que desejam chegar ao conhecimento da verdade. E, realmente, embora haja diferentes línguas no mundo, a tradição cristã é uma só.
O Senhor Jesus, com o próprio sangue, remiu verdadeiramente os seus servos, reunidos de todas as raças, línguas e nações, a fim de fazer deles um sacerdócio real para o nosso Deus.
Os dezesseis bem-aventurados mártires, exercendo o seu sacerdócio – o do Batismo ou o da Sagrada Ordem – manifestaram o maior ato de adoração e amor para com Deus no sacrifício do próprio sangue unido ao sacrifício de Cristo, no altar da Cruz.
Assim, imitaram Cristo, sacerdote e vítima, do modo mais perfeito possível para as criaturas humanas. Ao mesmo tempo, foi o maior ato de amor que se possa fazer pelos irmãos, por amor dos quais somos chamados a sacrificar-nos, seguindo o exemplo do Filho de Deus que deu a sua vida por nós.
Foi isto o que fez Lourenço Ruiz. Guiado pelo Espírito Santo a caminho de um termo inesperado, depois de uma vida cheia de perigos, disse aos juízes que era cristão e que morreria por Deus: “Se tivesse muitos milhares de vidas ofereceria todas por ele. Nunca o renegarei. Podeis matar-me, se é isto que desejais. Morrer por Deus é a minha vontade”.
Nestas palavras contemplamos uma síntese da sua personalidade, uma descrição da sua fé e a razão de sua morte. Foi neste momento que este jovem pai de família testemunhou e pôs em prática a catequese cristã que recebera na escola dos Frades dominicanos de Binondo: catequese que não podia deixar de ser cristocêntrica quer pelo mistério que encerra, quer por nos ensinar Cristo pelos lábios de seu mensageiro.
O exemplo de Lourenço Ruiz, filho de pai chinês e mãe filipina, recorda-nos que a vida de cada um, a vida inteira, deve estar à disposição de Cristo.
Ser cristão significa doar-se cada dia, em resposta ao dom de Cristo que vem ao mundo para que todos tenham a vida e a tenham plenamente.

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