sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

SÃO SILVESTRE I, papa

Sagrado bispo da Igreja Romana no ano de 314, governou a Igreja, sendo imperador Constantino Magno, tempo em que o cisma dos donatistas e a heresia dos arianos suscitavam grandes calamidades. Morreu em 335 e foi sepultado no cemitério de Priscila, na via Salária.


Da "História Eclesiástica", de Eusébio de Cesaréia, bispo (Lib. 10, 1-3: PG 20, 842-847)  


A paz constantiniana


Por tudo, seja glorificado o Deus onipotente e rei universal; e glorificado também o salvador e redentor de nossas almas, Jesus Cristo, através de quem rogamos seja firme e estável nossa paz, guardada perpetuamente, tanto de ameaças externas quanto de todos os males e perturbações do espírito.


O dia já sereno e claro, sem nuvem alguma, iluminava com o esplendor da luz celeste as Igrejas de Cristo disseminadas por todo o mundo. Permitia-se até aos estranhos de nossa religião, participarem, em certa medida, dos mesmos bens concedidos por Deus a todos.


Para nós, que colocamos toda nossa esperança em Cristo, era incrível a alegria, e, por assim dizer, divino o júbilo que brilhava no rosto de todos; pois víamos todos aqueles lugares, pouco antes destruídos pela impiedade dos tiranos, revivendo de longa e pestífera enfermidade; e os templos de novo se elevam do solo até enormes alturas e com muito mais ornatos e maior esplendor do que antes de sua destruição.


Desejado e ambicionado espetáculo ofereciam-nos a festa das dedicações em cada cidade e a bênção de oratórios recém-construídos.


Para tanta alegria, a reunião dos bispos; a afluência dos peregrinos de outras e distantes regiões; a mútua caridade e benevolência dos povos entre si, porque os membros do Corpo de Cristo estavam fortemente unidos.


Na verdade, pelo oráculo profético já estava tudo predito sob uma velada figura; o osso adaptava-se ao osso, e a juntura à juntura; e tudo o mais que a profecia enunciou com palavras misteriosas.


Era uma só a virtude do Espírito Santo difundindo-se por todos os membros; uma só a alma de todos; a mesma alegria da fé; uma só a harmonia de todos a cantar hinos a Deus. 


E mais, as perfeitíssimas cerimônias dos prelados, os apurados sacrifícios dos sacerdotes e os augustos ritos divinos da Igreja; aqui, os salmos dos cantores e as palavras dos ouvintes, divinamente entregues a nós: ali, os divinos e sagrados ministérios dos mortos. Eram também entregues os símbolos da paixão salutar. 


Enfim, a multidão de toda idade e sexo, com preces e ações de graças, do fundo do coração adorava na imensa alegria de suas almas a Deus, autor dos bens. 




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