quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

SANTO TOMÁS BECKET, bispo e mártir


Nasceu em Londres, em 1118; ingressou no clero de Cantuária e foi chanceler do Reino; em 1162 recebeu a sagração episcopal. Com denodo defendeu os direitos da Igreja contra o rei Henrique II, o que lhe acarretou um exílio de seis anos na Gália. De volta à pátria, ainda teve muito que sofrer, até que em 1170 foi assassinado por guardas do rei.


Das Cartas de são Tomás Becket, bispo

(Epist. 74: PL 190, 533-536)


Só é coroado quem luta conforme as regras


Se cuidarmos ser aquilo que dizemos, e queremos conhecer o significado de nosso nome de bispos e pontífices, importa considerar e imitar com incessante solicitude os passos daquele que, feito pontífice para sempre, se ofereceu a Deus por nós no altar da cruz. E das alturas dos céus vê continuamente as ações e as intenções de todos e dará por fim a cada um segundo suas obras.


Recebemos a missão de representá-lo aqui na terra, alcançamos seu nome glorioso, a honrosa dignidade; possuímos no tempo o fruto das labutas espirituais. Sucessores dos apóstolos e dos maiores encargos dos homens apostólicos na Igreja, para que, por nosso ministério, seja destruído o império do pecado e da morte; e o edifício de Cristo, coeso na fé e no progresso das virtudes, cresça para ser um templo santo no Senhor.


Na verdade, são muitos os bispos. E na sagração, prometemos, cuidado e maior desvelo no ensino e governo; por palavras diariamente o declaramos, mas queira Deus que a fidelidade à promessa encontre força no testemunho das obras! Certamente a messe é grande; um só ou poucos não dariam conta de colhê-la e de armazená-la nos celeiros do Senhor. Contudo, quem duvida ser a Igreja Romana a principal de todas as Igrejas e fonte da doutrina católica? Quem ignora terem sido as chaves do reino dos céus entregues a Pedro? Não é pela fé e pela doutrina de Pedro que se levanta a construção de toda a Igreja, até irmos todos ao encontro de Cristo como um homem perfeito, na unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus?


É, na verdade, preciso que muitos plantem, muitos reguem, porque assim o exigem a expansão da palavra e a multiplicação dos povos. Se ao povo antigo bastava um só altar, mas muitos mestres pela necessidade, agora muito mais pela grande afluência de gente; o Líbano não será suficiente para acender, nem os animais, não apenas do Líbano, mas de toda a Judéia, não bastarão para o holocausto. Mas seja quem for que regue ou plante, Deus não dará incremento algum a não ser àquele que plantou unido a Pedro e concorda com sua doutrina. É certo que todas as questões mais importantes dos povos são confiadas ao exame do romano Pontífice; e tendo-o por chefe, as dignidades da santa Madre Igreja, na medida em que são chamadas a tomar parte em seus trabalhos, exercem o poder que lhes foi confiado.


Lembrai-vos, enfim, de como foram salvos nossos pais, como e por meio de que tribulações cresceu e se expandiu a Igreja; de que tempestades escapou a nave de Pedro que tem Cristo por piloto; e de que modo chegaram à coroa. Sua fé refulge com maior brilho pela tribulação. 


Assim caminha a multidão inteira dos santos, porque é sempre verdade que não é coroado quem não luta segundo as regras. 


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