sábado, 9 de outubro de 2021

SÃO JOÃO LEONARDI, PRESBÍTERO

 Nasceu em Luca (Toscana) no ano 1541. Estudou Farmácia, mas abandonou esta profissão e ordenou-se sacerdote. Dedicou-se à pregação, instruindo em especial as crianças na doutrina cristã. Em 1574 fundou a Ordem dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus, pela qual teve de sofrer muitas tribulações. Instituiu também uma associação de sacerdotes para a propagação da fé que lhe valeu ser merecidamente o criador do Instituto que, ampliado pelos Sumos Pontífices, recebeu o nome “De Propaganda Fide”. Com a sua caridade e prudência restaurou a disciplina em várias Congregações religiosas. Morreu em Roma no ano 1609.

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Segunda leitura

  Das Cartas ao Papa Paulo V, de São João Leonardi, presbítero

(Epist. Pro universali totius Ecclesiae reformatione: in archivo Ordinis Clericorum Regularium Matris Dei)
(Séc. XVI)

Indicar-te-ei, ó homem, o que Deus pede de ti 


Quando se deseja reformar os costumes das pessoas, faz-se necessário em primeiro lugar que, procurando antes de mais a glória do Senhor, se peça e se espere o auxílio daquele de quem procede todo o bem nesta difícil e tão salutar matéria. Em seguida, ponham-se os reformadores ante os olhos daqueles a serem reformados, como espelhos de virtudes, e como lâmpadas colocadas sobre o candelabro, para que pela integridade da vida e esplendor do comportamento brilhem para todos que estão na casa de Deus. Deste modo os atraiam suavemente para a reforma em lugar de obrigá-los, e não se exija do corpo o que não se encontra na cabeça, conforme diz o Concílio de Trento, pois assim seria ameaçada a estabilidade e a ordem de toda a família de Deus. Além disto, procurarão com diligência, à semelhança de um bom médico, conhecer todos os males que afligem a Igreja e quais exatamente os remédios requeridos, a fim de ministrar o tratamento oportuno a cada um deles.

Agora, quanto aos remédios que a Igreja deve empregar, são para todos, porque a reforma tem de começar do alto e de baixo ao mesmo tempo, isto é, dos chefes e dos pequeninos. Em primeiro lugar deve-se voltar os olhos para todos os prelados, de modo a iniciar-se a reforma donde poderá fluir para os outros.
Cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos e párocos, aos quais foi entregue sem intermediários a cura das almas, a respeito de todos estes, cumpre empregar todos os esforços para que sejam pessoas capazes, a quem se confie com tranqüilidade o governo do rebanho do Senhor. Mas desçamos também do alto até embaixo, quero dizer, dos chefes aos pequeninos, pois não devem ser desprezados aqueles por quem se começará a emenda dos costumes eclesiásticos. Não convém deixar sem se experimentar absolutamente nada que possa formar as crianças, desde os tenros anos, na fé cristã sincera e nos bons costumes. Para conseguir este objetivo nada mais adequado do que a santa prática de ensinar a doutrina cristã e de somente entregar os meninos a pessoas boas e tementes a Deus para serem instruídos.
Foi isto, beatíssimo Pai, o que neste gravíssimo assunto atual o Senhor se dignou sugerir-me. Se isto à primeira vista parece dificílimo, quando comparado à enormidade da empresa, irá ser considerado até como facílimo: coisas grandes não se fazem sem grandes meios, e convém aos grandes grandes coisas.

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