sexta-feira, 8 de outubro de 2021

SÃO JOÃO CALÁBRIA, PRESBÍTERO

 Nasceu em 8 de outubro de 1873, em Verona, Itália. Muito preocupado com os necessitados, desde o início cultivou o hábito de visitar os doentes, desdobrando-se também na catequese das crianças abandonadas. Fundou a Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência e devido às necessidades funda o ramo feminino da Obra, as Pobres Servas da Divina Providência. A orientação básica que costumava repetir era muito simples, como foi toda a sua vida: "Sejamos evangelhos vivos". Faleceu no dia 4 de dezembro de 1954, quando ofereceu sua vida no lugar da do Papa Pio XII, que na ocasião também estava doente. Quando este recebeu a notícia da morte de padre Calábria, cuja vida acompanhou e admirava, assim o definiu: era um "campeão de evangélica caridade". Foi canonizado pelo papa João Paulo II em 1999.

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Segunda leitura

  Da Carta de São João Calábria aos seus Religiosos

(nº 63 em 1° de julho de 1949, Arq. Hist. Doc. 6040, pp. 292-293)
(Séc.XX)

A Divina Providência é uma terna Mãe
A missão que a Divina Providência confia à nossa Obra é reavivar neste pobre mundo a fé, por meio da palavra e mais ainda do exemplo. Deus, a alma, a eternidade, para muitos são palavras quase sem significado. Nós ao contrário, é desta fé que vivemos, fé certa e inviolável, que não desfalece, sejam quais forem as provações, mesmo que se tratasse de perseguições e da própria morte.

Deus não precisa ser demonstrado, e sim ser levado por nós. O exemplo vale mais do que qualquer apologia. Ah! Se vivêssemos concretamente as grandes verdades de nossa fé, o mistério inefável da Encarnação, o Presépio, o Calvário, a Eucaristia, Deus no meio de nós, conosco e em nós! São mistérios estes que deveriam extasiar-nos num arrebatamento de gratidão e de amor! De sermões ninguém mais quer saber, mas se os homens virem estas verdades realmente praticadas, que felizes e santas emoções provariam!

Mas de onde, meus queridos e amados irmãos, haveremos de haurir esta fé viva, senão das puras fontes do Santo Evangelho? Por isso tantas vezes lhes disse e repeti que é preciso sermos outros Cristos e evangelhos vivos, para sermos faróis de luz a iluminar a pobre humanidade tateando nas densas trevas de tantos erros e na lama de tantos vícios. É preciso que se realize em nós a palavra de Jesus bendito: Brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos céus (Mt 5,16).
Nestas palavras vocês podem notar que Jesus, convidando-nos a olhar para Deus, chama-o de Pai, aliás, de nosso Pai. Com isso quero dizer-lhes, meus queridos irmãos, que a fé verdadeira e genuína considera a Deus não só como Criador e Senhor, mas antes como Pai. Fé, portanto, na paternidade de Deus e por isso confiança sem limites, abandono filial na Divina Providência, que é característica indispensável para a Obra, é uma das mensagens, que o Senhor, por meio da Obra, quer enviar ao mundo.

Lembremo-nos de que a Divina Providência é uma terna Mãe que dispõe tudo para o bem, aliás, para o nosso maior bem; devemos sentir-nos carregados em suas mãos maternais (cf. Os 11,4). Sem dúvida nenhuma, muitas vezes enfrentamos sofrimentos e nossa natureza poderá se assustar bastante; mas não é de se admirar por isso; também Jesus experimentou a tristeza, a angústia e o medo, e chegou até o ponto de orar ao Pai para que lhe afastasse o cálice amargo, acrescentando, no entanto, que se entregava à sua paterna vontade (cf. Lc 22,42).
Agora, nós podemos ver somente a urdidura do trabalho e o avesso do bordado: podemos ter a impressão de que há só confusão, mas quando chegarmos a ver o trabalho acabado e o lado correto, então o contemplaremos na sua magnífica e maravilhosa beleza. Se a Divina Providência cuida de todos, lembremo-lo bem, meus amados irmãos, ela cuida de nós com um carinho fora do comum, na medida em que vivermos o nosso grande e divino programa.

Pelo amor de Deus, nada de angústias e ansiedades!

Sim, poderá o Senhor permitir alguma grave provação para experimentar a nossa fé. Mas então não haveremos de nos angustiar, e sim, pelo contrário, alegrar-nos e considerarmo-nos quase que, diria, na "perfeita alegria". Tenhamos a certeza de que, se a consciência não nos acusar de infidelidade à nossa santa vocação, após a provação, a Providência irá voltar em medida repleta, sacudida, transbordante (cf. Lc 6,38).

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