terça-feira, 25 de maio de 2021

São Beda, o Venerável, presbítero e doutor da Igreja

 SÃO BEDA, O VENERÁVEL, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

 Nasceu no território do mosteiro beneditino de Wearmouth (Inglaterra), em 673; foi educado por São Bento Biscop e ingressou no referido mosteiro, onde recebeu a ordenação de presbítero. Desempenhou o seu ministério dedicando-se ao ensino e à atividade literária. Escreveu obras de cunho teológico e histórico, seguindo a tradição dos Santos Padres e explicando a Sagrada Escritura. Morreu em 735.

 

Segunda leitura
 
Da Carta de Cutberto, sobre a morte de São Beda, o Venerável
 
(Nn. 4-6: PL 90,64-66)
  
(Séc. VIII)
 
Desejo de ver a Cristo 
Ao chegar a terça-feira antes da Ascensão do Senhor, Beda começou a respirar com mais dificuldade e apareceu um pequeno tumor em seu pé. Mas, durante todo aquele dia, ensinou e ditou as suas lições com boa disposição. A certa altura, entre outras coisas, disse: “Aprendei depressa; não sei por quanto tempo ainda viverei e se dentro em breve o meu Criador virá me buscar”. Parecia-nos que ele sabia perfeitamente quando iria morrer; tanto assim que passou a noite acordado e em ação de graças.

Raiando a manhã, isto é, na quarta-feira, ordenou que escrevêssemos com diligência a lição começada; assim fizemos até às nove horas. A partir desta hora, fizemos a procissão com as relíquias dos santos, como mandava o costume do dia. Um de nós, porém, ficou com ele, e disse-lhe: “Querido mestre, ainda falta um capítulo do livro que estavas ditando. Seria difícil pedir-te para continuar?” Ele respondeu: “Não, não custa nada; toma a tua pena e tinta, e escreve sem demora”. E assim fez o discípulo.
Às três horas da tarde, disse-me: “Tenho em meu pequeno baú algumas coisas de estimação: pimenta, lenços e incenso. Vai depressa chamar os presbíteros do nosso mosteiro para que distribua entre eles os presentinhos que Deus me deu”. Quando todos chegaram, falou-lhes, exortando a cada um e pedindo-lhes que celebrassem missas por ele e rezassem por sua alma; o que lhe prometeram de boa vontade.

Todos choravam e lamentavam, principalmente por lhe ouvirem manifestar a persuasão de que não veriam mais por muito tempo o seu rosto neste mundo. No entanto, alegraram-se quando lhes disse: “Chegou o tempo, se assim aprouver a meu Criador, de voltar para aquele que me deu a vida, me criou e me formou do nada quando eu não existia. Vivi muito tempo, e o misericordioso Juiz teve especial cuidado com a minha vida. Aproxima-se o momento de minha partida (2Tm 4,6), pois tenho o desejo de partir para estar com Cristo (Fl 1,23). Na verdade, minha alma deseja ver a Cristo, meu rei, na sua glória”. E disse muitas outras coisas, para nossa edificação, conservando a sua alegria de sempre até à noitinha.

O jovem Wilberto, já mencionado, disse: “Querido mestre, ainda me falta escrever uma só frase”. Respondeu ele: “Escreve depressa”. Pouco depois disse o jovem: “Agora a frase está terminada”. “Disseste bem, – continuou Beda – tudo está consumado (Jo 19,30). Agora, segura-me a cabeça com tuas mãos, porque me dá muita alegria sentar-me voltado para o lugar santo, onde costumava rezar; assim também agora, sentado, quero invocar meu Pai”.

E colocado no chão de sua cela, cantou: “Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo”. Ao dizer o nome do Espírito Santo, exalou o último suspiro. Pela grande devoção com que se consagrou aos louvores de Deus na terra, bem devemos crer que partiu para a felicidade das alegrias do céu.

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