segunda-feira, 8 de março de 2021

SÃO JOÃO DE DEUS, RELIGIOSO

 Nasceu em Portugal no ano de 1495. Depois de uma vida cheia de perigos na carreira militar, o seu desejo de perfeição levou-o a entregar-se inteiramente ao serviço dos doentes. Fundou em Granada (Espanha) um hospital e associou à sua obra um grupo de companheiros que mais tarde constituíram a Ordem Hospitalar de São João de Deus. Distinguiu-se principalmente na caridade para com os pobres e os doentes. Morreu nesta mesma cidade, em 1550.

 

Segunda leitura

Das Cartas de São João de Deus, religioso

(Archiv. gen. Ord. Hospit., Quaderno: De las cartas...,
ffº 23v-24r:27rv; O. Marcos, Cartas y escritos de Nuestro Glorioso Padre San Juan de Dios, Madrid, 1935, pp. 18-19; 48-50)
(Séc. XVI)

 Cristo é fiel e tudo providencia
Se considerarmos atentamente a misericórdia de Deus, nunca deixaremos de fazer o bem de que formos capazes. Com efeito, se damos aos pobres, por amor de Deus, aquilo que ele próprio nos dá, promete-nos o cêntuplo na felicidade eterna. Que paga generosa, que lucro feliz! Quem não daria a este excelente mercador tudo o que possui, se ele cuida de nossos interesses e, com braços abertos, pede insistentemente que nos convertamos a ele, que choremos os nossos pecados, e tenhamos caridade para conosco e para com o próximo? Porque assim como a água apaga o fogo, caridade apaga o pecado.
Vêm aqui tantos pobres, que até eu me espanto como é possível sustentar a todos; mas Jesus Cristo tudo providencia e a todos alimenta. Vêm muitos pobres à casa de Deus, porque a cidade de Granada é grande e muito fria, sobretudo agora que estamos no inverno. Entre todos – doentes e sadios, gente de serviço e peregrinos – há aqui mais de cento e dez pessoas. Como esta casa é geral, recebe doentes de toda espécie e condição: aleijados, mancos, leprosos, mudos, loucos, paralíticos, ulcerosos, alguns já muito idosos e outros ainda muito crianças. E ainda inúmeros peregrinos e viajantes, que aqui chegam e encontram fogo, água, sal e vasilhas para cozinhar os alimentos. De tudo isto não se recebe pagamento algum; Cristo, porém, a tudo provê.
Por esse motivo, vivo endividado e prisioneiro por amor de Jesus Cristo. Vendo-me tão sobrecarregado de dívidas, já nem ouso sair de casa por causa dos débitos que me prendem. Mas vendo tantos pobres e tantos irmãos e próximos meus sofrer para além de suas forças e serem oprimidos por tantas aflições no corpo ou na alma, sinto profunda tristeza por não poder socorrê-los. Todavia, confio em Cristo, que conhece meu coração. Por isso digo: Maldito o homem que confia no homem (Jr 17,5), e não somente em Cristo; porque dos homens tu hás de ser separado, quer queiras ou não; mas Cristo é fiel e permanece para sempre. Cristo tudo providencia. A ele demos graças sem cessar. Amém.


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