terça-feira, 9 de março de 2021

SANTA FRANCISCA ROMANA, RELIGIOSA

 

Nasceu em Roma, no ano de 1384. Casou-se muito jovem e teve três filhos. Viveu numa época de grandes calamidades; ajudou com seus bens os pobres e dedicou-se ao serviço dos doentes. Foi admirável na sua atividade em favor dos indigentes e na prática das virtudes, especialmente na humildade e na paciência. Em 1425, fundou a Congregação das Oblatas, sob a regra de São Bento. Morreu em 1440.


Segunda leitura

Da Vida de Santa Francisca Romana, escrita por Maria Magdalena Anguillaria, superiora das Oblatas de Tor de’Specchi

(Cap. 6-7: Acta Sanctorum Martii 2, *188-*189)
(Séc. XV)

A paciência de Santa Francisca

Deus pôs à prova a paciência de Francisca não apenas nos bens exteriores de sua fortuna, mas quis experimentá-la em seu próprio corpo, por meio de graves e freqüentes doenças, com que foi atingida, como já se disse e se dirá em seguida. Mesmo assim, nunca se notou nela o menor gesto de impaciência ou qualquer atitude de desagrado pelo tratamento que, às vezes com certa falta de habilidade, lhe tinha sido ministrado.
Francisca mostrou sua coragem na morte prematura dos filhos, que amava com grande ternura. Aceitava a vontade divina com ânimo sempre tranqüilo, dando graças por tudo o que lhe acontecia. Com igual constância, suportou os caluniadores e as más línguas que criticavam seu modo de vida. Jamais demonstrou a menor aversão por estas pessoas que pensavam e falavam mal dela e do que lhe dizia respeito. Mas, pagando o mal com o bem, costumava rezar continuamente a Deus por elas.
Contudo, Deus não a escolheu para ser santa somente para si, mas para fazer reverter em proveito espiritual e corporal do próximo os dons que recebera da graça divina. Por isso, era dotada de grande amabilidade a ponto de que todo aquele que tivesse ocasião de tratar com ela, imediatamente se sentia cativado por sua bondade e estima, e se tornava dócil à sua vontade. Havia em suas palavras tanta eficácia de força divina, que com breves palavras levantava o ânimo dos aflitos e angustiados, sossegava os inquietos, acalmava os encolerizados, reconciliava os inimigos, extinguia ódios inveterados e rancores, e muitas vezes impediu a vingança premeditada. Com uma palavra, era capaz de refrear qualquer paixão humana e de conduzir as pessoas aonde queria.
Por isso, de toda parte recorriam a Francisca como a uma proteção segura, e ninguém saía de perto dela sem ser consolado; no entanto, com toda franqueza, repreendia também os pecados e censurava sem temor tudo o que era ofensivo e desagradável a Deus.
Grassavam em Roma várias epidemias, mortais e contagiosas. Desprezando o perigo do contágio, a santa não hesitava também nessas ocasiões em mostrar o seu coração cheio de misericórdia para com os infelizes e necessitados de auxílio alheio. Depois de encontrar os doentes, primeiro persuadia-os a unirem suas dores à paixão de Cristo; depois, socorria-os com uma assistência assídua, exortando-os a aceitarem de bom grado aquele sofrimento da mão de Deus e a suportá-los por amor daquele que em primeiro lugar tanto sofrera por eles.
Francisca não se limitava a tratar os doentes que podia agasalhar em sua casa, mas ia à sua procura em casebres e hospitais públicos onde se abrigavam. Quando os encontrava, saciava-lhes a sede, arrumava os leitos e tratava de suas feridas; e por pior que fosse o mau cheiro e maior a repugnância que lhe inspiravam, imensa era a dedicação e a caridade com que deles cuidava. Costumava também ir ao Campo Santo, levando alimentos e finas iguarias, para distribuir entre os mais necessitados; de volta para casa, recolhia e trazia roupas usadas e pobres trapos cheios de sujeira; lavava-os cuidadosamente e consertava-os; depois, como se fossem servir ao seu Senhor, dobrava-os com cuidado e guardava no meio de perfumes.
Durante trinta anos, Francisca prestou este serviço aos enfermos e nos hospitais; quando ainda morava em casa de seu marido, visitava com freqüência os hospitais de Santa Maria e de Santa Cecília, no Transtévere, o do Espírito Santo, em Sássia, e ainda outro no Campo Santo. Durante o período de contágio não era apenas difícil encontrar médicos que curassem os corpos, mas também sacerdotes para administrarem os remédios necessários às almas. Ela mesma ia procurá-los e levá-los àqueles que já estavam preparados para receber os sacramentos da penitência e da eucaristia. Para conseguir isto mais facilmente, sustentava à própria custa um sacerdote, que ia aos referidos hospitais visitar os doentes que ela lhe indicava.

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