Segunda leitura
Da Homilia de um Autor do século segundo
(Cap. 15,1-17,2: Funk 1,163-165)
Convertamo-nos a Deus que nos chamou
Penso não ter dado um conselho sem importância sobre a
temperança; se alguém o seguir, não se arrependerá e salvará a si mesmo e a mim
que dei o conselho. Não é pequena a recompensa de quem reconduzir à salvação o
que se extraviara e se perdera. Podemos retribuir a Deus, nosso criador, se
aquele que diz e o que escuta disser e escutar com fé e caridade.
Permaneçamos, pois, justos e santos em nossa fé e
oremos com confiança a Deus que afirmou: Ainda estarás a falar e te
responderei: Eis-me aqui (cf. Is 58,9). Esta palavra é sinal de grande
promessa; porque o Senhor se mostra mais pronto a dar do que o suplicante a
pedir. Participantes de tão grande benignidade, não invejemos um ao outro por
ter recebido bens tão excelentes. Estas palavras enchem de tanto gozo aos que
as realizam, quanto de reprovação aos rebeldes.
Irmãos, tendo assim uma boa ocasião de nos arrepender,
enquanto temos tempo e há quem nos receba, convertamo-nos para o Senhor que nos
chamou. Se renunciamos a nossas paixões desregradas, dominamos nossa alma.
Negando-lhe seus desejos maus, participaremos da misericórdia de Jesus. Sabei,
pois, já vem o dia do juízo qual fornalha ardente e parte dos
céus se desfará (cf. Ml 3,19) e toda a terra será liquefeita como chumbo ao
fogo. Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as
manifestas. Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o
jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois: a caridade cobre uma
multidão de pecados (1Pd 4,8). Contudo, a oração, feita de consciência
pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque
a esmola afasta o pecado.
Façamos, portanto, penitência de todo o coração, para
que nenhum de nós pereça. Se temos a obrigação de afastar os outros do culto
dos ídolos e instruí-los, quanto mais devemos nos empenhar na salvação de todas
as almas, que já gozam do verdadeiro conhecimento de Deus! Ajudemo-nos, então,
um ao outro, de modo a reconduzir ao bem mesmo os fracos; para salvarmo-nos
todos, não só cada um se converta, mas exortemo-nos mutuamente.
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