Segunda leitura
Da Homilia de um Autor do século segundo
(Cap. 13,2-14,5: Funk 1,159-163)
A Igreja viva é o corpo de Cristo
O Senhor declara: Meu nome é incessantemente objeto
de blasfêmia entre as nações (cf. Is 52,5), e outra vez: Ai daquele por
cuja causa meu nome é blasfemado (cf. Rm 2,24). Qual o motivo de ser
blasfemado? Porque não fazemos o que dizemos. Os homens ouvem de nossa boca as
palavras de Deus e ficam admirados por seu valor e grandeza; depois, vendo que
nossas obras em nada correspondem às palavras que dizemos, começam a blasfemar,
e a tachá-las de fábulas e de enganos.
Ouvem-nos afirmar que Deus disse: Não é nada de
extraordinário, se amais aqueles que vos amam; mas grande graça, se amais
vossos inimigos e aqueles que vos odeiam (cf. Mt 5,46); ouvindo isto,
espantam-se com bondade tão sublime: observando, porém, que não amamos os que
nos odeiam e nem mesmo aqueles que nos amam, zombam de nós e o nome é
blasfemado.
Por conseguinte, irmãos, cumprindo a vontade de Deus,
nosso Pai, faremos parte daquela primeira Igreja espiritual, criada antes do
sol e da lua. Se, ao contrário, não fizermos a vontade de Deus, seremos como
diz a Escritura: Minha casa tornou-se covil de ladrões (cf. 7,11; Mt
21,13). Que nossa preferência vá para a Igreja da vida, para sermos salvos.
Julgo que estais bem cientes de que a Igreja viva é
o corpo de Cristo (1Cor 12,27). Pois diz a Escritura: Deus fez o ser
humano varão e mulher (Gn 1,27; 5,2); o varão é o Cristo, a mulher a
Igreja. Também a Bíblia e os apóstolos afirmam que a Igreja, propriamente, não
é deste tempo, mas existe desde o princípio. Era espiritual, assim como nosso
Jesus, e apareceu nos últimos dias, a fim de que fôssemos salvos.
A Igreja, a espiritual, manifestou-se na carne de
Cristo, mostrando-nos que se alguém, estando na carne, a preserva e não a
arruína, recebê-la-á no Espírito Santo. Pois esta carne é tipo do espírito;
quem destrói o tipo não recebe o arquétipo. Por isto disse, irmãos: Guardai a
carne para serdes participantes do espírito. Se dizemos que a carne é a Igreja,
e Cristo, espírito, segue-se que quem deturpa a carne, deturpa a Igreja. Este
não será participante do espírito, que é Cristo. Esta carne é capaz de conter
imensa vida e incorruptibilidade, com o auxílio do Espírito Santo, e ninguém
pode descrever nem contar aquilo que o Senhor preparou para seus eleitos.
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