Segunda leitura
Da Carta aos Romanos, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir
(3,1-5,3: Funk 1,215-219)
(Séc. I)
Não seja eu cristão de nome, mas, de fato
A ninguém jamais seduzistes, mas ensinastes
a outros. Quanto a mim também quero que continue firme o que ensinais e
prescreveis. Pedi apenas para mim as forças interiores e exteriores, a fim de
que não só fale, mas o queira; para que não só seja chamado de cristão, mas
reconhecido como tal. Se me reconhecerem, então serei chamado cristão e minha
fé será manifesta, quando não mais aparecer aos olhos do mundo. Nada do que é
aparente é bom. Pois o nosso Deus, Jesus Cristo, ele mesmo, de novo vivo no
Pai, agora se manifesta sempre mais. O cristianismo não é resultado de
persuasão, mas de grandeza, quando é objeto de ódio para o mundo.
Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas
elas faço saber que com alegria morro por Deus, contanto que vós não mo
impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência intempestiva.
Deixai-me ser alimento das feras, porque, através delas, pode-se alcançar a
Deus. Sou trigo de Deus: que seja eu triturado pelos dentes das feras para
tornar-me puro pão de Cristo!
Instigai, ao contrário, os animais para
que neles encontre o meu sepulcro e nada reste de meu corpo para não ser pesado
a ninguém, depois de adormecer. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo,
quando o mundo não mais vir sequer o meu corpo. Suplicai a Deus por mim, que
por este meio me torne uma hóstia para Deus. Não vos dou ordens como Pedro e
Paulo. Eles são apóstolos, eu, um condenado; eles, livres, eu, escravo até
agora. Mas se eu sofrer, serei um liberto de Jesus Cristo e nele ressurgirei
livre. Agora algemado, aprendo a nada cobiçar. Desde a Síria até Roma venho
lutando, com as feras, de dia e de noite, por terra e mar, amarrado a dez
leopardos, isto é, ao grupo de soldados. Eles, ao receberem benefício tornam-se
ainda piores. Aprendo mais com suas injúrias, mas só por isso não sou
justificado.
Quem me dera alegrar-me com as feras preparadas para mim!
Desejo-as bem velozes. Afagá-las-ei para que me devorem depressa. Não aconteça
comigo como a alguns nos quais nem sequer, medrosas, tocaram. Se elas
resistirem e não quiserem, eu as obrigarei à força. Perdoai-me! Eu sei o que me
convém. Agora começo a ser discípulo. Que nada, tanto das coisas visíveis
quanto das invisíveis, segure o meu espírito, a fim de que eu possa alcançar a
Jesus Cristo. Que o fogo, a cruz, um bando de feras, os dilaceramentos, os
cortes, a deslocação dos ossos, o esquartejamento, as feridas pelo corpo todo,
os duros tormentos do diabo venham sobre mim para que eu ganhe unicamente a
Jesus Cristo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário