Sexta-feira da 4ª semana da Quaresma
Segunda leitura
Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo
(Ep. 5,1-2:PG26,1379-1380)
(Séc.IV)
O mistério pascal reúne na unidade da fé os que se encontram
fisicamente afastados
É muito belo, meus irmãos, passar de uma para outra festa, de
uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade.
Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa
Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. Do seu alimento nos sustentamos
como de um manjar de vida, e a nossa alma se delicia com o Sangue
precioso de Cristo como numa fonte. E, contudo, temos sempre sede desse
Sangue, sempre o desejamos ardentemente. Mas o nosso Salvador está
perto daqueles que têm sede, e na sua bondade convida todos os corações
sedentos para o grande dia da festa, dizendo: Se alguém tem sede,
venha a mim, e beba (Jo 7,37).
Sempre que nos aproximamos dele para beber, ele nos mata a
sede; e sempre que pedimos, podemos nos aproximar dele. A graça própria
desta celebração festiva não se limita apenas a um determinado momento;
nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos
para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua
influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam dia e
noite sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o
salmo proclama feliz, quando afirma: Feliz aquele homem que não
anda conforme o conselho dos perversos; que não entra no caminho dos
malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu
prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar (Sl
1,1-2).
Por outro lado, amados irmãos, o Deus que desde o princípio
instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada
ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho,
pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem
igual no decurso do ano. Esta festa nos sustenta no meio das aflições
que encontramos neste mundo. Por ela Deus nos concede a alegria da
salvação e nos faz amigos uns dos outros. E nos conduz a uma única
assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar,
concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como se
deve fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade:
congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os
que, porventura, se encontram fisicamente afastados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário