terça-feira, 23 de novembro de 2021

SÃO COLUMBANO, ABADE

 Nasceu na Irlanda na primeira metade do século VI, e estudou ciências sagradas e humanas. Tendo abraçado a vida monástica, partiu para a França, onde fundou muitos mosteiros que governou com austera disciplina. Obrigado a exilar-se, foi para a Itália, onde fundou o mosteiro de Bobbio. Depois de ter exercido tão intensa atividade para promover a vida cristã e religiosa do seu tempo, morreu no ano 615.

________________________________ 

Segunda leitura

Das Instruções de São Columbano, abade

(Instr. 11,1-2: Opera, Dublin 1957,106-107)
(Séc.VII)

A grande dignidade do homem está
na semelhança com Deus, se bem guardada

Moisés escreveu na lei: Deus fez o homem à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27.26). Considerai, peço-vos, a dignidade destas palavras! O Deus onipotente, invisível, incompreensível, inefável, insuperável, ao formar do barro o homem, enobreceu-o com a beleza de sua imagem. Que é o homem comparado a Deus? E a terra comparada ao espírito? Pois Deus é espírito (Jo 4,24). Grande condescendência: Deus concedeu ao homem a imagem de sua eternidade e a semelhança de seu agir. Grande dignidade: a semelhança de Deus, se bem guardada.
Por conseguinte, se usar corretamente das virtudes infundidas na alma, então será semelhante a Deus. Todas as virtudes que Deus, na primeira criação, semeou em nós, ensinou-nos a fazê-las, por nossa vez, voltar para ele através dos mandamentos. O primeiro destes é: Amarás de todo o coração a nosso Senhor, porque ele nos amou primeiro, desde o início, antes que existíssemos. O amor de Deus é a renovação da imagem. Ama a Deus quem guarda seus mandamentos; assim disse: Se me amais, guardai meus mandamentos (Jo 14,15). É seu mandamento, o mútuo amor: Meu mandamento é que vos ameis uns aos outros, como também eu vos amei (Jo 15,12).
O verdadeiro amor, porém, não está na palavra, mas no gesto e na verdade (1Jo 3,18). Restituamos, portanto, a nosso Deus, a nosso Pai, sua imagem inviolada na santidade, porque ele é santo: Sede santos, porque eu sou santo (Lv 11,44); na caridade, pois ele é caridade, segundo João: Deus é caridade (1Jo 4,18); na piedade e na verdade, porque ele é pio e veraz. Não sejamos pintores de imagem alheia; é pintor de imagem roubada quem é feroz, quem é colérico, quem é soberbo.
Não aconteça introduzirmos em nós imagens roubadas, pinte em nós Cristo sua imagem, ao dizer: Eu vos dou a minha paz, deixo-vos a minha paz (Jo 14,27). Mas, que nos adianta saber que a paz é boa, se não a conservamos bem? O ótimo costuma ser fragilíssimo e as coisas preciosas exigem maior cautela e guarda mais solícita; muitíssimo frágil é aquilo que se perde com a menor palavra e se desfaz com a menor ofensa ao irmão. Nada mais agradável para o homem do que proferir a todo momento palavras ociosas e falar mal dos ausentes. Por isto quem não pode dizer: O Senhor deu-me uma língua erudita para poder sustentar com a palavra o abatido (Is 50,4), cale-se e se disser algo, que seja de paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário