sexta-feira, 23 de abril de 2021

SÃO JORGE, MÁRTIR

 Já no século IV era venerado em Dióspolis, na Palestina, onde foi construída uma igreja em sua honra. Seu culto propagou-se pelo Oriente e Ocidente desde a Antiguidade.

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Segunda leitura

Dos Sermões de São Pedro Damião, bispo

(Sermo 3, De sancto Georgio: PL 144,567-571)
(Séc. XI)

Invencivelmente protegido pelo estandarte da cruz
A festa de hoje, caríssimos irmãos, renova a alegria pascal e, como pedra preciosa, faz brilhar com a beleza do próprio esplendor o ouro em que se engasta.
Jorge foi transferido de uma milícia para outra, porque deixou o cargo de oficial de um exército terreno para se dedicar à milícia cristã. Nesta, como valente soldado, começou por libertar-se dos bens terrenos, distribuindo-os aos pobres; assim, livre e desembaraçado, revestido com a couraça da fé, lançou-se na linha de frente do combate como valoroso guerreiro de Cristo.
Isto nos ensina claramente que não podem lutar com força e eficácia, em defesa da fé, aqueles que ainda têm medo de se despojar dos bens da terra.
Inflamado pelo fogo do Espírito Santo e invencivelmente protegido pelo estandarte da cruz, São Jorge combateu de tal modo contra o rei iníquo que, vencendo este enviado de Satanás, derrotou o chefe de toda iniqüidade e estimulou os soldados de Cristo a lutarem com valentia.
Assistia ao combate o supremo e invisível Árbitro que, segundo os planos da sua providência, permitiu que os ímpios o atormentassem. De fato, entregou o corpo de seu mártir às mãos dos carrascos, mas guardou a sua alma com proteção constante no baluarte inexpugnável da fé.
Caríssimos irmãos, não nos limitemos a admirar este combatente do exército celeste, mas imitemo-lo também. Eleve-se o nosso espírito para o prêmio da glória celeste, contemplemo-lo com os olhos do coração. Assim não nos abalaremos nem pelo sorriso enganador do mundo nem pelas ameaças do seu ódio perseguidor.
Purifiquemo-nos de toda mancha na carne e no espírito, como nos manda São Paulo, para merecermos um dia entrar naquele templo da bem-aventurança, que por ora apenas entrevemos com o olhar do espírito.
Todo aquele que quer se oferecer a Deus em sacrifício no templo de Cristo, que é a Igreja, depois de lavar-se no banho sagrado do batismo, tem ainda que se revestir com as vestes das várias virtudes, conforme está escrito: Que os vossos sacerdotes se vistam de justiça (Sl 131,9). Quem pelo batismo renasce como homem novo em Cristo, não se vestirá com a mortalha do homem velho, e sim com a veste do homem novo, vivendo sempre renovado numa vida pura.
Só assim, purificados da imundície da nossa antiga condição pecadora e brilhando pelo fulgor de uma vida nova, seremos dignos de celebrar o mistério pascal e imitarmos verdadeiramente o exemplo dos santos mártires.

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