5º dia da Oitava do Natal
29 de dezembro
Primeira leitura
Início da Carta de São Paulo aos Colossenses 1,1-14
Segunda leitura
Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 1 in
Epiphania Domini, 1-2:
PL 133, 141-143)
(Séc. XII)
Na plenitude dos tempos, veio a nós a plenitude da divindade
Apareceu a bondade e a humanidade de Deus, nosso Salvador (cf. Tt 3,4). Demos graças a Deus que nos dá tão abundante consolação neste exílio, nesta peregrinação, nesta vida tão miserável.
Antes de aparecer a sua humanidade, a sua bondade também se encontrava oculta;
e, no entanto, esta já existia, porque a misericórdia do Senhor é eterna. Mas
como poderíamos conhecer tão grande misericórdia? Estava prometida, mas não era
experimentada e por isso muitos não acreditavam nela. Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou por meio dos profetas
(cf. Hb 1,1). E dizia: Eu tenho
pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). E o que respondia o
homem, que experimentava a aflição e desconhecia a paz? Até quando direis paz, paz e não há paz? Por esse motivo, os mensageiros da paz choravam amargamente
(cf. Is 33,7), dizendo: Senhor, quem
acreditou no que ouvimos? (cf. Is 53,1). Agora, porém, os homens podem
acreditar ao menos no que vêem com seus olhos, pois os testemunhos de Deus são verdadeiros (cf. Sl 92,5); e para se
tornar visível, mesmo àqueles que têm a vista enfraquecida, armou uma tenda para o sol (Sl 18,6).
Agora, portanto, não se trata de uma paz prometida, mas enviada; não adiada,
mas concedida; não profetizada, mas presente. Deus Pai a enviou à terra, por
assim dizer, como um saco pleno de sua misericórdia. Um saco que devia
romper-se na paixão para derramar o preço de nosso resgate nele escondido; um
saco, sim, que embora pequeno estava repleto. Pois, um menino nos foi dado (cf. Is 9,5), mas nele habita toda a plenitude da divindade (Cl 2,9). Quando chegou a
plenitude dos tempos, veio também a plenitude da divindade.
Veio na carne para se revelar aos que eram de carne, de modo que, ao aparecer
sua humanidade, sua bondade fosse reconhecida. Com efeito, depois que Deus
manifestou sua humanidade, sua bondade já não podia ficar oculta. Como poderia
expressar melhor sua bondade senão assumindo minha carne? Foi precisamente a
minha carne que ele assumiu, e não a de Adão, tal como era antes do pecado.
Poderá haver prova mais eloqüente de sua misericórdia do que assumir nossa
miséria? Poderá haver maior prova de amor do que o Verbo de Deus se tornar como
a erva do campo por nossa causa? Senhor,
que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?
(Sl 8,5). Por isso, compreenda o homem até que ponto Deus cuida dele; reconheça
bem o que Deus pensa e sente a seu respeito. Não perguntes, ó homem, por que
sofres, mas por que ele sofreu por ti. Vendo tudo o que fez em teu favor,
considera o quanto ele te estima, e assim compreenderás a sua bondade através
da sua humanidade. Quanto menor se tornou em sua humanidade, tanto maior se
revelou em sua bondade; quanto mais se humilhou por mim, tanto mais digno é
agora do meu amor. Diz o Apóstolo: Apareceu
a bondade e a humanidade de Deus, nosso Salvador. Na verdade, como é grande
e manifesta a bondade de Deus! E dá-nos uma grande prova de bondade Aquele que
quis associar à humanidade o nome de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário