segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Segunda-feira da 21ª semana do Tempo Comum

 

Segunda leitura


Do Comentário sobre o Evangelho de João, de Santo Tomás de Aquino, presbítero

 

(Cap. 10, lect. 3)

(Séc. XIII)


O resto de Israel encontrará pastagens e repouso

 

Eu sou o bom Pastor (Jo 10,11). Que Cristo seja pastor, isto claramente lhe compete. Pois pelo pastor é conduzido e alimentado o rebanho, e os fiéis, por Cristo, são refeitos pelo alimento espiritual e ainda por seu corpo e sangue. Éreis outrora, diz o Apóstolo, como ovelhas sem pastor; mas agora vos voltastes para o pastor e guarda de vossas vidas (1Pd 2,25). E o Profeta: Como pastor apascentará o seu rebanho (Is 40,11).

Cristo disse que o pastor entra pela porta e que ele é a porta. Aqui diz ser ele o pastor; é preciso então que ele entre por si mesmo. Entra, na verdade, por si mesmo porque se manifesta a si e por si mesmo conhece o Pai. Nós, porém, entramos por ele, porque por ele somos cumulados de beatitude.

Contudo, atenta em que nenhum outro, exceto ele, é porta, porque nenhum outro é luz verdadeira, mas apenas por participação: Não era a luz, isto é, João Batista, mas veio para dar testemunho da luz (Jo 1,8). De Cristo, porém, diz: Era a luz verdadeira que ilumina a todo homem (Jo 1,9). Por este motivo ninguém diz ser porta; é propriedade exclusiva de Cristo. Quanto a ser pastor, comunicou-o a outros e deu a seus membros; Pedro é pastor, os outros apóstolos foram pastores e todos os bons bispos também. Dar-vos-ei, diz a Escritura, pastores segundo meu coração (Jr 3,15). Os prelados da Igreja, que são filhos, são todos pastores; no entanto diz no singular: eu sou o bom Pastor, para seguir a virtude da caridade. Ninguém é bom pastor, se não se tornar pela caridade um só com Cristo e membro do verdadeiro pastor.

O múnus do bom pastor é a caridade, por isso diz: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,11). É de notar-se a diferença entre o bom pastor e o mau; o bom pastor preocupa-se com o bem do rebanho; o mau com o próprio.

Em relação aos pastores terrenos, não se exige do bom pastor que se exponha à morte para defender o rebanho. Mas já que a salvação espiritual da grei tem mais importância que a vida corporal do pastor, cada pastor espiritual deve aceitar a perda de sua vida pela salvação do rebanho. É isto que o Senhor diz: O bom pastor dá a vida, a vida corporal, por suas ovelhas, pela autoridade e pela caridade. Ambas são exigidas: que lhe pertençam e que as ame; porque a primeira sem a segunda não basta.

Desta doutrina, Cristo nos deu o exemplo: Se Cristo entregou a vida por nós, também nós temos de entregar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16).

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