Timóteo e Tito, discípulos e
colaboradores do apóstolo Paulo,
governaram as Igrejas de Éfeso e de Creta, respectivamente. A eles é
que foram dirigidas as Cartas chamadas “pastorais”, em que se encontram
excelentes recomendações para a formação dos pastores e dos fiéis.
Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo
(Hom.
2
de
laudibus
sancti Pauli: PG 50, 480-484)
(Séc.
IV)
Combati o bom
combate
Na
estreiteza do cárcere, Paulo parecia habitar no céu. Recebia os açoites
e
feridas com mais alegria do que outros que recebem coroas de triunfo; e
não
apreciava menos as dores do que os prêmios, porque considerava estas
mesmas
dores como prêmios que desejava, e até as chamava de graças. Considerai
com
atenção o significado disto: prêmio, para ele, era partir, para
estar com
Cristo (cf. Fl 1,23), ao passo que viver na carne significava o
combate.
Mas, por causa de Cristo, sobrepunha ao desejo do prêmio a vontade de
prosseguir o combate, pois considerava ser isto mais necessário.
Estar
longe de Cristo representava para ele o combate e o sofrimento, mais
ainda, o
máximo combate e a mais intensa dor. Pelo contrário, estar com Cristo
era um
prêmio único. Paulo, porém, por amor de Cristo, prefere o combate ao
prêmio.Talvez
algum de vós afirme: Mas ele sempre dizia que tudo lhe era suave
por amor de
Cristo! Isso também eu afirmo, pois as coisas que são para nós
causa de
tristeza eram para ele enorme prazer. E por que me refiro aos perigos e
tribulações que sofreu? Na verdade, seu profundo desgosto o levava a
dizer: Quem
é fraco, que eu também não seja fraco com ele? Quem é escandalizado,
que eu não
fique ardendo de indignação? (2Cor 11,29).
Rogo-vos,
pois, que não vos limiteis a admirar este tão ilustre exemplo de
virtude, mas,
imitai-o. Só assim poderemos ser participantes da sua glória. E se
algum de vós se admira por eu dizer que quem imita os méritos de Paulo
participará da sua recompensa, ouça o que ele mesmo afirma: Combati
o bom
combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para
mim a
coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não
somente
a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação
gloriosa
(2Tm 4,7-8).
Por
conseguinte, já que é oferecida a todos a mesma coroa de glória,
esforcemo-nos
todos por ser dignos dos bens prometidos. Não
devemos considerar em Paulo apenas a grandeza e a excelência das
virtudes, a
prontidão de espírito e o propósito firme, pelos quais mereceu tão
grande
graça; mas pensemos também que a sua natureza era em tudo igual à
nossa; e
assim, também a nós, as coisas que são muito difíceis parecerão fáceis
e leves.
Suportando-as valorosamente neste breve espaço de tempo em que vivemos,
ganharemos aquela coroa incorruptível e imortal, pela graça e
misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo. A ele a glória e o poder, agora e sempre,
pelos
séculos dos séculos. Amém.
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